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Pequenos produtores adotam bucha vegetal como opção de renda

Bucha vegetal

O cultivo da bucha vegetal ou esponja vegetal ou simplesmente bucha (Luffa cylindrica) tem se destacado como uma alternativa rentável para pequenos produtores. Apesar de estar à margem das grandes culturas agrícolas, a bucha vegetal tem importância significativa na agricultura familiar, contribuindo para a geração de trabalho, renda e economia circular. Com uma localização privilegiada, que possibilita boas produções e boas rendas tanto em culturas de verão quanto de inverno, atualmente no Paraná, a cultura ocupa 104 hectares, com produção estimada em 2,3 milhões de unidades. O Valor Bruto da Produção (VBP) da bucha vegetal alcançou R$ 5,4 milhões em 2023. A atividade está presente em 41 municípios e distribuída em seis Núcleos Regionais (NRs). A região de Maringá lidera o setor, concentrando 66,3% da produção, seguida por Londrina, com 20,4%. O município de Marialva se destaca como principal produtor, com 30 hectares cultivados, produção de 800 mil unidades e um VBP de R$ 1,9 milhão.

O uso da bucha vegetal vem crescendo, impulsionado pela busca por produtos ecológicos e sustentáveis, além das recomendações de especialistas para substituição das esponjas sintéticas. A bucha vegetal nasce em uma planta trepadeira asiática da família das cucurbitáceas, a mesma da melancia e do pepino, e como pertencente ao gênero Luffa é por vezes chamada simplesmente por Lufa. A planta produz um fruto, muito parecido com o pepino. Seus frutos maduros e secos são utilizados como esponja vegetal. No interior do fruto é que desenvolve a esponja fibrosa, que é extraída e vendida em feiras e lojas de produtos naturais e orgânicos, usada principalmente como esponja de banho ou para limpeza doméstica. Mas há outros usos devido a suas propriedades como isolante acústico e térmico e seu poder de filtragem. Também há histórico de utilização na medicina caseira. Por ser biodegradável e reciclável é considerado um produto mais sustentável que esponjas sintéticas.

Plantio de bucha vegetal - Foto: André Munhoz
Plantio de bucha vegetal – Foto: André Munhoz

É uma planta característica de clima tropical ou subtropical, sendo ideal que as temperaturas ultrapassem 16°C embora existam cultivares de bucha adaptadas a climas mais frios. A planta requer algumas horas de luz direta do sol por dia. O plantio é realizado em solo com boa drenagem e alta fertilidade, com boa carga de matéria orgânica e pH entre 6,0 e 7,5. Quanto à irrigação da bucha, ela deve ser realizada de modo a manter o solo úmido (nunca encharcado). A propagação se dá por meio de sementes tanto em local definitivo como por mudas.

As covas para plantio devem possuir de 25 a 50 centímetros de diâmetro e devem ser adubadas. Em cada cova, devem ser depositadas de duas a cinco sementes a uma profundidade de 2 ou 3 centímetros. Quando as mudas atingirem 10 centímetros de altura, as mais fracas devem ser descartadas (por cova devem permanecer apenas uma ou duas plantas vigorosas). Quanto ao espaçamento, dependendo da variedade de bucha cultivada e pode variar de 2 x 2 metros a 5 x 5 metros. Como a bucha é uma trepadeira, ela necessita de suporte para conduzir o seu crescimento. Podem ser utilizados cercas, espaldeiras ou caramanchões, onde as gavinhas consigam se fixar facilmente. Esses suportes devem ser resistentes para uma adequada sustentação das ramas e dos frutos.

Para a polinização das flores e a formação dos frutos da bucha, na área de cultivo, deve haver insetos polinizadores, como as abelhas. Caso contrário, a polinização deve ocorrer, manualmente, com o auxílio de um pequeno pincel com cerdas macias. A colheita de bucha ocorre após quatro meses do plantio. Em alguns casos, dependendo da variedade, das condições de cultivo e de outros fatores, as buchas são colhidas mais de seis meses após o plantio. Depois de colhidos e secos, retira-se as sementes e as cascas. Seu ciclo vital é de doze meses.

