Ferramenta comprova que os exportadores comercializam cafés com origem monitorada e que respeitam rígidos critérios socioambientais
Assegurar que os exportadores comercializem produtos com origem monitorada e que respeitem aos mais rígidos critérios socioambientais do comércio global. Esse é o objetivo da Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil, que o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) contratou junto à Serasa Experian e que acaba já está à disposição dos embarcadores de café associados que tenham interesse.
Nesse primeiro estágio, a ferramenta conta com a participação de mais de 40 associados do Cecafé, entre empresas nacionais e internacionais, que responderam, em 2022, por aproximadamente 90% dos embarques para a União Europeia e 41% das exportações totais de café realizadas pelo país.
Em tempos nos quais os produtos ecológica e socialmente corretos são muito mais demandados pelo comércio global, com a negociação e a implantação de novas regulações, como o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, em inglês), possuir sistemas que comprovem a completa sustentabilidade dos cafés do Brasil é de fundamental importância para o país se manter como o principal player do mercado.
A Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil compilará informações de inúmeras bases de dados públicas e oficiais, as quais avaliam e monitoram questões socioambientais. Um dos pilares da ferramenta, que trabalha com dados georreferenciados e obtidos por satélite, é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma obrigação legal a todos os produtores de café, estabelecida pelo Código Florestal Brasileiro.
Utilizando dados de geolocalização dos cafeicultores, reforça-se o objetivo de democratizar a informação e proporcionar um cenário de maior transparência ao setor, impulsionando a reputação do café brasileiro, principalmente, para os exportadores da cultura. Hoje, a plataforma personalizada, com base em soluções de sensoriamento remoto, coleta e cruza dados relevantes sobre critérios ESG, que permitem análises dinâmicas e assertivas em diversos aspectos, como níveis de conservação florestal, cultivo agrícola e alertas de desmatamento nas regiões produtoras, garantindo a rastreabilidade do produto ao longo de toda a cadeia produtiva.
Para gerenciar riscos de maneira eficaz, a plataforma permite o monitoramento diário da conformidade socioambiental das áreas de produção, oferecendo, aos exportadores que aderirem à ferramenta, atualizações em tempo real e, consequentemente, a emissão de alarmes em resposta a alterações nas responsabilidades socioambientais.
Além de tudo, a plataforma é auditável, possibilitando aos usuários a personalização dos protocolos conforme suas necessidades para atender aos rigorosos requisitos das leis e padrões de conformidade de empresas globais que compram o café brasileiro. A possibilidade de personalização da plataforma disponível, tanto para o Cecafé, quanto para os usuários da ferramenta, é fundamental pois viabiliza alinhamento com as diferentes diretrizes de conformidade social e ambiental definidas por empresas, governos e outras partes interessadas.
A ferramenta também abre portas para a criação de um protocolo de sustentabilidade aos cafés do Brasil, o que é crucial ao setor exportador, uma vez que a agenda de inovação e transformação digital é inseparável das estratégias para melhorar a competitividade e o reconhecimento dos progressos alcançados em sustentabilidade nas últimas décadas.
A plataforma de rastreabilidade abre caminho para que o setor adote conceitos e ferramentas inovadoras, reduzindo, em última análise, custos operacionais, agilizando a checagem de conformidade socioambiental e simplificando a verificação e a demonstração de conformidade com as regulamentações do setor, gerando confiança, transparência e credibilidade nas parcerias comerciais dos cafés do Brasil com o mundo inteiro.
A aplicação de tecnologias de ponta, como a plataforma de rastreabilidade Cecafé-Serasa Experian, é vital para se obter maior reconhecimento dos esforços, progressos e resultados socioambientais tangíveis alcançados pelo setor cafeeiro nacional e se alinha com as tendências que moldam as novas regras do comércio mundial. Os cafés do Brasil estão prontos para liderar esse processo de sustentabilidade global e permanecer como o principal parceiro cafeeiro do mundo.
A recém-divulgada pesquisa “Percepção do Agro Brasileiro na Europa”, realizada pela OnStrategy sob coordenação da Biomarketing, com patrocínio da Serasa Experian e apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), na Alemanha, França, Reino Unido e República Tcheca, identificou as percepções de 590 mil cidadãos, jornalistas e distribuidores sobre o tema.
Entre os entrevistados, o café brasileiro foi o produto do agro que obteve o maior destaque na percepção europeia, com índice geral acima de 70 pontos sobre reputação positiva. No total, 57% dos europeus informaram desconhecer o agronegócio brasileiro e apenas 11,2% o conhecem bem, o que demonstra a necessidade de o país ter mais clareza sobre sustentabilidade, melhorando a imagem ambiental e social.
A pesquisa trouxe mais entendimento sobre o cenário, tornando possível identificar os principais déficits e pontos de melhoria que precisam ser desenvolvidos e aplicados, principalmente no que diz respeito à comunicação com o exterior. O café já foi identificado como a cultura com os melhores dados de percepção, ainda assim é importante continuar gerando informações, tanto ao setor como sobre ele, para reforçar essa reputação nacional e internacionalmente.
A plataforma de rastreabilidade será mais uma importante ferramenta para fortalecer a marca “Cafés do Brasil”, ampliando a visibilidade positiva do segmento, o que contribuirá, por conseguinte, para o agro brasileiro ser mais conhecido e reconhecido pela europa e, assim, melhorar o diálogo com o consumidor e a cooperação com agentes públicos e privados desse continente.
Nesse primeiro momento, de adaptação e implementação da plataforma, vêm sendo realizadas discussões tecnológicas, envolvendo meios de acesso e utilização de dados da cadeia produtiva do café, além de reuniões destinadas a capacitar as equipes dos exportadores de café que aderiram à ferramenta.