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Opinião – Por que uma árvore cai?

Árvore caída com as raízes expostas após temporal, interditando completamente a via

Por que uma árvore cai? Porque foi uma espécie inadequada, plantada num local também inadequado

Passados os eventos climáticos extremos das últimas semanas, que atingiram, principalmente, o Sul do Brasil, ficou evidente a destruição causada pelas chuvas, ventos e granizo, com danos diversos ao patrimônio público e particular, assim como feridos e vidas que foram atingidas, resultando em 13 mortes, sendo que, destas, apenas uma pessoa veio a falecer por motivo de queda de árvores em Santa Catarina.

Atualmente, no Paraná, numa busca rápida da ocorrência de quedas de árvores em mídia aberta na internet, de janeiro a julho (até 8/7/2020), verificaram-se 1.011 registros de queda de árvores em áreas urbanas em 35 municípios e, destes registros, 81,8% ocorreram durante a passagem do Ciclone Bomba no dia 30/6/2020.

Diante de tal cenário, vem a pergunta: “Porque uma árvore cai?”

Vamos analisar os principais motivos, os quais impomos às árvores em ações do dia a dia:

– Espécie inadequada ao local: quando se planta uma espécie inadequada ao espaço existente para o plantio, ela sofrerá diversos níveis de estresse durante seu crescimento, que levarão a mesma a estar propensa à queda;
– Preparo da cova e mudas para arborização urbana: esse é um ponto de grande impasse, qual o tamanho para uma muda de árvore ser plantada na rua, praças ou parques nas cidades? A melhor escolha é uma muda com mais de 1,80m de altura e com embalagem adequada ao tamanho da parte aérea (vasos grandes).

Árvore caída sobre automóveis

A realidade regional, no entanto, é muito abaixo deste padrão, o que ocasiona uma maior chance de insucesso no pegamento da muda e, se associarmos a uma cova aberta de forma errada, pequena demais, ou seja, com pouca largura para o desenvolvimento das raízes, vai resultar, no futuro, em uma árvore com grandes chances de cair;

– Plantio em solo muito compactado: um solo muito compactado (duro) impede o adequado crescimento das raízes, deixando a árvore com estabilidade limitada e suas raízes vindo futuramente a danificar a calçada, sujeitando a queda destas por ventos e chuvas fortes;
– Poda de raízes: na construção ou reforma de calçadas, muitas vezes, as raízes são podadas (cortadas), fato que gera a perda da sustentação da árvore, pela falta de ancoramento, tornando a mesma susceptível ao vento e as chuvas extremas (mais de 50 mm num mesmo dia, por exemplo) que estão cada vez mais frequentes;
– Ausência de área livre (canteiro): este problema está diretamente ligado ao anterior, onde a ausência de área livre impede a infiltração de água e o bom crescimento das raízes e da parte aérea de forma adequada. Árvore com restrição de crescimento é árvore estressada, propensa a cair;
– Podas drásticas frequentes: toda a árvore que sofre poda drástica (retirada total ou da maior parte da copa viva) tem perdas significativas tanto de suas folhas como de suas raízes vivas que absorvem água, nutrientes e a sustentam em pé, deixando-a sujeita à ocorrência de pragas e doenças que a debilitam, levando a uma maior propensão à podridão de suas raízes, cancros no tronco, ataque de cupins e brocas e, por fim, a queda de seus galhos ou sua queda por inteiro.

Bombeiro serrando árvore caída

Por tudo isso, a palavra chave para diminuirmos a ocorrência de quedas de árvores é o manejo preventivo, ou seja, cada árvore plantada na cidade precisa ser acompanhada, principalmente, em relação aos itens acima, de forma que possam ser tomadas as decisões corretas em relação à cada uma.

Esse acompanhamento precisa ser feito por profissionais com conhecimento profundo no assunto: os Engenheiros Florestais, que estudam profundamente, em sua formação, as árvores, seus produtos e serviços diversos, são habilitados legalmente pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) para estas ações, estando preparados para fazerem a implantação, o monitoramento e o manejo correto das árvores nas cidades.

*Texto dos engenheiros florestais professora Dra. Flávia Gizele Konig Brun e professor Dr. Eleandro José Brun, da UTFPR de Dois Vizinhos, associados da Associação dos Engenheiros Florestais do Sudoeste e Oeste do Paraná (Aefos) e conselheiros do CREA-PR.

Fonte: Artigo publicado no Jornal de Beltrão

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