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Pragas de armazenamento podem causar perda de até 10% dos estoques de grãos

Silo sendo abastecido por sistema de elevadores que facilita a movimentação vertical dos grãos

A infestação de pragas em armazéns de grãos pode resultar em perdas financeiras significativas para os produtores. Além do prejuízo direto causado pelos danos aos grãos, a presença de pragas também pode levar à rejeição de lotes pelos compradores devido à contaminação. Isso resulta em perda de receita e impacta negativamente a rentabilidade dos negócios. Um controle de pragas eficaz reduz as perdas financeiras ao preservar a qualidade dos grãos e garantir sua aceitação no mercado.

Temidas pelos produtores de alimentos, pragas como o caruncho-dos-cereais e o besourinho-do-fumo são um problema grave que afetam diretamente o armazenamento após a colheita. Segundo dados do Ministério da Agricultura (Mapa) e da Food and Agriculture Organization (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), as perdas anuais em grãos armazenados no Brasil podem chegar a 10%.

Além do prejuízo em quantidade, é preciso considerar as perdas qualitativas, que podem comprometer todos os grãos produzidos ou classificá-los com menor valor agregado. Tendo isso em mente, é muito importante que os produtores rurais sigam alguns protocolos de manejo integrado de pragas para evitar o problema ao conhecer o comportamento de cada uma delas, divididas entre primárias e secundárias.

Basicamente, as pragas se dividem em três grupos:

Pragas primárias – atacam grãos íntegros e sadios, uma vez que elas perfuram o grão e se alimentam do interior, o que permite que se desenvolvam e completem o ciclo de vida, causando danos econômicos consideráveis. São divididas em dois subgrupos:

Internas – possuem mandíbulas desenvolvidas que rompem as películas protetoras e penetram nos grãos, completando ciclo reprodutivo dentro do grão (caruncho, gorgulho-do-milho, traça-dos-cereais)
Externas – aquelas que se alimentam da parte externa dos grãos (traça-do-amendoim)

Pragas secundárias – ocorrem em baixas populações, e, por isso, raramente provocam danos econômicos ou exigem medidas de controle. Se alimentam de grãos quebrados ou previamente danificados por pragas primárias, infestando quase todos os grãos armazenados, especialmente seus subprodutos como farinhas, fubá, farelos e rações (besouro Tribolium)

Pragas associadas – não atacam os grãos, mas alimentam-se de detritos e fungos, afetando a qualidade e o aspecto do produto armazenado (ácaros, besouros Tenebrio, parasitóides, predadores).

Segundo os técnicos, as pragas que mais afetam o armazenamento nacional de grãos são o caruncho ou gorgulho dos cereais (Rhyzopertha dominica), gorgulho do arroz (Sitophilus oryzae), gorgulho do milho (Sitophilus zeamais), o besouro castanho (Tribolium castaneum), o besourinho-do-fumo (Lasioderma serricorne) e a traça-dos-cereais (Ephestia kuehniella).

Pragas de grãos armazenados

O caruncho é considerado a principal praga de armazenamento do trigo, mas pode atacar também cevada, triticale, arroz, aveia e milho. São espécies muito semelhantes e podem ocorrer juntas na massa de grãos ou sementes de trigo, milho, arroz, cevada e triticale, tanto no campo como no armazém. Já o besouro castanho ataca todos os tipos de cereais moídos, como farelo, rações, farinhas, fubá e grãos quebrados, defeituosos ou já atacados por outras pragas, além de raízes de gengibre, frutos secos, chocolate, nozes e grãos de leguminosas, causando sua deterioração e resultando em prejuízos à produção. Na soja, em específico, uma ocorrência bastante comum é a do besourinho-do-fumo. O inseto é reconhecido por perfurar as sementes e grãos e, consequentemente, afetar a qualidade do produto.

O primeiro passo para realizar o controle de pragas durante a estocagem de grãos é identificar as espécies que podem estar presentes, seus hábitos alimentares e de reprodução, entenda e identifique o que pode fazer com que ela se prolifere e afete a qualidade dos grãos e a produção como um todo. Assim, pode escolher e colocar em prática a medida de controle mais eficiente e alinhada à praga em questão.

Limpeza e fumigação

Antes de receber novas cargas a cada safra, é essencial que as unidades armazenadoras de grãos e de sementes estejam limpas e isentas de insetos, ácaros, fungos e roedores. Outros pontos a serem observados são a existência de ventilação e as condições de temperatura e umidade relativa adequadas para o recebimento dos cultivos.

Limpeza do silo

Além da limpeza, a fumigação do espaço pode ser feita de maneira preventiva com inseticidas inorgânicos à base de fosfeto de alumínio, precursor da fosfina, que atuam em todas as fases de desenvolvimento do inseto e têm boa penetração em locais inacessíveis às pulverizações.

Durante o processo de fumigação, o calor e a umidade relativa do ar aceleram a liberação da fosfina, ocorrendo o contrário válido para o frio e ar seco. O tempo de exposição do produto varia de acordo com as condições ambientais durante a aplicação. Assim, a temperatura de 25℃ é a ideal para realizar o processo.

A dose a ser aplicada é medida em função do volume do lote de grãos/silos e praga-alvo. Caso o silo esteja cheio de grãos, em aplicações curativas, é recomendável nivelar a superfície onde serão depositadas as pastilhas antes de realizar a fumigação para facilitar a vedação com lona e evitar o escape do gás.

A iniciativa, realizada com equipamentos de proteção, marca os cuidados necessários para o controle das diferentes pragas, reforçando a importância em se manter a qualidade dos grãos e a entrega de alimentos saudáveis e com todas suas características e benefícios preservados. Lembrando sempre que todo esse processo deve ser orientado e acompanhado por profissional habilitado.

A manutenção preventiva dos equipamentos utilizados na estocagem de grãos também é fundamental para evitar a infestação por pragas. É importante manter os silos e armazéns em bom estado de conservação, realizando reparos e trocas de peças quando necessário. Além disso, é recomendável realizar inspeções periódicas para identificar possíveis problemas e corrigi-los antes que se tornem mais graves.

Além disso, para que o processo de expurgo seja bem-sucedido, é indispensável que a estrutura do silo ou armazéns esteja completamente vedada. Essas estruturas geralmente não são hermeticamente fechadas, o que, inclusive, pode facilitar o acesso de animais ao seu interior. Logo, sem vedação, o gás escaparia pelas fissuras das paredes.

O monitoramento constante também é uma medida de controle fundamental para garantir a eficácia das ações adotadas. É importante realizar inspeções regulares nos silos e armazéns, verificando a presença de pragas e avaliando a eficácia dos produtos utilizados. Além disso, é possível utilizar armadilhas e outros dispositivos para monitorar a presença de pragas e identificar possíveis infestações antes que elas se tornem mais graves.

A armazenagem de grãos está sujeita a regulamentações e normas rígidas, tanto em níveis nacionais quanto internacionais. Essas diretrizes incluem requisitos específicos para o controle de pragas em armazéns de grãos. Ao implementar um programa de controle de pragas eficiente, os armazéns garantem a conformidade com as regulamentações, evitando problemas legais e prejuízos à reputação.

A estocagem de grãos é uma atividade fundamental para garantir o abastecimento de alimentos em todo o mundo. Entretanto, durante esse processo, é comum a ocorrência de infestações por pragas que comprometem a qualidade dos grãos armazenados. Por isso, é importante realizar o controle de pragas de forma eficiente, para evitar prejuízos e garantir a segurança alimentar, além de garantir a manutenção das estruturas.

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