Além de ser o maior produtor e consumidor de palmito do mundo, o país é também o maior exportador, responsável por aproximadamente 95% de todo o consumo mundial
O Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de palmito no mundo. No entanto, sua produção ainda é baseada na exploração de espécies nativas, como a juçara (Euterpe edulis), nativa da Mata Atlântica, e o açaí (Euterpe oleracea), nativo da Floresta Amazônica. A extração dessas espécies tem contribuído para sua extinção, em especial da juçara, que morre após a colheita do palmito. A pupunha (Bactris gasipaes), nativa da região amazônica (onde é cultivada para produção de frutos), tem se mostrado uma alternativa para cultivo de palmito com sustentabilidade econômica e ambiental nas regiões leste do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, estados onde um amplo projeto de pesquisa e desenvolvimento adaptou o cultivo dessa espécie para a agricultura familiar.
Além de perfilhar (emitir novos brotos) por pelo mais 10 anos, a pupunha tem a vantagem de ser precoce, pois começa a produzir palmito 18 meses após o plantio. A rusticidade, vigor e produtividade da planta também são itens apreciados pelos produtores rurais. Outro diferencial é que o palmito não escurece rapidamente após o corte, o que constitui uma vantagem em relação às demais palmeiras e possibilita a venda in natura, com maior valor agregado.
Além de ser o maior produtor e consumidor de palmito, o país é também, hoje, o maior exportador mundial do produto, responsável por aproximadamente 95% de todo o palmito consumido no mundo, sendo 90% de origem extrativista, proveniente do açaí (da Amazônia) e da juçara (da Mata Atlântica). O setor brasileiro de palmito tem um faturamento anual estimado em US$ 350 milhões, com a geração de 8 mil empregos diretos e 25 mil empregos indiretos. Estima-se que o mercado mundial gire em torno de US$ 500 milhões, com grande potencial de crescimento. No entanto, a falta de escala e o beneficiamento precário do produto refletem em baixa qualidade e alto custo do produto no mercado. Isso faz com que os principais importadores estejam reduzindo as compras do Brasil, que perde mercado para a Costa Rica, cuja produção de palmito de pupunha é de origem cultivada.
Nesse contexto, surge o livro Palmito de Pupunha – Curiosidades & Receitas, que apresenta 55 receitas e muitas informações sobre este palmito tão apreciado na culinária. A publicação foi elaborada pela Embrapa Florestas e IDR-PR, em parceria com a Qualidoro Alimentos, Universidade Positivo, a escola de gastronomia do Colégio Estadual Julia Wanderley e Prefeitura Municipal de Curitiba (Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional). O livro integra uma série de atividades e pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Florestas e parceiros, que culminaram na disponibilização de tecnologias inovadoras que dão suporte à atividade de produção de palmito de pupunha de forma sustentável.
O livro contém informações desde a origem e consumo do palmito; palmeiras que produzem palmito; diferenças entre o cultivo do palmito pupunha para os de outras palmeiras; cultivo; colheita; comercialização e uso do palmito de pupunha; processamento em conserva e apresenta a composição nutricional e sabor do palmito de pupunha. O produto se destaca pelo alto teor de fibras alimentares e baixo valor calórico, contém minerais e vitaminas importantes para a saúde humana. A publicação foi elaborada com o intuito de agregar conhecimento sobre a espécie, e como forma de agregar renda para o produtor rural, com impacto social, econômico e ambiental em toda a região produtora e sociedade consumidora de palmito.
A Embrapa Florestas, em parceria com outras instituições, ao longo de mais de 20 anos de pesquisa com o cultivo de palmito de pupunha no litoral paranaense, desenvolveu projetos inovadores de transferência de tecnologias para a produção dessa espécie. O sistema de produção de pupunha para palmito apresenta grande importância social e econômica na região do Litoral do Paraná, incluindo diversificação e geração de renda.
Atualmente são mais de 3.200 hectares de área plantada e mais de mil famílias e agricultores na atividade, além das agroindústrias de processamento do palmito pupunha no Paraná. A Embrapa e o IDR-PR atuam na pesquisa científica e extensão rural visando difundir as boas práticas agrícolas, a sustentabilidade e o manejo dos sistemas de produção de pupunha, com objetivos de obter maior produtividade e também maior qualidade do palmito produzido, resultados estes oriundos de mais de 20 anos de projetos de pesquisa e extensão. Estas iniciativas visam divulgar as ações de pesquisa e o setor produtivo do palmito para sociedade, e também valorizar a atividade dos agricultores familiares, profissionais, cooperativas e agroindústrias do setor, além dos impactos positivos nos aspectos sociais, econômicos e ambientais no Paraná.
Outra atividade importante que envolve pupunha e que vem sendo desenvolvida pela Embrapa Florestas é o curso anual de Processamento de Palmito visando à capacitação de produtores e empresários nesse segmento, referência no Brasil, que atrai produtores de vários estados. Por ser um produto de risco, a Embrapa Florestas junto com IDR, Epagri e Secretaria Estadual da Saúde, vem ofertando anualmente esse treinamento. Além de ser uma exigência da Vigilância Sanitária, esse modelo de capacitação para produtores de palmito em conserva é fundamental para que os envolvidos nessa cadeia produtiva sejam atualizados constantemente, garantindo segurança desde a produção ao consumo.
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