Quando esta crise chegará ao fim? Quais as informações comprovadas sobre a Covid19 que garantam a volta à normalidade? Por quanto tempo se estenderá essa agonia? O que podemos fazer para voltar ao cotidiano de nossas vidas? Como comércio, serviços e indústria deverão se comportar? E o cidadão, o que deve fazer?
Uma coisa é certa. Novas formas de organização social terão que ser estabelecidas. Tudo vai mudar. Uso de mascaras, banais em outros países, passará a ser um hábito também no Brasil? A maior distância entre os indivíduos em locais e eventos públicos deverá ser mantida?
Os impactos da pandemia sobre a economia são decorrentes das necessárias medidas de prevenção (isolamento social, lockdown etc.). Trata-se de enorme choque negativo na demanda que, se continuar por muito tempo, pode fragilizar grande parte das empresas. Muitas já fecharam e muitas ainda fecharão.
Crise econômica. Crise social. Crise comportamental. Crise geral!
Mas é para se desesperar? Acreditamos que não. O homem é um ser social, o que significa que ele deve se adaptar ao ambiente e convenções para que continue sua jornada neste planeta.
Diversas crises já demonstraram que isto é plenamente possível e que a humanidade já enfrentou situações piores do que essa. Já imaginou enfrentar a febre amarela no início do século XX, sem dispor de todas as comodidades que temos hoje? TV, internet, delivery , canais de filmes, de esportes, de séries, do que você pensar? Mesmo aqueles que não têm acesso a isto tudo, têm condições de vida bem melhores do que a maioria daqueles que enfrentaram a peste naquela ocasião.
Se as condições socioeconômica e política e o nosso sistema de saúde são precários hoje, imagine naquela época!!!
Não somos calouros quando estamos falando de crises. Principalmente, os brasileiros. Já passamos por “poucas e boas” e continuaremos em frente.
Há décadas, miséria e fome castigam a grande maioria da nossa população.
Vejamos o nosso setor: o agronegócio
O agro brasileiro demonstra um grande amadurecimento refletido no crescimento da produtividade. Desde os anos de 1990, identifica-se queda real de preços ao produtor e expressivas conquistas no mercado internacional.
De 1995 a 2019, o PIB da agropecuária cresceu 130% e o do Brasil todo, 70%.
O PIB da indústria, quase estagnada desde 1980, aumentou de 1995 a 2019 apenas 33%. Os preços reais da agropecuária caíram 40% ao produtor, enquanto ao consumidor, os preços reais dos alimentos praticamente não se alteraram.
Raramente, uma recessão da macroeconomia se reflete 100% na recessão agropecuária. Alimentação é item de demanda perene e pouco sensível ao preço e à renda. O alto componente das exportações de alimentos também atenua os choques na economia do agro.
É claro que há impactos. Mas não tanto quanto nos setores indústria, comércio e serviço.
Atinge mais fortemente ainda, pequenos e médios produtores rurais. Estes realmente têm que “se virar” para se manter.
Crise… Crise… Crise…
Mas, o que podemos tirar de bom de tudo isso?
Em primeiro lugar, continuamos aqui.
Em segundo, há a velha máxima: Onde há crise, há oportunidades!
Vários novos negócios surgiram de novas ferramentas tecnológicas.
Aplicativos ajudam pequenos produtores a vender localmente seus produtos diretamente para os consumidores. Com o comportamento e a demanda por uma vida mais saudável, agricultores familiares oferecem produtos mais limpos, naturais e orgânicos, agregando valor (e preço!) ao seu produto caseiro.
Sistemas de delivery colocados em prática por cooperados de uma região diminuem custos e expandem mercado. Projetos colaborativos disponibilizam energia eólica e solar possibilitando economia significativa para os envolvidos. A agrofloresta passa a ser valorizada, assim como as agriculturas biodinâmica e orgânica. A agroecologia nunca esteve tão em alta.
Soluções não faltam. E o brasileiro é expert em inovar para solucionar.
Se o governo e os envolvidos na cadeia produtiva do agro entenderem que o setor é um grande aliado para sair da crise, poderemos dar grandes passos no caminho da solução econômica.
É preciso focar em transformações estruturais profundas na geração e na distribuição da riqueza. Antes disso, democratizar o acesso (digno) aos direitos básicos dos cidadãos.
Será possível dar este passo? Alguém tem a solução para este desafio? Como os setores público e privado podem intervir para alcançar este objetivo? Será preciso uma reformulação do sistema de produção? Uma ruptura com o sistema de consumo atual? Uma revolução no comportamento humano?
Começamos e terminamos cheios de indagações. Mas também cheios de esperança.
Deixamos aqui a derradeira questão, que pode ou não ajudar nessas transformações: O que você faz para ajudar a melhorar esta situação?