
Anúncio foi feito durante a 22ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico e tem como objetivo impulsionar a agroecologia por meio da produção de insumos a baixo custo e com tecnologia inovadora
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) planeja instalar fábricas de fertilizantes orgânicos no Rio Grande do Sul em parceria com a China. A iniciativa tem objetivo de impulsionar a agroecologia por meio da produção de insumos a baixo custo e com tecnologia inovadora. Em discurso na 22ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, o líder do movimento, João Pedro Stedile, afirmou que a possibilidade começou a ser avaliada a partir de uma visita de membros do movimento ao país asiático.
Na ocasião, segundo ele, o governo chinês demonstrou “vontade política” para realizar a transferência de tecnologia e capacitar organizações populares para operacionalizar, administrar e gerenciar a estrutura. A ideia é ampliar cada vez mais essa possibilidade. Mas, para isso, é preciso vencer o obstáculo da falta de recursos. O desejo é implementar dezenas dessas fábricas mas o limite se encontra no financiamento. A primeira unidade fabril será construída no município de Nova Santa Rita, para atender à cadeia produtiva de arroz agroecológico. A expectativa é de que o Banco do Brasil financie o empreendimento.

Stedile afirmou que a instalação da fábrica de fertilizantes orgânicos é um passo a mais na superação de diversos obstáculos para a ampliação da agroecologia, a efetivação da reforma agrária e, consequentemente, a preservação dos biomas brasileiros e a segurança alimentar da população, apontando a necessidade urgente de criação de um programa de produção de sementes, para que as famílias agricultoras não dependam mais das compras externas e das grandes indústrias, em sua maioria ligadas ao agronegócio, citando inclusive, um projeto de cooperativa para esse fim.

Outro ponto crucial para o movimento é a modernização da produção por meio de máquinas agrícolas que proporcionem tecnologia e sustentabilidade a preços acessíveis. Stedile mencionou a possibilidade concreta de instalar fábricas de equipamentos chineses no Brasil. A parceria pretende trazer duas fábricas de colheitadeira de pequeno porte para o Brasil, com preço de R$ 30 mil a unidade, preço muito acessível, pois não visa lucro. De maneira estratégica, as estruturas serão instaladas próximas a assentamentos da agricultura familiar, seguindo o modelo chinês de produção distribuída. Uma forma de diversificar e ampliar a oferta de trabalho nas áreas rurais, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento local.
Segundo o líder do MST, todas essas possibilidades de avanço precisam contar com apoio governamental e um poder público menos burocratizado, sendo necessário pressão popular para garantir que o governo Lula mantenha o compromisso com questões sociais e que garantam o desenvolvimento do povo brasileiro. Para ele, o Brasil tem dinheiro, o tesouro tem dinheiro. O que falta é pressão popular para cumprir o que o Lula se comprometeu, que o pobre brasileiro seja colocado no orçamento.