A invasão de espécies exóticas, como o javali, representa uma preocupação global devido aos altos impactos ecológicos, econômicos e conservacionistas, mostrando os desafios para a criação de uma política pública de combate e controle desses animais
Eles podem até ser confundidos com porcos, mas a presença dos javalis (Sus scrofa) coloca em risco a economia nacional e a saúde da população. Na última edição do Fórum de Sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), organizado pelo Departamento de Sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), especialistas da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) e do Ibama apresentaram os desafios para se identificar as áreas onde os animais podem ser encontrados e a melhor forma para sua erradicação, uma vez que o javali é uma das piores espécies invasoras do mundo.
A espécie invasora causou modificações significativas nos ecossistemas, aumentou os riscos sanitários e causou degradação ao meio ambiente. A falta de predadores naturais e sua alta taxa de reprodução dificultam o controle dessa população invasora. As palestras serviram não apenas para tirar dúvidas dos produtores, mas também para a construção de políticas que envolvam todos os órgãos do setor no controle dos animais. Introduzidos no Brasil no início do século 20, os animais tornaram-se uma praga e desde 1998 já há legislação apontando os riscos e as formas de manejo e combate aos javalis, que destroem plantações e podem colocar em risco a sanidade dos rebanhos.
Os técnicos destacaram a importância da reunião para discutir esses temas, até para a construção de alternativas e a contribuição de políticas mais efetivas, sendo vital o combate efetivo desses animais, que colocam em risco a suinocultura brasileira, já que o país é o quinto maior exportador de carne de suínos no mundo. Para eles, é preciso unir todas as iniciativas para eliminar o risco da proliferação dos javalis no território brasileiro.
Também reiteraram a necessidade de os produtores rurais registrarem suas perdas com javalis. Além da destruição de plantações, os animais podem levar contaminação aos rebanhos e aos próprios moradores, destacando a necessidade de registro desses danos, a fim de pressionar por políticas mais efetivas no combate aos animais. Questionou-se se essa ação, que inclui caça aos animais, está sendo eficiente, já que os casos continuam sendo registrados em várias regiões do Brasil. Para os profissionais, a melhor forma de se mostrar a importância de uma legislação efetiva de combate a esses animais é o registro das ocorrências com javalis, para que haja estatística sobre as perdas econômicas e o risco à saúde, acrescentando a importância de capacitação dos produtores para a realização desse controle, ajudando na construção de estatísticas sobre áreas de ocorrência dos animais.
Também focaram na questão sanitária, ilustrando que, com sua associação com morcegos hematófagos, os javalis podem levar um rastro de contaminação aos rebanhos, além de transmitir doenças aos humanos, inclusive pelo consumo “in natura” da carne destes animais abatidos. O Ibama coloca à disposição dos interessados vários materiais para orientação no controle desses animais (download no final do texto). A importação dos javalis foi um projeto que não deu certo e hoje se trabalha para mitigar possíveis impactos econômicos e sanitários. O órgão está preparando uma plataforma que poderá mostrar a movimentação dos animais pelo país e ajudar na solução do problema. Os técnicos apontam que cerca de 60% dos animais abatidos são adultos e, em sua maioria, machos.
A questão do investimento em pesquisas para monitorar os animais também foi levantada durante o evento, com destaque para o combate ao “achismo”, já que os riscos aos produtores rurais são palpáveis. É preocupante os dados apresentados que reforçam a ideia de que faltam políticas públicas consistentes que tenham por objetivo a erradicação da espécie comprovadamente invasora, visto que o maior número de abates é de machos adultos, quando o foco deveria estar nas fêmeas e nos animais mais jovens. Para os pesquisadores, enquanto não for desenvolvida uma política efetiva de erradicação o país está em risco.
O Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali é uma importante iniciativa, mas sua efetividade ainda requer avaliação constante e aprimoramentos para proteger a biodiversidade e os recursos naturais do país. É de suma importância o manejo adequado para enfrentar esse desafio e resguardar os ecossistemas brasileiros dos efeitos nocivos dessa espécie invasora. A continuidade de pesquisas e ações coordenadas são essenciais para controlar a proliferação do javali e preservar a riqueza natural do Brasil.
Faça o download de materiais sobre o controle da população de javalis e demais animais exóticos clicando nos links abaixo:
- Manual de boas práticas para o controle de javali
- O javali asselvajado – Norma e medidas de controle
- Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali (Sus scrofa) no Brasil
- Relatório sobre áreas prioritárias para o manejo de javalis: aspectos ambientais, socioeconômicos e sanitários
- Folder – Plano Javali
- Sumário Executivo do Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali
- Manual de uso do Sistema de Monitoramento de Fauna (Simaf) – Aplicado ao manejo de controle de javalis