MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Manchetes da semana - 04 a 10-01-2025

Pescadores do Norte recebem auxílio extraordinário

Os pescadores de municípios da região norte afetados pela seca ou estiagem receberam o pagamento de auxílio extraordinário esta semana. Cerca de 195 mil pescadores profissionais artesanais foram beneficiados com a parcela única de de R$ 2.824,00. O Auxílio Extraordinário Pescador foi instituído pela Medida Provisória n.º 1.277, de novembro de 2024, para atender à comunidade pesqueira que recebe o Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal e que mora em municípios do Amapá, Amazonas e Pará, em situação de emergência decorrente de seca ou estiagem oficialmente reconhecida pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Os contemplados tiveram o Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal (Seguro-Defeso) concedido até 29 de novembro de 2024, e são pescadores que não foram amparados pela medida provisória anterior, nº 1.263, editada em outubro de 2024.

Quantidade de lixo retirado do Tietê equivale à distância de SP ao Uruguai

Imagine um enorme engarrafamento de caminhões cheios de lixo, formando uma fila de mais de 1.600 quilômetros. É exatamente isso que o programa IntegraTietê conseguiu fazer ao retirar 2,3 milhões de metros cúbicos de sedimentos do rio Tietê e seus afluentes. O volume equivale a 164.285 caminhões cheios, que enfileirados ocupariam uma distância equivalente ao trajeto entre São Paulo e o Uruguai. Nos últimos dois anos, o programa recebeu um investimento de R$ 434 milhões. O trabalho de desassoreamento remove sujeira, sedimentos e outros materiais acumulados no fundo dos rios, melhorando suas condições ambientais. Além disso, a ação aumenta a capacidade de absorção das chuvas, ajudando a mitigar os impactos das enchentes.

Botton azul identifica as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51 e amarelo os animais vacinados com a vacina B19
Botton azul identifica as fêmeas vacinadas com a vacina
RB 51 e amarelo os animais vacinados com a vacina B19

Campanha de vacinação contra brucelose em SP vai até dia 30 de junho

A Campanha de Vacinação contra a Brucelose já está em vigor em todo o estado de São Paulo, informa a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). A ação passa a vigorar durante todo o ano e, no primeiro semestre, as bovinas e bubalinas de três a oito meses devem ser vacinadas até dia 30 de junho. A informação foi oficializada após a publicação da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34. De acordo com a CDA, por se tratar de uma vacina viva, passível de infecção para quem a manipula, a aplicação deve ser feita por um médico-veterinário cadastrado que, além de garantir a correta utilização do imunizante, fornece o atestado de vacinação ao produtor. A relação dos médicos-veterinários cadastrados na Defesa Agropecuária para realizar a vacinação em diversos municípios do estado de São Paulo está disponível CLICANDO AQUI. Diferente das campanhas anteriores, a declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. O modelo alternativo de identificação – o primeiro do país aprovado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) – de vacinação contra a Brucelose trata-se de uma alternativa não obrigatória à marcação a fogo que além do bem-estar animal, estimula a produtividade e a qualidade do manejo, além de aumentar a segurança do produtor e do veterinário responsável pela aplicação do imunizante. Assim, ficou estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. O uso do botton só é válido dentro do estado de São Paulo, não sendo permitido o trânsito de animais identificados de forma alternativa para demais estados da federação.

Venda de milho à agricultura familiar cresce 70% em 2024

As vendas de milho para pequenos criadores, por meio do Programa de Venda em Balcão (ProVB), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), alcançaram 111,9 mil de toneladas em 2024, o que corresponde a um aumento de 70% em comparação com o ano anterior (65,9 mil toneladas). Foi o melhor resultado dos últimos quatro anos. O crescimento nas vendas se deu principalmente pelo aumento no número de clientes do programa. Em 2024, foram atendidos pelo ProVB 11.886 criadores, um aumento de aproximadamente 50% em relação ao ano anterior. O ProVB fornece alimentação animal para pequenos criadores da agricultura familiar inseridos nas cadeias de produção de carnes, leite e ovos.

