Países assumiram o compromisso de integrar a agricultura na mitigação das mudanças climáticas objetivando atingir a “Fome Zero” dentro dos limites climáticos do Acordo de Paris
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou um plano para tornar o setor agroalimentar um sumidouro de carbono até 2050, com foco em 10 áreas prioritárias. Além de combater a fome, o plano visa promover um futuro sustentável e resiliente.
Impulsionado pela evidência científica dos impactos das mudanças climáticas nos sistemas alimentares globais, conforme destacado pelo IPCC, a COP28 dedicou um dia à discussão sobre Alimentação, Água e Agricultura, destacando o compromisso global em integrar a agricultura na mitigação das mudanças climáticas, evidenciado pela assinatura da Declaração dos Emirados por 134 nações.
O roteiro da FAO, intitulado “Alcançar o ODS2 sem ultrapassar o limite de 1,5°C“, identifica áreas críticas como pecuária, solo e água para atingir a “Fome Zero” dentro dos limites climáticos do Acordo de Paris. Um aspecto-chave é a “transição justa”, garantindo equidade na transformação do setor, incluindo redução do consumo de carne em países ricos e apoio a pequenos agricultores em países em desenvolvimento.
As leguminosas podem desempenhar um papel potencialmente muito significativo nos sistemas agroalimentares amigos do clima delineados pela FAO. O roteiro incentiva os agricultores a minimizarem a utilização de fertilizantes químicos e a encontrarem novas práticas para escalar a produção, uma tarefa que as culturas fixadoras de nitrogênio, como as leguminosas, são inerentemente capazes de apoiar. Isto não só reduziria as emissões, mas também melhoraria a saúde do solo, promoveria a biodiversidade e reduziria a poluição dos cursos de água.
No contexto das novas abordagens à pecuária, as leguminosas podem fornecer alimentos mais eficientes em termos de água, o que ajuda a reduzir a pegada de carbono dos animais, além de constituir uma importante fonte de proteína para as regiões que deveriam mudar de proteína animal para proteína vegetal.
Do lado da nutrição, o roteiro coincide com uma nova pesquisa publicada na Nutrients que mostra como uma dieta rica em leguminosas melhora significativamente o perfil nutricional da dieta, somando-se ao amplo conjunto de evidências estabelecidas que mostra os múltiplos benefícios da inclusão de leguminosas como parte de uma dieta saudável. Combater a fome e a desnutrição globais reduzindo as emissões é perfeitamente viável para as pulses.
Financiamento adequado é crucial, com apenas uma pequena parcela do financiamento climático global atualmente destinada aos sistemas alimentares. A FAO prevê que atingir essas metas pode reduzir a fome e criar sistemas alimentares neutros em carbono até 2035. Com este roteiro e detalhes adicionais nas próximas cúpulas da COP, o setor agroalimentar está caminhando para uma transformação verde, mas apoio contínuo e investimento serão essenciais para concretizar essa visão. As informações foram divulgadas pela Global Pulses Confederation (GPC).