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O que levar em conta no planejamento forrageiro

Gado pastando

Instrumento capaz de proporcionar a sustentabilidade da pecuária brasileira

O Brasil possui uma extensa área de pastagem, mas sempre algum grau de degradação do sistema pode ser identificado. Esse manejo de pastagens inadequado provoca baixo desempenho animal, limita a taxa de ocupação das áreas e ainda pode trazer prejuízos ambientais severos. Daí a importância do planejamento forrageiro como um instrumento capaz de proporcionar a sustentabilidade da pecuária brasileira.

Conceito e elaboração

O planejamento forrageiro é um instrumento elaborado para que o pecuarista possa visualizar sua atuação futura com uma abordagem global, num período mínimo de 3 anos. Ele permite que se possa montar uma previsão de longo prazo para administrar a maior parte dos fatores do empreendimento que podem ser controlados, de forma a facilitar e trazer mais assertividade ao manejo pecuário.

Pastagem degradada
Pastagem degradada

A projeção do planejamento forrageiro é a longo prazo, principalmente porque os ciclos da pecuária são longos, como o tempo de gestação e desmame do bovino, que somados totalizam em média 15 meses. A duração de um ciclo completo dos bovinos vem se reduzindo por conta da diminuição na média da idade de abate, que agora dura em média cerca de 5 a 6 anos.

O que tem levado à adoção desse instrumento não está relacionado apenas com a otimização dos sistemas produtivos. Até porque o planejamento forrageiro muitas vezes é visto como um instrumento mais complexo, que demanda muita seriedade na coleta de dados, constância de trabalho e conhecimento.

A própria condução inadequada da atividade pecuarista está criando um cenário insustentável para a atividade, com:

  • Manejo incorreto do sistema;
  • Atividade sem planejamento e investimento;
  • Técnicas ultrapassadas;
  • Animais com baixo desempenho.

Ainda se adota muito a forma extrativista de conduzir a pastagem sem qualquer adubação de reposição/manutenção e tempo de descanso e rebrotação. Se o agricultor coloca um animal que pesa 200-300 Kg e retira um animal de 400-500 Kg para ser abatido, essa diferença de peso que o animal ganhou saiu do solo e precisa ser reposta.

Reforma de pastagem - correção do solo

Com cerca de 90 milhões de hectares apresentando algum grau de degradação, o pecuarista vem perdendo uma série de oportunidades que a atividade poderia estar proporcionando, como:

  • Produção de alta performance com possibilidade para alcançar 10 arrobas por ano (R$ 3000/ha);
  • Boa taxa de lotação, que poderia chegar a até 5 unidades animais por hectare.

A baixa qualidade das pastagens degradadas está impulsionando um problema ambiental muito sério: a maior emissão dos gases do efeito estufa. Acabamos perdendo o potencial que as pastagens tem para captar e converter CO2 (gás carbônico) atmosférico. Além disso, o pasto de baixa qualidade ingerido pelos animais tem um baixo aproveitamento, que se reflete numa maior emissão de gases do efeito estufa.

Nesse cenário, o planejamento pode ser visto como uma solução muito relevante, uma vez ele proporciona o planejamento global da atividade pecuária a longo prazo. Mas como ele é feito?

Por onde começar

O planejamento forrageiro se baseia na premissa de ajustar a produção vegetal com a demanda animal, cuidando da base do sistema produtivo: o solo. Quando o pecuarista cuida das características físicas, químicas e biológicas do solo e trata as pastagens como uma cultura, consequentemente os animais vão ter uma boa resposta.

Pastagem irrigada
Pastagem irrigada

Entretanto, o planejamento forrageiro nunca deve ser visto como uma ciência exata. Existem diversos tipos de estresses bióticos e abióticos que podem interferir mesmo quando todos os componentes do sistema estão sendo manejados corretamente.

Dessa forma, o pecuarista deve sempre realizar o ajuste do sistema para corrigir os resultados não satisfatórios e controlar quando estiverem dentro do esperado. Para isso, ele vai estar constantemente envolvido com as diferentes etapas temporais cíclicas do planejamento forrageiro:

  • Longo prazo – envolvem as políticas gerais da propriedade, como o número de animais de rebanho;
  • Médio prazo – envolvem as decisões mais específicas, como a coleta de dados vegetais;
  • Curto prazo – envolvem as decisões instantâneas, como o ajuste diário do tempo de ocupação e descanso dos piquetes.

Recomenda-se um maior cuidado em relação à coleta e ao tratamento dos dados. Exemplo é a instabilidade climática dos últimos anos que tem levado à redução dos ciclos climatológicos. Por isso, é recomendado a análise de série de dados de pelo menos 10 anos.

Uso da régua de manejo de pastagem
Uso da régua de manejo de pastagem

Gestão do planejamento forrageiro

Pelo alto volume de informações e análises necessárias para a tomada de decisão, é recomendável que o pecuarista conte com algum sistema para gerir seus dados. Além disso, é bom que ele sempre envolva a participação de profissionais especializados, principalmente nas fases iniciais de construção e implementação do planejamento forrageiro.

É importante ainda tratar diferentemente os dados de acordo com as estações de chuvas e seca, pois cada uma apresenta particularidades que podem potencializar ou reduzir o desempenho dos componentes do sistema.

Concluindo: O planejamento forrageiro é uma ferramenta que todas as empresas e profissionais autônomos utilizam, e mesmo com a variação das metodologias proporcionadas pelas diferentes tecnologias, o princípio da ferramenta continua sendo o mesmo.

Prof. Dr. Ossival Lolato – Zootecnista, UFBA
Fonte: Agrolink

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