Mais mercados são abertos para as exportações do agro brasileiro

O governo do Vietnã aprovou o Certificado Sanitário Internacional proposto pelo Brasil para a exportação de peles salgadas de bovinos. A medida permitirá ao Brasil atender à crescente demanda da indústria de couro vietnamita, que utiliza o material na produção de calçados, móveis e acessórios. O Vietnã é o quinto maior destino das exportações do agronegócio brasileiro, tendo importado mais de US$ 3,51 bilhões em produtos agropecuários entre janeiro e novembro de 2024. As autoridades sanitárias do Peru autorizaram o Brasil a exportar proteína hidrolisada de aves. Esse é um insumo usado na produção de ração animal, com alto valor nutricional. Na Turquia, as autoridades sanitárias locais autorizaram o Brasil a exportar mucopolissacarídeo, um composto de origem animal com diversos usos na indústria farmacêutica. Em 2023, o Brasil exportou US$ 2,4 bilhões em produtos agrícolas para o mercado turco, com destaque para o complexo da soja, produtos têxteis e café. O México renovou o benefício tributário que elimina as tarifas de impostos sobre itens essenciais da cesta básica, como carnes, leite, arroz e feijão, produtos nos quais o Brasil tem forte participação como exportador no mercado mexicano. O pacote incentiva a oferta por meio da importação de produtos estratégicos, como carne de frango e carne suína. As aberturas de mercado têm sido importantes para agregar novos destinos e diversificar a pauta de exportações do agronegócio brasileiro. Em 2024, o Brasil conseguiu avançar nessa estratégia. O país encerrou 2024 reafirmando sua posição de destaque no agronegócio global. Desde o início de 2023, o país acumula 286 mercados abertos em 62 nações, abrangendo os cinco continentes, diversificando tanto os produtos e quantos os destinos. Para 2025, a promessa do governo é a de reforçar a promoção comercial do setor.

Segundo maior sindicato agrícola da França convocou produtores para bloquear Paris na última segunda-feira (6/1) — Foto: E. Cegarra/SIPA/Portal 20 minutes
Segundo maior sindicato agrícola da França convocou produtores para bloquear
Paris na última segunda-feira (6/1) — Foto: E. Cegarra/SIPA/Portal 20 minutes

Agricultores preparam novo protesto contra governo francês

Após uma mobilização no interior da França no domingo (5/1), agricultores de diferentes regiões francesas ligados à Coordenação Rural (CR) da França, o segundo maior sindicato agrícola do país, se dirigiram a Paris a fim de demonstrar insatisfação com as ações do governo para a agropecuária. O objetivo era bloquear a capital francesa para manifestar o descontentamento com o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, mas foram impedidos de entrar em Paris pelas forças de segurança. A tentativa de manifestação ocorre na véspera do lançamento oficial da campanha para as eleições das câmaras de agricultura, que começou na última terça-feira (7/1). A entidade quer garantias do primeiro-ministro François Bayrou para a defesa de uma agricultura “focada na proteção dos pequenos produtores, que o sindicato considera prejudicados pelo livre-comércio”. O sindicato aguarda dois compromissos: eliminar a sobrerregulamentação das regras de comércio da União Europeia na França e implementar controle sobre as importações de produtos agrícolas, impedindo a concretização do acordo com o Mercosul que, segundo o governo, partidos e sindicatos franceses, abre as portas da União Europeia a produtos que não atendem às normas europeias de saúde e meio ambiente, colocando os agricultores e produtores europeus em uma situação de concorrência desleal. O primeiro-ministro francês possui uma agenda com os quatro maiores sindicatos agrícolas da França no dia 13 de janeiro, data que a CR considera “tarde demais” e por isso convocou as manifestações. O movimento dos agricultores retoma força. O pleito está programado para acontecer entre 15 a 31 de janeiro, determinando novas relações de força entre os sindicatos agrícolas, entre os quais a FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas) é o de maior participação, segundo os resultados das últimas eleições, em 2019.

