APICULTURA -  Como montar um apiário

Favo de mel

Essas variações ocorrem porque o mel adquire características diferentes conforme a planta que fornece o néctar. Por isso, o mel é classificado de acordo com a florada, ou seja, as espécies de flores das quais as abelhas retiram o néctar.

Características do mel

Cor

A cor do mel pode variar significativamente, indo do âmbar claro ao marrom escuro. Mel escuro tende a ser mais rico em minerais e possui um sabor mais intenso, enquanto o mel claro é geralmente mais suave e tem menos minerais. A cristalização do mel também afeta sua cor, tornando-o mais claro do que em seu estado líquido.

Diferentes cores e texturas
Diferentes cores e texturas

Sabor

O sabor do mel é diretamente influenciado pela florada de onde as abelhas coletam o néctar. Mel de flores cítricas, por exemplo, tende a ser mais leve e frutado, enquanto mel de flores como eucalipto tem um sabor mais robusto e medicinal.

Aroma

O aroma do mel é outro aspecto que varia conforme a origem floral. Mel de lavanda, por exemplo, tem um perfume floral delicado, enquanto mel de castanha tem um aroma mais forte e terroso.

Consistência

A consistência do mel pode variar de líquida a espessa, dependendo da origem floral e da temperatura ambiente. Mel de floradas específicas, como o mel de acácia, tende a ser mais líquido, enquanto o mel de flores como a castanha pode ser mais espesso. Além disso, a consistência pode mudar com o tempo devido à cristalização, um processo natural onde o mel passa de líquido para uma forma mais granulada e sólida.

Homogeneidade
Homogeneidade

Homogeneidade

O mel pode apresentar variações na homogeneidade devido às diferentes floradas. Quanto mais homogêneo o mel, melhor é a percepção de sua qualidade. A homogeneidade do mel é influenciada por fatores como o tipo de flores de onde o néctar é coletado e o processo de extração e mistura do mel. Mel homogêneo apresenta uma textura uniforme, sem grânulos ou separação de fases.

Higroscopicidade

A capacidade do mel de absorver água do ambiente, conhecida como higroscopicidade, é alta. Isso significa que o mel pode atrair e reter umidade, o que pode influenciar sua textura e conservação. Em ambientes úmidos, o mel pode se tornar mais líquido, enquanto em ambientes secos, ele pode se cristalizar mais rapidamente. A alta higroscopicidade do mel também contribui para suas propriedades antibacterianas, pois ajuda a inibir o crescimento de microrganismos.

Diferentes estágios de cristalização do mel
Diferentes estágios de cristalização do mel

Cristalização e granulação

A cristalização é um processo natural no mel, onde os açúcares (principalmente a glicose) formam cristais, resultando em uma textura granulada. Esse fenômeno é influenciado pela composição floral do mel, a temperatura e o tempo de armazenamento. Mel com alto teor de glicose, como o mel de flores de trevo, cristaliza mais rapidamente. Já mel com maior concentração de frutose, como o mel de acácia, tende a permanecer líquido por mais tempo. A granulação não afeta a qualidade do mel, podendo até ser preferida por alguns consumidores devido à sua textura única.

Propriedades terapêuticas

O mel é conhecido por suas propriedades terapêuticas, sendo utilizado há séculos em diversas culturas. Ele possui efeitos antibacterianos, anti-inflamatórios, antifúngicos e antivirais, que ajudam na cicatrização de feridas e no combate a infecções. Além disso, o mel é rico em antioxidantes, que ajudam a proteger as células do corpo contra danos oxidativos. Essas propriedades fazem do mel um complemento valioso para a saúde, contribuindo para o bem-estar geral e a prevenção de doenças.

