Com mais de 80 viveiros de alta qualidade, a região se destaca nacionalmente produzindo mudas e desempenhando um papel crucial na economia local
A cidade de Dona Euzébia, na Zona da Mata mineira, microrregião de Cataguases, é movimentadíssima, um movimento bem marcante. No município de 7 mil habitantes, são veículos diversos, de carros de passeio a caminhões, carregados com plantas de todos os tipos e tamanhos. Isto é o reflexo da força de uma das cadeias produtivas mais importantes da região: a produção de mudas. A atividade envolve centenas de agricultores.
De acordo com a Associação dos Produtores Rurais de Dona Euzébia e Região (ASPRUDER), este pequeno município é o maior produtor de mudas de plantas em Minas Gerais e o segundo maior do Brasil. O mercado se divide em três principais categorias: plantas ornamentais, frutíferas e florestais. Anualmente, estima-se que a cidade produza entre 15 e 20 milhões de mudas, comercializadas principalmente para o Triângulo Mineiro e o estado de São Paulo.
A história de seus moradores é como a de muitos outros produtores rurais brasileiros que, antes de encontrarem uma atividade que os permitissem viver dignamente da agricultura, passaram por muitas dificuldades até se destacarem na produção de mudas. Dona Euzébia, como outras localidades da Zona da Mata, já teve diversas vocações agrícolas ao longo do tempo, desde o café e leite até o fumo e a cana-de-açúcar. Com o fechamento das usinas de açúcar, a produção de mudas se tornou mais atrativa e os agricultores migraram para esse mercado por necessidade.
Cerca de 85% das famílias de Dona Euzébia e região dependem direta ou indiretamente da produção de mudas. Esse é o principal negócio da cidade, levando o nome do município para diversas partes do país. Com mais de 80 viveiros de alta qualidade, a região se destaca nacionalmente. A produção de mudas desempenha um papel crucial na economia local.
A produção de mudas em Dona Euzébia começou de maneira informal na década de 1970, na Serra da Onça. Desde então, o negócio se expandiu, e os viveiros se espalharam pela cidade, gerando renda para milhares de famílias. As cidades vizinhas também são importantes produtoras e desempenham um papel relevante na economia regional.
Apesar da expressiva produção, os produtores de mudas enfrentaram desafios recentes devido a mudanças na legislação. A produção de mudas cítricas, que já foi de 5 milhões por ano, caiu para cerca de 400 mil anuais devido a novas exigências sanitárias. Segundo a Instrução Normativa nº 48, de 24 de setembro de 2013 do Ministério da Agricultura, mudas de frutas cítricas devem ser cultivadas em ambientes controlados, dentro de estufas, utilizando substrato, o que não era praticado anteriormente. Estima-se que desde 2021, a renda da cidade diminuiu cerca de 20 milhões de reais por ano.
O principal motivo das novas regras é o combate ao greening, uma doença bacteriana que pode devastar pomares. A Comissão Técnica de Fruticultura do Sistema Faemg Senar tem atuado firmemente para treinar produtores a fim de que se adequem às novas normas. Contribuiu com essa queda também o protecionismo de alguns estados, que desincentivam a compra de mudas de Minas Gerais.
Mesmo com a redução na produção, há otimismo entre os produtores. Muitos constatam que as mudanças, apesar de limitarem a produção, agregaram valor às mudas. Com as novas regras, nem todo produtor consegue manter a qualidade exigida, o que diminui a concorrência e melhora os preços.
Em 2022, iniciou-se um processo de certificação do Arranjo Produtivo Local (APL) do “Polo Produtor de Mudas de Dona Euzébia e Região” junto à Câmara Municipal. O APL (Arranjo Produtivo Local) nada mais é que aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva. O processo está aglutinando produtores rurais, entidades privadas, ASPRUDER, Emater e órgãos públicos representados pelos prefeitos, secretários de agricultura e câmara dos vereadores. A certificação da APL caracteriza um marco positivo, pois através dela, as cidades que fazem parte do polo poderão ter benefícios como favorecimento de acesso a recursos, facilitação de capacitação produtiva e tecnologia, e principalmente, acesso a financiamento e redução dos custos de produção.
Para aumentar a profissionalização, o Sistema Faemg Senar promoveu cursos e atualizações, além de melhorar a gestão dos negócios rurais. São dois programas de Gestão com Qualidade em Campo (GQC), o que vem melhorando significativamente o gerenciamento das atividades rurais na cidade.
Emater-MG criou um catálogo eletrônico dos viveiros que pudesse ser disponibilizado aos compradores interessados. Com o catálogo, o consumidor, seja ele agricultor, florista, decorador ou qualquer outro tipo de profissional que adquira mudas para realização de seu trabalho, poderá entrar em contato direto com os viveiristas e adquirir mudas de qualidades, variadas e que atendam a necessidade de cada um, de forma rápida e prática. Todos os viveiros relacionados são registrados no Ministério da Agricultura e têm a Emater-MG como responsável técnica. O catálogo apresenta o nome e contato de 88 viveiristas. No total, a lista tem mais de 300 variedades de mudas. O catálogo em formato PDF é atualizado semestralmente e os interessados em receber a relação dos viveiristas de Dona Euzébia podem fazer a solicitação pelo e-mail dona.euzebia@emater.mg.gov.br.