Exportações brasileiras de ovos caem 37,9% em receita em 2024

As exportações brasileiras de ovos (entre in natura e processados) totalizaram 18.469 toneladas no acumulado de 2024, uma queda de 27,3% em relação a 2023, apontam dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A receita das exportações totalizou US$ 39,2 milhões, uma redução de 37,9% em relação aos US$ 63,2 milhões de 2023. No mês de dezembro, no entanto, as exportações registraram uma forte alta de 116,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, alcançando 2,054 toneladas. A receita, por sua vez, teve alta de 72,2% no mês, alcançando US$ 4,3 milhões.

No combate ao greening, Paraná erradicou mais de 200 mil plantas no noroeste

Em nova etapa de combate à mais grave das doenças dos citros, a força-tarefa contra o greening, “Big Citros Umuarama”, inspecionou aproximadamente 180 propriedades e erradicou mais de 200 mil plantas infectadas no noroeste do Paraná, principal região produtora do Estado. A operação foi realizada em novembro de 2024 e contou com 30 servidores da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), abrangendo os municípios de Altônia, Cruzeiro do Oeste, Maria Helena, Iporã, São Jorge do Patrocínio, Perobal, Cafezal do Sul e Umuarama. A força-tarefa atuou em duas frentes: o cadastro de novas áreas de produção e a investigação de denúncias de plantas cítricas doentes. A força-tarefa fomentou o trabalho de conscientização, fiscalização e reforço nas medidas de prevenção e controle do greening na região. A operação resultou na erradicação de cerca de 220 mil plantas cítricas infectadas em 22 propriedades, com o apoio de equipes do setor produtivo de acordo com dados do Departamento de Sanidade Vegetal (DESV) da Adapar.

A diferença da carne de Wagyu natural para a processada no sistema Dry Aged
A diferença da carne de Wagyu natural para a processada no sistema Dry Aged

Carne mais cara do mundo, Dry Aged de Wagyu, custa US$ 3.200

A carne Wagyu é reconhecida mundialmente por sua qualidade excepcional, principalmente devido à sua textura marmorizada e sabor distinto. Este tipo de carne provém de raças bovinas originária do Japão – a palavra “Wagyu” é uma combinação dos termos japoneses “Wa” (que significa japonês) e “gyu” (que significa boi ou gado), que são resultado de cuidados genéticos e métodos de criação meticulosos, quando comparado a outras raças na pecuária de corte. Já o termo Dry Aged, refere-se a um processo de maturação a seco que intensifica o sabor e a maciez da carne. Imagine juntar isso com a melhor carne do mundo originando a carne mais cara do mundo, Dry Aged de Wagyu. O processo Dry Aged não apenas intensifica o sabor da carne, mas também melhora significativamente sua textura, pois a exposição ao ar permite que enzimas naturais atuem sobre as fibras musculares, amaciando a carne. A recompensa – e a razão pela qual os agricultores, os restaurantes e, em última análise, os clientes estão dispostos a gastar qualquer quantia que seja necessária – depende do gosto. A carne de Wagyu é cara devido à textura e ao sabor únicos, resultantes de uma combinação de fatores genéticos, alimentação, métodos de criação e processamento. A raça teve origem no Japão, onde foi desenvolvida há centenas de anos para trabalho no campo. A gordura é uma fonte importante de sabor e contribui para a textura suave da carne. O preço médio de US$ 3.200 por uma peça Dry Aged de Wagyu reflete não apenas a qualidade superior do produto, mas também a exclusividade e a raridade desse tipo de carne no mercado. Essa combinação de fatores justifica o alto custo e a reputação de ser a carne mais cara do mundo.

