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Opções para cruzar novilhas F1 angus x nelore a pasto

Novilhas F1 angus x nelore

O objetivo do cruzamento industrial é ter uma combinação entre raças de subespécies distintas (Zebuína e Taurina). As características das raças selecionadas devem se completar e como consequência atingir a heterose. Um dos principais fatores que gera investimento nessa área é o aumento da lucratividade através da potencialização da produtividade – de modo a atender, precoce e efetivamente, a exigente demanda do mercado, visto que neste gênero de cruzamento há uma grande flexibilidade de raças e produtos derivados para atender todos os consumidores. Além disso, o manejo resulta em animais com características produtivas superiores à de seus pais, pois os progenitores devem ser animais puros, de raças distintas.

Para muitos especialistas, o tricross é o caminho para a produção de novilhos superprecoces de alto valor agregado. Os pecuaristas contam com uma pedra fundamental muito interessante para construir suas fábricas de carne, que é a vaca meio-sangue Angus X Nelore, também chamada de “F1”. Existem muitas opções que geram ótimo resultado a pasto, muitas vezes até sem necessitar de cruzamento industrial, mas as vacas “F1”, em especial, já somam cerca de 3 milhões de cabeças na pecuária nacional. Com faro apurado e a escolha correta da terceira raça, além de contar com boia farta no cocho, produzir bezerros terminados com 20@ aos 13 meses parece até coisa simples.

A pergunta que fica é: qual seria a raça apropriada para usar em cima da meio-sangue Angus X Nelore (ou F1)? Esta é uma escolha complexa que depende de diversos fatores de ordem climática, de manejo e até comerciais. Calor e umidade (e falta dela) podem influenciar negativamente o desempenho do produto final. O mesmo ocorre em relação à qualidade do pasto. Se ruim, não supre um mínimo de proteína ao animal, e ao sempre soberano mercado.

Novilha F1 Angus-Nelore prenhe com 20 meses de idade pesando 460 kg
Novilha F1 Angus-Nelore prenhe com 20 meses de idade pesando 460 kg

O básico é: quanto maior a distância dos genes entre as raças utilizadas maior será a média produtiva do bezerro em relação aos seus pais. Por isso a meio-sangue Angus X Nelore é tão boa, porque tem-se 50% de zebuíno e 50% de sangue taurino. Se voltar um touro Bos indicus, tem-se 75% de sangue mais azebuado. Ganha-se em rusticidade, adaptabilidade, habilidade materna e perde-se em conversão alimentar, velocidade de acabamento e qualidade de carne.

O inverso também ocorre. Com um touro Bos taurus entrando na jogada, 75% do sangue será taurino, com melhor carcaça, ganho em peso, acabamento rápido e qualidade de carne e piores adaptabilidade e resistência a ecto e endoparasitas. As condições de cada propriedade e a destinação do produto final, se para clima mais quente/seco ou mais temperado/úmido, se a pasto ou em confinamento e ainda se novilho precoce ou bonificação Premium, ajudam a definir a terceira raça.

Qual touro utilizar no cruzamento tricross?

O cruzamento triplo ou tricross consiste na utilização de touros (monta natural ou inseminação artificial) de uma segunda raça, geralmente europeia (Bos taurus), nos cruzamentos com animais F1 (meio sangue europeia e meio sangue zebuína), obtendo-se animais denominados tricross, mantendo-se um bom nível de vigor (heterose).

Novilhas F1 Angus-Nelore a pasto
Novilhas F1 Angus-Nelore a pasto

A escolha da terceira raça para cruzamento com novilhas F1 angus x nelore é uma decisão estratégica para pecuaristas que buscam otimizar o ganho de peso e a adaptabilidade dos animais em regime de pastagem. Para sair desta sinuca de bico dos 75% de sangue taurino ou zebuíno, a preferência para fechar o cruzamento tricross, predominantemente, tem girado em torno de raças adaptadas como Senepol, Bonsmara ou Caracu e compostos como Brangus, Braford e Canchim, não se esquecendo jamais que a F1 (a base meio-sangue) é uma novilha que, sem esforços, emprenha aos 14-15 meses a pasto ou 12-13 meses de idade com suplementação, parindo entre os 21 e 22 meses. Ou seja, ela gera a prenhez enquanto ainda se encontra numa fase de pleno desenvolvimento corporal e suas reservas energéticas necessárias para o crescimento são, também, drenadas pelo embrião. E quanto maior o volume de comida servido maior será o bezerro ao nascimento e mais vagaroso o crescimento da jovem mãe. Então, além da composição sanguínea mais favorável, é preponderante o uso de touros com DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) negativas para peso ao nascer, mas que sejam de rápido crescimento. Achar essas duas pérolas juntas dá trabalho porque, com exceção a raças naturalmente menores, é um material genético disponível apenas em reprodutores provenientes de seleção massal. Já quando a F1 torna-se vaca, é o momento de explorar a heterose.

Alguns criadores vêm considerando usar touros sindi sobre essas novilhas para produzir animais de ciclo terminal. A raça vem se destacando nos últimos anos, com exempleres realmente fantásticos, tornando-se uma potência na pecuária brasileira devido à sua resistência e adaptabilidade. Originária de Kohistan, no norte da província de Sind, Paquistão, o Sindi trouxe para o Brasil uma revolução na eficiência produtiva e na qualidade genética. Com sua conformação compacta e musculatura robusta, é resistente a doenças e parasitas, adaptando-se bem a forragens de baixa qualidade​. O Sindi vem ampliando seu papel na pecuária brasileira. Investimentos em seleção genética e manejo adequado podem maximizar suas características desejáveis, assegurando sua relevância no mercado.

O sindi pode ser uma boa alternativa para cruzamento com F1 angus-nelore
O sindi pode ser uma boa alternativa para cruzamento com F1 angus-nelore

Segundo especialistas em melhoramento bovino, o touro sindi pode ser uma alternativa interessante, pois contribui com heterose, adaptabilidade e rusticidade. Como é um zebuíno de menor porte, quando cruzado com a F1 angus x nelore, gera bezerros bem adaptados, com bom peso na desmama e fêmeas que podem ser utilizadas como matrizes. Além disso, a carne produzida pode ser valorizada em programas de qualidade, como o 1953 da JBS, primeiro protocolo multi-raças do mercado em comemoração aos 65 anos da empresa, cujo objetivo é avaliar e premiar a carne de animais jovens e bem acabados de diversos cruzamentos.

Apesar das vantagens do sindi, existem opções que podem maximizar a complementariedade genética e aumentar o rendimento da produção. Para uma criação a pasto, é importante que esses animais sejam pelo zero (pelo curto), então recomenda-se pelo tamanho da angus, algumas alternativas:

  • Caracu: uma excelente escolha, pois oferece bom ganho de peso, adaptabilidade ao calor e animais com pelo curto, ideais para sistemas a pasto. Além disso, a carne dos tricross caracu pode receber prêmio em programas de qualidade.
  • Outro zebuíno de maior porte: se o objetivo for produzir bezerros com maior peso e rendimento de carcaça, raças zebuínas como tabapuã ou brahman também podem ser opções interessantes.

Independentemente da escolha, a decisão deve considerar o tamanho da fêmea F1, o sistema de engorda e as condições climáticas e de manejo da propriedade. O cruzamento bem planejado pode resultar em animais precoces, produtivos e com alto valor de mercado, otimizando a lucratividade do pecuarista.

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