Purunã é um bovino composto que resulta do cruzamento de quatro raças, agregando rusticidade, rendimento de carcaça e habilidade materna
Animal de grande porte, carne macia, abate precoce e adaptação à diferentes climas. Essas são algumas das características da raça do bovino de corte que nasceu no estado do Paraná e comemora cinco anos do seu reconhecimento oficial pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Purunã. Para celebrar o aniversário, o IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) lança o projeto Unidades Referência Purunã para disseminar a raça ainda mais pelo estado.
A expectativa do projeto é contribuir com a agricultura paranaense, pois o purunã é desenvolvido no estado, mas vai para o Brasil todo por ser um animal de fácil manejo e que se adapta a diferentes climas. O instituto pretende continuar com a disseminação da raça e atender àqueles produtores que precisam da ajuda do estado.
O projeto prevê a capacitação de técnicos e a seleção de produtores para criação de animais com a assessoria do IDR-Paraná. Técnicos das regiões dos Campos Gerais e do Vale da Ribeira participaram de um treinamento para conhecer melhor as características da raça e , numa segunda etapa, estes mesmos técnicos serão capacitados para dar assistência a alguns produtores, que serão escolhidos pelo IDR-Paraná, para receber touros da raça pura para reprodução.
Tecnicamente, purunã é um bovino composto. Isso significa que resulta de cruzamentos entre outras raças, no caso, animais charolês, aberdeen angus, caracu e canchim. Ao associar o melhor dessas quatro raças os especialistas apontam que animais purunã são capazes de manter alto desempenho em diversas condições de topografia e de temperatura ambiente. Com isso, interessam aos mais variados perfis de criadores, do mais simples ao mais especializado, para uso em confinamento ou manejados a campo.
Para produtores que já trabalham com a raça, todas as características fazem com que o trabalho seja lucrativo e fácil. O abate precoce, a facilidade para se adaptar a qualquer clima e tipo de solo fazem com que a raça tenha mais rendimento.
Os animais foram desenvolvidos na fazenda modelo do IDR-Paraná que fica em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do estado. Na fazenda, hoje, existem cerca de 1.600 cabeças de gado que são cuidadas com muito zelo.
Também são pontos de destaque e bastante elogiados da raça purunã a distribuição equilibrada de gordura e o elevado rendimento da carcaça, assim como a alta qualidade da carne, que tem excelente marmoreio, de acordo com os técnicos. Denomina-se marmoreio a gordura entremeada nos cortes, que dá maciez, suculência e sabor amanteigado à carne. Para os pesquisadores, são muitos os pontos que fazem com que esta raça seja exclusiva e agregue características de interesse tanto do produtor quanto do consumidor. É a única raça de bovino para corte criada no Brasil por um centro estadual de pesquisa e suas características alcançadas graças ao cruzamento de outras raças de qualidade faz com que o purunã ganhe cada vez mais adeptos.
Para que a oficialização da raça fosse efetivada foi necessária a criação da Associação Brasileira do Purunã que auxilia tanto na disseminação da raça quanto na organização dos produtores. Os mais de 40 produtores que são associados atualmente estão satisfeitos com o retorno obtido. O purunã é um patrimônio do Estado do Paraná e a pesquisa do estado foi muito feliz e satisfatória trazendo progresso para os produtores do país todo, inclusive para os pequenos e médios.
A raça já está em quase todos os estados do Brasil, mas ainda pode ser melhor explorada, inclusive no seu estado de origem. Com uma carne de qualidade já desenvolvida e após a capacitação destes técnicos, serão selecionadas as propriedades que receberão reprodutores para produzir bezerros mestiços que tenham alto valor agregado na hora da venda e, desta forma, ampliar a oferta da carne do purunã nos mercados. A carne é extremamente macia, suculenta, com bom acabamento de gordura. O purunã superou todas as expectativas.
Investimento em pesquisa
A ideia de desenvolver uma nova raça surgiu ainda no início da década de 1980, em Ponta Grossa, a partir de bons resultados obtidos em uma investigação que os pesquisadores do IDR-Paraná conduziam sobre a eficiência na produção de carne em cruzamentos alternados envolvendo charolês-caracu e aberdeen angus-canchim.
Foram quase quatro décadas de cruzamentos e seleções sucessivas e controladas até que fosse possível agregar os melhores atributos de cada uma das raças formadoras — caracu e canchim transmitiram rusticidade, tolerância ao calor e resistência aos carrapatos; charolês contribuiu para dar velocidade ao ganho de peso, grande rendimento de carcaça, elevado porcentual de carnes nobres e pequena capa de gordura; já o angus deu precocidade, tamanho adulto moderado e temperamento dócil, além de alta qualidade de marmoreio na carne. A habilidade materna e a boa produção de leite pelas vacas, características importantes para o manejo dos rebanhos herdadas de caracu e angus, são também atributos que se destacam nos animais purunã.
Todo o trabalho de desenvolvimento da raça foi conduzido na Estação Experimental Fazenda Modelo, unidade de pesquisa do IDR-Paraná em Ponta Grossa, próxima à Serra do Purunã, da qual ganhou o nome em homenagem ao acidente geográfico.