Universidade Federal de Viçosa registra nova cultivar de trigo

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) acaba de obter, no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o registro de sua segunda cultivar de trigo. A variedade, chamada de UFVT N2401, foi selecionada a partir de dados de 14 ambientes de Minas Gerais. Ela é recomendada para o cultivo em regiões tropicais para o sistema de produção irrigado e se destaca pela precocidade, elevado rendimento de grãos e qualidade de farinha para a indústria de panificação. A semeadura deve ocorrer entre os meses de abril e maio. A demanda é para cultivares de ciclo curto, uma vez que há um intensivo sistema de produção em área de irrigação sob pivô central. O desenvolvimento da cultivar foi realizado no Programa Trigo UFV, vinculado ao Departamento de Agronomia. Esta segunda variedade foi desenvolvida praticamente 20 anos depois da primeira, em 2005 e, agora, já há outras linhagens em fase final de avaliação. Ao desenvolver novas variedades, os pesquisadores buscam otimizar as gerações de melhoramento com o emprego de ferramentas de fenotipagem de alto rendimento e genotipagem via marcadores moleculares.

França registra novos surtos de gripe aviária e perde status de livre da doença

O Ministério da Agricultura da França informou nesta semana a detecção de dois novos casos de gripe aviária de alta patogenicidade no país nos últimos dias. Com isso, os franceses perderam o status de livres da doença declarado há apenas duas semanas. Os novos surtos foram identificados nos dias 27 e 28 de dezembro, em duas fazendas na região da Normandia, nos departamentos de Eure e Calvados. Segundo relatório apresentado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a doença foi detectada em 663 aves domésticas, das quais 154 morreram. Como medida de controle, foram mortos e eliminados 25.359 animais. Em nota, o ministério francês disse que a detecção serve como “embrete da importância de respeitar todas as medidas de biossegurança”. A França permanece no nível de risco “elevado” de gripe aviária de alta patogenicidade, principalmente em relação às possibilidades de infecções associadas à migração de aves. O governo francês disse que as medidas previstas em caso de novo surto foram iniciadas, dentro e em redor das duas explorações infectadas, imediatamente após a detecção. O Ministério da Agricultura francês salientou, em nota, que o consumo de carne, foie gras e ovos – e de forma mais geral qualquer produto alimentar à base de carne de aves – não apresenta qualquer risco para a saúde humana.

A irrigação por gotejamento permite fornecer água diretamente às raízes das plantas, reduzindo o desperdício e maximizando o aproveitamento dos recursos hídricos
A irrigação por gotejamento permite fornecer água diretamente às raízes das
plantas, reduzindo o desperdício e maximizando o aproveitamento dos recursos hídricos

Agricultura familiar em Minas vai ganhar 13 mil kits de irrigação

A agricultura familiar de Minas Gerais vai receber 13 mil kits de irrigação, por meio de investimento de R$ 15 milhões do governo estadual. Além do aporte, mais R$ 10,9 milhões serão usados para adquirir novos equipamentos do tipo, para serem entregues em 2026, totalizando, 20 mil kits e R$ 25,9 milhões. Os primeiros kits serão entregues durante esse ano para os agricultores familiares. Os produtores familiares que vivem no semiárido do estado receberão os equipamentos primeiro. Os equipamentos oferecem vantagens na produção de hortaliças e frutíferas, por meio da irrigação por gotejamento, que funciona a partir de uma caixa d’água de mil litros. Além dos kits, 25 drones foram adquiridos para o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), sob o aporte de R$ 600 mil para monitorar doenças que impactam agropecuária em Minas.

