MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Entrada de uma colônia de abelha jataí com abelhas no canudo

Oficina virtual realizada pela Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (Cdrs) Regional Jaú, com apoio de um meliponário parceiro reuniu 44 pessoas de várias regiões do Estado

O interesse sobre a meliponicultura – criação de abelhas nativas sem ferrão – vem crescendo exponencialmente nos últimos anos.

Berço de mais de três mil espécies, o Brasil, com sua rica biodiversidade, é um habitat natural para abelhas como a Jataí, a Mandaçaia, entre outras que, com hábitos solitários ou sociais, produzem méis diferenciados, considerados por alguns como uma preciosidade de alto valor no mercado.

Colônia de jataís com rainha sobre um favo
Colônia de jataís com rainha sobre um favo

Impacto ambiental

Mas, segundo os especialistas, o seu produto mais precioso é a polinização das plantas, que tem um impacto imenso na produção de alimentos e na recomposição de florestas e demais áreas verdes.

Nesse cenário, há alguns anos, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da extensão rural, tem desenvolvido projetos em parceria com entidades ligadas ao segmento para incentivar a meliponicultura, difundindo conhecimento e apoiando meliponicultores e interessados em iniciar na atividade.

A oficina

A realização, no dia 9 de junho, da oficina “Cuidados com as abelhas nativas no período do inverno”, organizada pela Cdrs Regional Jaú, integra um conjunto de ações realizadas por meio do Projeto Regional de Meliponicultura, instituído com parceiros dos setores público e privado, tendo por objetivo promover iniciativas de educação ambiental e capacitações técnicas para o desenvolvimento e profissionalização da meliponicultura como atividade rentável e sustentável.

Principais abordagens da oficina

O compartilhamento de informações basearam-se em alguns tópicos:

– Manejo do meliponário no inverno e o preparo e a administração de alimentação artificial às abelhas nesse período;
– Dimensionamento adequado das caixas e a espessura da madeira a ser utilizada.

Projeto Regional de Meliponicultura de Jaú

O Projeto de Meliponicultura de Jaú é uma ação integrada de servidores públicos de várias instituições, com o objetivo de organizar a meliponicultura regional, investindo em:

  • criação e multiplicação de espécies de abelhas nativas e das ameaçadas de extinção;
  • ações de educação ambiental e conscientização sobre a importância delas no meio ambiente;
  • incentivo ao plantio de espécies melitófilas e melhoria do pasto apícola;
  • difusão da meliponicultura como atividade econômica e sustentável em propriedades rurais;
  • capacitação técnica e profissionalizante dos interessados na atividade.

A criação e preservação das abelhas nativas, que desempenham fundamental papel de serviço ecossistêmico de polinização, é uma atividade essencial. Os insetos são os principais polinizadores da flora do planeta e as abelhas se destacam como o grupo mais importante. Elas respondem pela polinização de mais de 50% das plantas das florestas tropicais e no cerrado brasileiro, podem chegar a polinizar mais de 80% das espécies vegetais. Considerando as plantas cultivadas e utilizadas de forma direta ou indireta na alimentação humana, as abelhas são responsáveis pela polinização de 73% do total e de 42% das 57 espécies vegetais mais plantadas no mundo.

Organização e desenvolvimento do projeto

Os atores envolvidos no desenvolvimento desse projeto são a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da Cdrs Regional Jaú; o Instituto Florestal/Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente Etec “Prof. Urias Ferreira”, do Centro Paula Souza; o Horto Florestal Municipal de Jaú/Secretaria Municipal de Meio Ambiente; a RPPN Amadeu Botelho de Jaú Parque Zoológico Municipal de Bauru.

O aporte financeiro para a implantação das estruturas, aquisição de enxames e insumos para o manejo das abelhas, mudas nativas, frutíferas e exóticas, e cadernos para as atividades de educação ambiental ocorre por meio do Ministério Público do Estado de São Paulo, pelos Ajustamentos de Conduta firmados pela Promotoria do Meio Ambiente do município de Jaú.

Estrutura distribuída

O Projeto conta com a instalação de meliponários didáticos (14 abrigos distribuídos em cinco instituições); doação de 240 enxames de abelhas nativas de 11 espécies diferentes; 142 caixas modelo Inpa para as futuras divisões; insumos para alimentação no período crítico de floradas (142 unidades de alimentador do tipo Roso, 1.420 Kg de açúcar grosso tipo demerara ou VHP, 71 Kg de cera apícola e 45 Kg pólen apícola); 54 caixas didáticas, 16 banners ilustrativos, 350 cadernos de educação ambiental, 37 mudas frutíferas, sendo 16 delas em vasos grandes; 3.000 mudas de eucalipto eufat (variedade de eucalipto que floresce o ano todo garantindo fonte de nectar para as abelhas); 5.000 mudas nativas e dois perfuradores de solo a gasolina.

Mandaçaia numa flor amarela
Mandaçaia

Algumas das ações ambientais serão desenvolvidas com alunos do ensino fundamental. “Os Cadernos de Atividades para Educação Ambiental”, elaborados pela ONG Bee OrNotToBe, escritos pelo professor Lionel Segui Gonçalves, um dos maiores especialistas brasileiros e entusiasta das abelhas, serão distribuídos e trabalhados em três escolas do ensino fundamental, com 302 crianças e 24 educadores. As professoras terão capacitação pedagógica específica para passar o conteúdo.

O trabalho é um exemplo de vanguarda e mostra que é possível estabelecer parcerias que contribuam para o bom desempenho dos processos produtivos e, consequentemente, dos agricultores e criadores de abelhas. 

A interação entre a meliponicultura, a apicultura e as
culturas agrícolas é muito benéfica e necessária a
partir de uma visão sustentável de agricultura.

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