Alterações de temperatura podem impactar negativamente a pesca, principalmente no Ártico Pacífico onde ocorre o declínio da maioria das espécies estudadas
Uma pesquisa recente, realizada por uma equipe da Universidade de Hokkaido, da Universidade de Tóquio e do Instituto Nacional de Pesquisa Polar, alega que as mudanças climáticas são uma ameaça à pesca global, principalmente à atividade da região do Ártico Pacífico.
A pesquisa, publicada no jornal PLOS ONE, foi realizada a partir de uma modelagem bioeconômica para estudar como a abundância e distribuição de oito espécies de peixes e invertebrados marinhos podem mudar sob uma série de cenários climáticos entre 2021 a 2100.
Para isso, foram estipulados parâmetros biológicos, como a taxa de crescimento populacional e a taxa de mortalidade por pesca, e parâmetros econômicos, como os custos e rendimentos associados à pesca de cada espécie. Além disso, foram incluídos quatro possíveis cenários socioeconômicos: desenvolvimento sustentável, meio-termo, rivalidade regional e desenvolvimento movido a combustíveis fósseis.
A simulação sugere que sob níveis baixos a moderados das mudanças climáticas, os ecossistemas marinhos poderão sofrer apenas impactos econômicos limitados entre o presente e 2040. No entanto, um aquecimento extremo, incluindo a perda de gelo marinho, teria impactos mais graves. Em geral, todos os cenários climáticos apontam para o declínio da maioria das espécies estudadas. Isso, principalmente, devido à perda do habitat e às temperaturas mais quentes da água no leste do Mar de Bering.
O leste do Mar de Bering e o Mar de Chukchi, que contêm oito das pescarias mais produtivas do mundo, já estão passando por mudanças climáticas significativas que contribuíram para o colapso de duas espécies importantes para o consumo humano, o caranguejo-da-neve (Chionoecetes opilio) e o bacalhau-do-Pacífico (Gadus macrocephalus). Por outro lado, mesmo no cenário climático mais extremo, previa-se que a abundância do bacalhau-do-Pacífico (Gadus macrocephalus) aumentaria, enquanto a do caranguejo-da-neve (Chionoecetes opilio) diminuiria.
A magnitude das mudanças na abundância variou entre as espécies, identificando potenciais vencedores e perdedores no âmbito das mudanças climáticas e sugerindo a potencial reestruturação das futuras comunidades marinhas na região do Pacífico Ártico. A pesca marinha é uma fonte essencial de proteínas para uma grande parte da população mundial. Além disso, ela apoia cerca de 390 milhões de meios de subsistência. Portanto, os pesquisadores apontam a necessidade de criar soluções inteligentes, baseadas no clima, para proteger e preservar a atividade pesqueira mundial, mantendo seu poder econômico e evitando a insegurança alimentar.