Exportações do agro mineiro superam segmento da mineração

Pela primeira vez, o valor alcançado pelas exportações do agronegócio mineiro ultrapassou o setor da mineração, que passou a ocupar o primeiro lugar no ranking dos setores que mais exportam em Minas Gerais. No período de janeiro a novembro de 2024, as vendas externas do agro mineiro somaram US$ 15,7 bilhões, superando em 3% o valor alcançado pela mineração, que alcançou US$ 14,5 bilhões. No acumulado do ano até novembro, o agro representou 40,7% do valor total das vendas externas do estado. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o setor registrou acréscimo de 19% na receita e 9% no volume enviado ao exterior, alcançando 16 milhões de toneladas. A mineração respondeu por 37,7% das exportações totais, com 14,5 milhões de toneladas embarcadas. A cifra alcançada já superou – mesmo sem contabilizar o mês de dezembro – o último recorde anual registrado no ano de 2022, quando a receita havia alcançado US$ 15,3 bilhões. A média mensal em mais de 1,4 bilhão vem garantindo essas marcas jamais contabilizadas. Além disso, a taxa de câmbio nominal mais alta observada nos últimos meses vem favorecendo o desempenho das atividades exportadoras.

Lançado novo plano de salvaguarda do Queijo Minas Artesanal

Em celebração ao título de Patrimônio Cultural e Imaterial concedido pela Unesco, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais (Iphan) lançou no mês passado o novo Plano de Salvaguarda dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal. O encontro, que contou com o apoio do Sebrae Minas, foi no Museu de Artes e Ofícios, na capital mineira, e discutiu diretrizes sobre a proteção e valorização dos processos de produzir a iguaria, assegurando a sustentabilidade dessa prática cultural, abordando assuntos inerentes à tradição secular da produção do Queijo Minas Artesanal, iniciativa fundamental para a proteção das práticas culturais, por meio de estratégias que promovam a participação ativa das comunidades envolvidas. O plano define ações para estimular a geração de renda para os produtores de queijo, promovendo a rentabilidade e preservando os modos tradicionais de produção. Entre as ações, destacam-se a criação de um grupo de trabalho para diagnóstico das políticas, legislações e ações relativas à produção do QMA, a capacitação de agentes públicos locais e dos profissionais da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e a criação de um calendário de reuniões presenciais nos municípios produtores da iguaria.

João Pedro Stédile, um dos fundadores e principais líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
João Pedro Stédile, um dos fundadores e principais líderes
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Stedile escancara a incompetência do governo

A frustração de 90 mil famílias acampadas em barracos de lona preta país afora pode resultar em mais ocupações de terra, segundo João Pedro Stédile, um dos fundadores e principais líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para ele, dia mais, dia menos, essa base vai se mobilizar, vai pressionar, diante da ineficácia do governo. Fiel apoiador do presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores, Stédile deixa claro que perdeu a paciência com o governo, principalmente com o primeiro escalão escolhido por Lula. Stédile, contudo, poupa o presidente: “com aquele idealismo dele de querer atender às necessidades do povo, mas que não anda”. O dirigente do MST deu nota 3, de 1 a 10, para a atuação do governo petista na reforma agrária. Também sugeriu que o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Aldrighi, peça para sair. “Eu, se fosse o presidente do Incra, pediria demissão se tivesse dignidade. Ou arranja dinheiro para resolver os problemas ou entrega o cargo“, afirmou Stédile.

MPA é contrário à “PEC das Praias”

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) se posicionou contrário à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 03/2022. Conhecida popularmente como “PEC das Praias”, resumidamente a proposta sugere que seja feita a transferência de terrenos à beira-mar para estados, municípios e ocupantes particulares. Na visão do MPA, a PEC coloca em risco as comunidades pesqueiras e aquícolas no Brasil, podendo ainda ampliar as desigualdades sociais, com a transferência da gestão dos terrenos da Marinha do Brasil para entidades privadas e governos locais. Dentre os riscos associados à PEC 03/2022 listados pelo MPA, em síntese, estão: o aumento dos conflitos socioambientais, migração das comunidades tradicionais pesqueiras e populações vulneráveis que dependem dos recursos naturais para sobrevivência, desigualdade social e ausência de gestão adequada dos ecossistemas costeiros. Por fim, a Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) do Senado incluiu a PEC 03/2022 na pauta. Se ela for aprovada, passará por duas rodadas de votação no plenário para posteriormente ir à sanção.

