
Uma nova pesquisa revelou que a dieta das populações pré-colombianas da amazônia era fortemente baseada no consumo de peixes
Embora milho, inhame e mandioca fossem alimentos conhecidos dessas comunidades, o destaque ia para o pirarucu (Arapaima gigas) – que podia pesar mais de 100 quilos – e tartarugas de grande porte.
Estudo revela detalhes da dieta
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e do Museu Nacional de História Natural de Paris. Os especialistas analisaram os restos de 9.474 animais encontrados no sítio arqueológico de Hatahara, localizado em Iranduba, próximo a Manaus, na confluência dos rios Negro e Amazonas. Os ossos datam entre 750 e 1230 d.C.
Hatahara é um dos sítios arqueológicos mais importantes da amazônia, onde já foram descobertos urnas funerárias, utensílios de cozinha, vasos de cerâmica e até um esqueleto humano, datado entre os séculos VIII e XII.

Peixes eram a base da alimentação
Os resultados mostram que 76% das espécies consumidas eram peixes, com destaque para o pirarucu (Arapaima gigas). Répteis representavam 20% da dieta, incluindo tartarugas do gênero Podocnemis (como tracajá e tartaruga-da-amazônia) e até cobras como a sucuri-verde (Eunectes murinus). Mamíferos, aves e anfíbios eram consumidos em menor escala.
Vida na Amazônia Pré-Colombiana
As descobertas reforçam como as populações pré-colombianas conseguiam se adaptar e sobreviver na Amazônia, utilizando amplamente os recursos naturais da região. Mais de 100 sítios arqueológicos similares já foram identificados na área, datando de 300 a.C. a 1500 d.C., evidenciando a existência de grandes comunidades organizadas.
A importância do estudo
A pesquisa oferece novas perspectivas sobre a forma como essas populações manejavam os recursos naturais antes da chegada dos europeus. Isso destaca o papel central da fauna aquática na alimentação e no sustento dessas comunidades.