O fruto ainda verde - Foto: lanis Moura Barbosa/SEAB
O fruto ainda verde – Foto: lanis Moura Barbosa/SEAB

Respeitadas as recomendações dos médicos dermatologistas e sendo um produto ecológico por natureza, a bucha vegetal é cultivada comercialmente, porém a maioria das pessoas nem imagina, mas existem muitas formas de contribuir para um consumo consciente e sustentável. É o caso, por exemplo, da bucha sustentável. Um produto simples, barato, mas muito utilizado pelas pessoas. A bucha natural tem diversos benefícios para a saúde, para o meio ambiente e para a economia também:

  • Ampla utilização: as buchas podem ser utilizadas em diversas aplicações em nosso dia a dia. Seja para lavar a louça, o carro, ou tomar banho, esponjas marcam presença nos momentos de higiene e limpeza de todas as pessoas, em qualquer processo de limpeza e substituir a opção comum (as esponjas artificiais) por algo muito mais saudável. Como ela possui uma textura fibrosa, ela não arranha os objetos e nem a pele. É um verdadeiro toque da natureza macio e confortável para manter-se limpo e livre de bactérias em seu corpo.
  • Natural e biodegradável: outro ponto a favor da bucha vegetal é que ela é 100% natural e biodegradável. Isso quer dizer que é extraída da natureza e se decompõe rapidamente, o que soma pontos na hora de descartá-la. As opções sintéticas levam anos para serem decompostas e excluídas do meio ambiente. Enquanto isso elas ficam poluindo rios, lagos, lençóis freáticos, o solo e até os oceanos. Contar com uma opção sustentável e consciente é determinante para reduzir a quantidade de lixo que produzimos e o impacto de nossas escolhas na natureza.
  • Dura até seis vezes mais: o material de que a bucha é feita é muito mais resistente do que aqueles que encontramos nas diversas bucha sintéticas, o que garante que o consumidor terá esse produto por mais tempo, além de economizar um bom dinheiro. É preciso comprar seis buchas convencionais, enquanto a opção natural durará o mesmo tempo. É economia e escolha inteligente para todos. Além disso, a bucha natural é mais resistente a bactérias e micro organismos, desde que seja utilizada da forma adequada. Essa resistência também contribui para que ela dure mais tempo e possa ser utilizada por um período muito maior.
  • Contribui para o negócio local: a melhor parte de fazer escolhas naturais e sustentáveis é estimular o negócio local e a agricultura familiar. Há produtores especializados no cultivo dessa planta e na extração da bucha natural. Comprar esse produto em seu dia a dia é contribuir para o sustento de famílias inteiras e valorizar produtos tradicionais. Afinal de contas, por que comprar uma opção industrializada e muitas das vezes importada quando se tem um produto melhor e mais barato nacionalmente? Não faz sentido!
A esponja usada convencionalmente, demora mais de 400 anos para se decompor no meio ambiente e, após o uso, não é reciclada. A esponja vegetal é uma alternativa às sintéticas, se decompõe em 2 meses e serve de adubo - Fonte: Instituto Pindorama
A esponja usada convencionalmente, demora mais de 400
anos para se decompor no meio ambiente e, após o uso,
não é reciclada. A esponja vegetal é uma alternativa às
sintéticas, se decompõe em 2 meses e serve de adubo
Fonte: Instituto Pindorama

Contudo, a bucha natural, como qualquer outro produto similar, precisa de cuidados especiais para durar mais tempo e evitar a contaminação por bactérias e outros micro organismos. Sabendo-se que o produto será usado para limpeza e higiene, isso quer dizer que invariavelmente será exposto a impurezas. Portanto, não esqueça de tomar cuidados básicos para evitar complicações e manter a sua bucha natural intacta. Veja algumas dicas úteis nessa hora:

  • Lave a bucha após o uso para remover as impurezas;
  • Deixe-a secar exposta ao sol;
  • Não guarde a bucha úmida ou molhada;
  • Evite deixa-la em locais com pouca circulação de ar e muito quente, pois contribui para a proliferação de bactérias;
  • Coloque a bucha no micro ondas por alguns segundos, uma vez por semana, para matar as bactérias;
  • Outra opção é deixa-la mergulhada em água sanitária que tem o mesmo efeito;
  • Não passe a bucha em cima de ferimentos;
  • O uso da bucha é individual e não é recomendável ser compartilhado com ninguém;
  • Troque de bucha a cada seis meses, ou quando ela mudar de cor ou cheiro.

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