Indígenas baleados no PR seguem internados

Depois do ataque de pistoleiros que alvejou quatro indígenas Ava Guarani no Oeste do Paraná, a comunidade Yvy Okaju cobra “respostas concretas e definitivas” do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e do governo. A repercussão deste que foi o quarto ataque em sete dias fez com que a Justiça Federal determinasse o aumento do efetivo da Força Nacional em Guaíra (PR). Lideranças de Yvy Okaju (antes chamada de Y’Hovy) confirmaram que o policiamento no entorno da comunidade aumentou, mas que a tensão segue. Os indígenas não se sentem seguros para sair da aldeia e pedem apoio para garantir a alimentação da comunidade. A aldeia sob ataque continuado é uma das que foram retomadas pelos Ava Guarani em 5 de julho de 2024, quando os indígenas fizeram sete ocupações dentro da Terra Indígena (TI) Guasu Guavirá. Em 27 de agosto, um acampamento de não indígenas também se instalou na área, com o objetivo de intimidar a permanência Ava Guarani. A onda mais recente de ataques armados começou em 29 de dezembro, seguiu na virada do ano e teve o episódio mais sangrento na primeira semana do novo ano. Identificada e delimitada pela Funai em 2018, a TI de 24 mil hectares está com o processo demarcatório parado por conta de uma ação impetrada pelas prefeituras de Guaíra (PR) e Terra Roxa (PR) e acatada pela Justiça Federal em primeira instância. A continuidade da regularização do território depende de uma decisão final da Justiça nas instâncias superiores. Esta, no entanto, está também suspensa até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida sobre a validade ou não da Lei do Marco Temporal. Enquanto isso, a violência escala no Oeste do Paraná.

Reforma agrária

Governo regulamenta transferência de terras de bancos e empresas para reforma agrária

O governo regulamentou o procedimento de transferência de terras à União por empresas estatais e sociedades de economia mista na aquisição de imóveis rurais para destinação à reforma agrária. A aquisição pela União dos imóveis rurais de propriedade de empresas estatais e de economia mista poderá ser feita com dedução de obrigações financeiras destas empresas perante a União, limitada ao valor do imóvel. A medida foi publicada em portaria conjunta do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Ministério da Fazenda no Diário Oficial da União. Pela Portaria conjunta MDA/MF nº 1, de 3 de janeiro de 2025, os imóveis rurais deverão ser avaliados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pelo MDA, tendo como referência o valor da terra indicado pelo Incra. As negociações entre as empresas estatais e o governo para aquisição das terras deverão ser conduzidas também pelo Incra e pelo MDA, assim como a análise da viabilidade do imóvel para incorporação à Política Nacional de Reforma Agrária (Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1992) e sua consequente destinação ao programa. A portaria permite transferência de terras do patrimônio de bancos públicos e das empresas públicas para o Executivo e sua destinação à reforma agrária.

Sancionada lei que estimula produção de pequi e outros frutos do cerrado

A Lei nº 15.089, de 07 de janeiro de 2025 estimula a produção e uso de frutos do cerrado, em especial o pequi, além de dar mais eficiência ao combate ao desmatamento desse bioma. Não se trata de um projeto que beneficiará apenas quem gosta de comer pequi. Além de ajudar a preservar o meio ambiente, ajudará principalmente quem tem esses frutos como fonte de renda e modo de vida. A lei proíbe a derrubada e o uso predatório de pequizeiros, mas cria exceções a serem observadas por órgão competente, estabelecendo políticas de manejo para a fruta com o objetivo de incentivar a preservação de áreas com presença de pequizeiro e de outros produtos nativos do cerrado. Além disso, cria mecanismos para a identificação de comunidades tradicionais de produtores. A legislação também prevê formas de viabilizar eventos culturais que estimulem o turismo e o comércio desses produtos. Por fim, desenvolve selos de qualidade e de procedência dos frutos do cerrado.

