É o período onde o criador deve estar atento com os partos para que os animais tenham cuidados especiais, principalmente com itens como a alimentação e a própria tosquia
É temporada de nascimento de cordeiros no Sul. Este é o período onde o criador deve estar atento com os partos para que os animais tenham cuidados especiais, principalmente com itens como a alimentação e a própria tosquia, para garantir saúde e comodidade às ovelhas e aos cordeiros.
Em algumas regiões do Estado os nascimentos já começaram. São regiões que trabalham também com Integração Lavoura-Pecuária e possuem pastagens de inverno, os criadores fazem a cobertura das ovelhas mais cedo e este rebanho está parindo. Geralmente são os ovinos de raças de carne e alguns rebanhos de Merino e Ideal e a ovelha é muito influenciada pelo fotoperíodo, o que também incide na época de nascimento dos cordeiros.
Em outras regiões, como a Fronteira Oeste e a Campanha, muitos produtores planejam o manejo reprodutivo para os nascimentos ocorrerem um pouco mais tarde. Como a base da alimentação dos animais é pasto, o criador tem que se preocupar de fazer a cobertura da ovelhas para nascerem os cordeiros quando a alimentação está abundante. Por isso, algumas propriedades que trabalham em sistema de Integração Lavoura-Pecuária já têm aveia e azevém, já estando planificadas para isso. Esses criadores encarneiram mais cedo, produzem um cordeiro mais cedo, um cordeiro gordo com peso desejado até o final do ano.
Quem trabalha com base em forrageira no campo nativo, o que se aconselha é que os partos iniciem no final de agosto e em setembro, em função do rebrote primaveril. Nestes campos, principalmente na Fronteira, a partir de agora, em agosto e setembro, já começam a rebrotar. Então, esta ovelha vai produzir melhor, terá mais leite e dará um cordeiro mais pesado, e isso aumenta a taxa de sobrevivência dos cordeiros. Então o criador deve procurar encarneirar as ovelhas, tocar para frente e ver quanto terá de alimento disponível na propriedade.
Em função disso, a raça também é um fator importante. Raças de carne também exigem uma disponibilidade maior de alimentação. São ovelhas maiores, exigindo maior cuidado com a alimentação e com a sanidade também. Apesar de no inverno o problema sanitário não ser tão grave quanto no verão, o criador deve estar atento com as esquilas (tosquias). Hoje existem tecnologias de esquilas que favorecem muito a ovelha prenha, como a esquila pré-parto. Atualmente, grande parte dos tosadores já esquilam Tally-hi. A técnica de tosquia tally-hi permite a operação pré-parto de uma forma mais rápida que o método tradicional. A tosquia tally-hi aumenta o conforto e a produtividade dos animais. A técnica, que coloca o exemplar em nove posições, permite a tosa em aproximadamente seis minutos, cerca de quatro vezes mais rápida do que o método antigo, no qual a lã da ovelha é retirada com tesouras e o animal tem de ser amarrado. Então, é perfeitamente possível tosquiar ovelhas prenhas sem causar dano, apenas benefício. Isso é uma ferramenta disponível, com um custo baixo que favorece bastante para a ovelha manter boa condição corporal, tudo vinculado com a alimentação.
Em outras regiões do país não há uma temporada específica de nascimentos, como no Norte e Nordeste, mas alguns cuidados são necessários nos primeiros momentos de vida dos cordeiros. Por estarem no semiárido o cuidado mais específico é o de guardar alimento para o período seco. Nessa região, o carro chefe na alimentação chama-se palma forrageira. Toda a fazenda de ovinos tem anexo um plantio de palma. Essa palma é uma das ferramentas mais importantes para a alimentação no semiárido, tanto como suplementação normal durante o ano todo como também durante os períodos de estiagem. A planta, originária do México, começou a ser utilizada no Brasil para a alimentação animal mas que as mesmas foram dizimadas pela cochonilha e atualmente se buscam cepas mais resistentes de palma.
Na região, definiu-se um sistema de produção de cordeiros, que é chamado de Mais, que se trata de um modo agroclimático inteligente e sustentável, onde os criadores já criam cordeiros em uma metodologia própria que envolve desde a produção de alimentação, a estruturação da propriedade, o manejo de pastagens. Este sistema não é visto em outros cantos do Brasil. Ainda não está muito difundido. mas os produtores que já aderiram à tecnologia estão tendo muito sucesso, principalmente em três ítens: controle de verminose, porque se faz um corredor de acesso a todos os pastos, produção da quantidade certa de alimento e o uso do Creep Feeding, que é uma ferramenta importante na produção de cordeiro que antigamente era só usado na produção de genética e hoje se utiliza também na carne e com um desenvolvimento muito bom com ausência de perdas e velocidade de crescimento.
Fonte: Gustavo Velloso (Médico veterinário), inspetor técnico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco)
