Os produtores brasileiros começam a perceber as vantagens da formação de um mercado de pagamento por serviços ambientais, entendendo que uma floresta em pé é mais rentável que uma derrubada
Cuidar da preservação de áreas nativas (reservas legais ou áreas de preservação permanente) exige investimento! Mas o que vem se configurando atualmente, é que estas áreas podem render frutos financeiros a seus gestores. Esse mercado vem se estruturando no país.
Preservação e renda podem andar juntos
Já temos exemplos de proprietários que preservam áreas três vezes maiores do que o legalmente imposto pelo governo, que é de 20% do tamanho da propriedade, ou até mais!
Diversas propriedades têm procurado elaborar planos estruturados de ecoturismo, abrindo a porteira para visitas às atrações naturais disponíveis.
O mercado de preservação ambiental vem ganhando força em todo o mundo e o Brasil tem se mostrado preparado para produzir de forma sustentável, gerando renda, através de planejamento de manutenção e de melhoria das áreas ambientais das propriedades rurais.
Área de 10 países europeus é preservada no Brasil pelo agronegócio
Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os produtores rurais preservam 218 milhões de hectares no interior de seus imóveis, área equivalente à superfície de dez países da Europa.
E o melhor: além de cuidar das áreas, os produtores estão desenvolvendo atividades para gerar renda!
Além da possibilidade de rentabilizar por meio de atividades turísticas e culturais, os produtores também podem gerar renda com a venda de créditos de carbono e com o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais).
Mercado de carbono movimentou 2 bilhões de dólares em 2021
A maior parte deste valor foi gerado por projetos do mercado voluntário que é aquele não regulamentado pelos governos.
No Brasil foi publicado um decreto que estabelece procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e instituiu o Sinare (Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa).
Já o PSA foi instituído em janeiro de 2021, com o objetivo de levar benefícios ambientais à sociedade por meio da manutenção, recuperação e melhoria de áreas de vegetação florestal.
E isto é só o começo! Os produtores rurais ainda podem comercializar, por exemplo, as CRAs (Cotas de Reserva Ambiental) que são usadas para compor áreas de reservas legais de propriedades que não possuem o mínimo de vegetação nativa que, por lei. Estas reservas variam de 20% a 80% do total da propriedade, a depender da região (na Amazônia, por exemplo, vale o máximo).
Proprietários rurais de áreas em todos os biomas nacionais começam a encontrar formas de preservar tendo acesso ao capital proveniente de empresas que querem mostrar ao seu público consumidor que fazem muito mais que apenas a neutralização do carbono.
Brasil: potência verde global
Ainda que embrionário, o mercado de PSA no Brasil começa a se estruturar para atrair um capital que não é pequeno. No mês passado, um estudo apresentado pelo Boston Consulting Group, intitulado “Brazil Climate Report 2022: Seizing Brazil’s Climate Potential”, durante o Brazil Climate Summit, em Nova York, apontou que o país pode atrair até US$ 3 trilhões em investimentos para meio ambiente até 2050.
As oportunidades calcadas nos pilares de carbono, energia, agricultura e bens industriais sustentáveis reforçam ainda mais o Brasil como uma potência “verde” global.” No caso da agropecuária, o estudo aponta que o país pode ser líder em reflorestamento.
Os chamados estão por toda parte. Vai dos grandes projetos em sistemas integrados, como a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) que já está implantada em 17 milhões de hectares, área quase duas vezes o tamanho de Portugal, mas ainda é pouco e se espera pelos menos o dobro dessa área, às pequenas ações.