Exportações de carne suína batem recorde e superam R$ 3 bilhões pela primeira vez

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 1,352 milhão de toneladas entre janeiro e dezembro de 2024, estabelecendo novo recorde para o setor. O número supera em 10% o total exportado em 2023, com 1,229 milhão de toneladas. A receita das exportações anuais do setor superaram, pela primeira vez, o patamar de US$ 3 bilhões. Ao todo, foram obtidos US$ 3,033 bilhões com as exportações de 2024, saldo 7,6% superior ao alcançado no ano anterior, com US$ 2,818 bilhões. No mês de dezembro, os embarques de carne suína totalizaram 109,5 mil toneladas, número 1,3% menor em relação ao mesmo período do ano anterior, com 110,9 mil toneladas. Já em receita, houve forte alta de 11,6%, com US$ 258,3 bilhões no último mês de 2024, contra US$ 231,5 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Atum é vendido por quase R$ 8 milhões no primeiro leilão de 2025 do Mercado Toyosu, no Japão
Atum é vendido por quase R$ 8 milhões no primeiro leilão de
2025 do Mercado Toyosu, no Japão

Atum gigante é leiloado por mais de US$ 1 milhão no Japão

Um atum do Pacífico (Thunnus orientalis) foi arrematado por 207 milhões de ienes (o equivalente a US$ 1,3 milhão, aproximadamente R$ 7,9 milhões) no tradicional leilão de atum de ano novo do Mercado Toyosu, em Tóquio, no Japão, o mais prestigiado do país, estabelecendo o segundo maior preço já registrado durante o leilão de ano novo. O recorde estabelecido é de US$ 3,1 milhões (R$ 18,9 milhões), em 2019. Pesando cerca de 275 quilos e quase do tamanho de uma motocicleta ou de um urso pardo macho adulto, o atum foi comprado pelo Onodera Group, uma rede de restaurantes de sushi japonesa com estrela Michelin, em parceria com o atacadista de frutos do mar Yamayuki. A empresa declarou que o peixe será oferecido em 13 de suas unidades. “O primeiro atum do ano é algo que visa trazer boa sorte. Queremos fazer as pessoas sorrirem com comida”, disse Shinji Nagao, presidente do grupo de restaurantes. O desejo do comprador é que as pessoas comam o peixe e tenham um ano maravilhoso. Vendedores de todo o país colocam seus melhores pescados em leilão nas manhãs durante a semana, mas o prestigiado leilão de ano novo carrega um significado especial para os compradores que disputam a honra de arrematar o primeiro lote do ano, que segundo acreditam, o primeiro atum do ano traz boa sorte.

Brasil bate recorde histórico em exportação de carne bovina em 2024

O Brasil registrou, em 2024, o maior volume de exportações de carne bovina de sua história, com sucessivos recordes mês a mês. Foram 2,89 milhões de toneladas exportadas, um aumento de mais de 26% em relação a 2023. O setor faturou US$ 12,8 bilhões, alta de 22% comparada ao ano anterior. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Esse desempenho coloca a carne bovina como destaque entre os setores que contribuíram para o saldo positivo da balança comercial brasileira em 2024, de US$ 74,6 bilhões. A promoção do produto no exterior foi impulsionada pela iniciativa Brazilian Beef, uma parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Abiec.