Variedades de mel

São incontáveis as variedades de mel e cada uma delas tem propriedades e atributos únicos, que expressam a biodiversidade de cada região onde são obtidos. Você deve estar se perguntando: em que se constitui a identidade de cada um dos tipos de mel? São muitos os pilares de identificação de um mel e nós vamos listar alguns para você:

  • espécies de abelhas produtoras
  • plantas que originaram o néctar transformado em mel
  • interações com outros insetos (como no caso dos melatos, cuja composição é resultante da interação abelhas x pulgões para a obtenção da seiva das plantas)
  • particularidade da extração
  • condições climáticas
  • característica do terroir onde as abelhas buscaram a matéria prima para sua produção
  • raridade ou a sazonalidade (algumas floradas são muito raras e acontecem em períodos breves, o que gera variedades preciosas de mel que atraem os consumidores mais apaixonados, verdadeiros sommeliers destes tesouros da natureza)
Abelha coletando nectar na florada de assa-peixe (Vernonia polysphaera)
Abelha coletando néctar na florada de assa-peixe (Vernonia polysphaera)

Floradas mais comuns para a produção de mel no Brasil

No Brasil, várias floradas são comuns para a produção de mel, destacando-se:

  1. Mel silvestre: As principais regiões produtoras incluem a Caatinga, Chapada Diamantina, Pantanal, Mata Atlântica, Serra do Roncador, Serra da Capivara e Ortigueira no Paraná.
  2. Florada de Eucalipto: Comum nas regiões Sudeste e Sul.
  3. Florada de Laranjeira: Predominante em São Paulo e Minas Gerais.
  4. Florada de Assa-peixe: Encontrada principalmente no Sudeste.
  5. Florada de Aroeira: Ocorrendo no nordeste e parte do Sudeste.
  6. Florada de Cipó-uva: Comum no Norte e Nordeste.
  7. Florada de Bracatinga: Presente nas regiões Sul, especialmente em Santa Catarina e Paraná.

Características dos tipos de mel mais consumidos no Brasil(H4)

O sabor, aroma e cor do alimento irão variar de acordo com as floradas, definidas a partir do tipo de flor que a abelha coleta o néctar para produzir essa iguaria. Alguns benefícios podem ser mais fortes em determinados tipos do que em outros. Confira as características dos principais tipos consumidos no Brasil:

  1. Mel silvestre: Este é o mais consumido no Brasil e é proveniente de diversas flores. Apresenta coloração avermelhada. É considerado interessante para a pele, vias respiratórias, tem efeito antioxidante e propriedades calmantes. Estimula a imunidade e ainda é um revigorante natural.
  2. Mel de assa-peixe: Geralmente possui coloração mais clara e sabor suave e agradável, com efeito calmante e expectorante, rico em vitaminas, fortalecendo o sistema imunológico. De fácil cristalização.
  3. Mel de eucalipto: Possui um sabor mais forte e coloração escura devido a alta concentração de ferro, cálcio, enxofre e magnésio. Possuí em seu princípio ativo a Eucaliptina que o torna um excelente tônico pulmonar. É interessante para o tratamento auxiliar e alívio de infecções intestinais, vias urinárias e doenças respiratórias. É um mel de fácil cristalização.
  4. Mel de laranjeira: Colhido em plantações de laranja, é um mel bastante abundante no Brasil e muito apreciado. Considerado um mel refinado. Apresenta cor amarela clara, sabor levemente cítrico e aroma suave. Regula a função intestinal e tem efeito calmante.
  5. Mel de cipó-uva: Mel suave e floral, de cor geralmente clara, podendo variar para um tom médio, que harmoniza muito bem com frutas, fazendo dessa variedade a queridinha daqueles que levam uma vida fitness. Tem como diferencial ser um mel mais denso por ser de época de seca. Possui ação antioxidante, especialmente no fígado, por isso pode ajudar a diminuir os efeitos do álcool no corpo.
  6. Mel de aroeira: Tem coloração âmbar bastante escura, sabor menos adocicado, contém altos índices de invertase (enzima responsável pela transformação do néctar em mel), baixa acidez e dificilmente se cristaliza. Apresenta propriedades antibióticas contra a bactéria Helicobacter pylori, responsável por problemas estomacais como gastrite, úlceras e câncer de estômago.
  7. Mel de bracatinga: É um mel mais escuro e menos doce que os meles florais, o que o torna um produto raro, produzido somente no Brasil. A árvore é originária das regiões do planalto e meio oeste catarinense, pequena região do sul paranaense e norte do Rio Grande do Sul. É riquíssimo em sais minerais, proteínas e devido a baixa concentração de glicose, ajuda a baixar o açúcar no sangue e permitindo ao diabético poder usá-lo com moderação. Age também no estômago, fígado e intestino.

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