Raça Crioula movimenta mais de 122 milhões em leilões em 2024

Já consolidado em todo território nacional, ganhando cada vez mais adeptos e um rebanho superior a 480 mil exemplares, segundo dados do Registro Genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, apesar do ano atípico que afetou todas as atividades, com a maior catástrofe natural da história, a qual atingiu o solo gaúcho em maio de 2024, afetando famílias e cidades inteiras, destruindo campo e cidade, comércios, lavouras, criações, pastagens e lares, a raça teve um saldo positivo na sua comercialização durante o ano de 2024. Conforme divulgação do Sindicato de Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão Rural do Rio Grande do Sul – SINDILER, foram 227 leilões e mais de 122 milhões movimentados na comercialização de animais da raça crioula, onde os últimos eventos foram realizados nos últimos dias do ano. Foi um ano espetacular, onde animais e criações importantes da raça crioula marcaram a história com valores e recordes de vendas, quando a comercialização da raça foi fortemente aquecida, pelos leilões menores mas com alto fluxo de venda de animais. A projeção para 2025 deve superar o ano anterior.

Pau Brasil (Paubrasilia echinata)
Pau Brasil (Paubrasilia echinata)

Projeto propõe regras para exploração sustentável do pau-brasil

Quase extinto devido à exploração predatória indiscriminada, o pau-brasil (Paubrasilia echinata), árvore que deu nome ao país, pode ganhar uma nova lei que visa preservar a espécie. A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou, em dezembro de 2024, o Projeto de Lei 3284/24 que estabelece regras para o manejo sustentável do pau-brasil em todo o território nacional, buscando conciliar a preservação ambiental com o desenvolvimento socioeconômico. O texto aprovado determina que a exploração e o comércio do pau-brasil sejam permitidos apenas a partir de árvores cultivadas em sistemas agroflorestais – modelos que combinam árvores, culturas agrícolas e, às vezes, criação de animais – ou originárias de plantios comerciais devidamente registrados e licenciados. Entre as exigências, estão a comprovação do replantio, a manutenção das árvores até atingirem a idade adulta e a proibição da extração de árvores com menos de 30 anos. O projeto defende o manejo sustentável como solução para explorar a madeira sem ameaçar a sobrevivência da espécie. O pau-brasil, reconhecido por sua madeira de alta qualidade, é utilizado há mais de dois séculos na fabricação de arcos para instrumentos de corda, como violinos e violoncelos. Atualmente, o uso do pau-brasil não é proibido, mas a exploração irregular e o tráfico ilegal ainda colocam a espécie em risco.

Abertura da Colheita da Uva ocorre dia 16 de janeiro no RS

A Abertura Oficial da Colheita da Uva 2025 ocorrerá em Bento Gonçalves, na próxima quinta-feira (16/1), às 16h. Paralelamente, ocorrerá a abertura do Bento em Vindima. Os dois eventos acontecem na Vinícola Vistamontes, localizada no distrito de Faria Lemos. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de uvas do Brasil e responsável por cerca de 90% da produção nacional destinada ao processamento de vinhos, sucos e espumantes. Dados da safra de 2024 da Radiografia da Agropecuária Gaúcha apontam 47,99 mil hectares de área colhida, o que gerou uma produção de 703,02 mil toneladas de uvas, com valor bruto de R$ 1,68 bilhão. A expectativa das entidades ligadas ao setor para a safra 2025 é de superar a produção do ano passado.

NF-e será obrigatória para produtores

A partir de 2025, a emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) será obrigatória para produtores rurais em todo o Brasil, substituindo a tradicional nota fiscal em papel. A NF-e é registrada digitalmente, o que proporciona maior transparência, segurança e controle nas transações comerciais. Além disso, a partir dessa mudança, será possível calcular o recolhimento de eventuais tributos de forma mais eficiente. Entretanto, a obrigatoriedade será implementada de forma gradual. Produtores que, em 2023 ou 2024, tiverem receita bruta superior a R$ 360.000,00 em atividades rurais deverão adotar a NF-e já em fevereiro de 2025. Para os demais, o prazo será até janeiro de 2026. O uso de notas fiscais modelo 4 será proibido. A mudança visa também garantir o acesso de produtores a benefícios como crédito rural, programas de compras governamentais e, futuramente, a aposentadoria especial.