O agro está sendo forçado a se adaptar às práticas ESG para aproveitar oportunidades a serem exploradas e não ser submetido a bloqueios na exportação de seus produtos
As práticas do ESG estão em alta em função da crescente preocupação dos mercados internacionais com os impactos das mudanças climáticas no fluxo das cadeias produtivas. Essas ações estão no foco das discussões em diversos segmentos. Não seria diferente em um dos setores mais relevantes do país: o agronegócio, que corresponde a quase 30% do PIB Nacional. Nesse cenário, as diretrizes e recomendações relacionadas a ESG ganharam mais destaque após a pandemia, que aumentou a pressão por uma produção social e ambientalmente correta em todas as áreas, inclusive no setor do agronegócio.
Afinal, o objetivo é evitar os prejuízos causados por crises econômicas e sanitárias como as provocadas pela COVID-19. Por isso, a tendência é que a pressão pela adesão à Agenda ESG no agronegócio aumente nos próximos anos. No Brasil, tais práticas ainda estão sendo implementadas no setor. No entanto, empresários do setor agrícola já enfrentam dificuldades para implementar essa agenda, especialmente às práticas ligadas à governança.
O que é ESG?
ESG é uma sigla em inglês que significa environmental, social and governance, que traduzido para o português significa ambiental, social e governança. Esse conceito representa os fatores que devem ser considerados para otimizar a operação de uma empresa, independente do seu segmento de atuação, com o objetivo de se tornar mais responsável do ponto de vista ambiental, social e econômico. Esse modelo de gestão está diretamente ligado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, criado pela Organização das Nações Unidas para combater as vulnerabilidades sociais como um todo.
O ESG busca reduzir os impactos negativos e aumentar os positivos nas esferas ambientais, sociais e de governança, estando relacionado diretamente com a forma de administração e gerenciamento da empresa.
Por que implementar a ESG no agronegócio?
Investir em práticas de ESG no agro permite que o agricultor solicite acesso às certificações ou selos sustentáveis ESG para seus produtos agrícolas. Essas certificações comprovam que o produto ou serviço oferecido por uma empresa realmente seguem os princípios da sustentabilidade. Como consequência, o agricultor que adquire esse selo comprovando que desenvolve uma produção sustentável, obtém vários benefícios que justificam a adoção dessa agenda. Conheça algumas dessas vantagens abaixo:
-Acesso a taxas de juros menores
Diversos bancos e instituições financeiras já oferecem taxas de juros menores para empresários que comprovam a adoção de práticas mais sustentáveis, o que facilita o acesso à crédito. A tendência é que essa política de taxas de juros reduzida aumente nos próximos anos, estimulando a adoção da agenda ESG. Quando uma empresa aplica práticas ESG, ela passa a poder acessar fundos de investimento que, do contrário, não poderia. De forma geral, o custo desse dinheiro é bem mais baixo, ainda que condicionado a metas ambientais e sociais que podem ser agressivas.
-Abertura para novos mercados
Apesar de ser um dos líderes do agronegócio global, o Brasil tem enfrentado a pressão por adotar práticas mais sustentáveis na produção agrícola. Mesmo sendo uma referência na produção de commodities, os agricultores brasileiros já enfrentam dificuldades para acessar mercados mais exigentes, especialmente nos países desenvolvidos. Nesse contexto, o agricultor que apresenta uma certificação ESG consegue ultrapassar essa barreira e fazer negociações com clientes estrangeiros mais facilmente. Investir nesse conceito é aumentar as exportações, já que produtos com mais qualidade tendem a ganhar destaque no mercado internacional. Existe um mercado consumidor disposto a pagar um prêmio por produtos sustentáveis e que valorizam marcas que efetivamente contribuem para a preservação do meio ambiente e para a redução das desigualdades sociais. Nessa vertente, é importante verificar que isso não significa que uma empresa irá mudar completamente seu mercado consumidor ao adotar estratégias ESG, mas que ela poderá acrescentar uma camada de compradores endinheirados e dispostos a pagar mais ao seu público habitual.
-Aumenta o lucro por safra
Como a certificação ESG permite o acesso a novos mercados nacionais e internacionais, o agricultor brasileiro também é beneficiado com o aumento da rentabilidade da sua produção. Além dessa expansão de clientes, o produtor pode mudar a forma de fazer negócio, adotando um posicionamento mais estratégico que destaca a sustentabilidade e o diferencial da sua produção.
-Atração novos investidores
Investir em práticas sustentáveis também atrai novos investidores para o setor agrícola, dispostos a fazer grandes investimentos para estimular a adoção da agenda ESG. Grandes gestores de ativos mundiais defendem investimentos em empresas que se preocupam com a sustentabilidade a longo prazo. Isso demonstra que os investidores estão alinhados com as tendências do mercado e que querem contribuir para que o desenvolvimento econômico ocorra com apoio de uma gestão socioambiental responsável e transparente. Sem a institucionalização de políticas internas de administração, gestão de riscos, compliance e mitigação do risco de conflito entre sócios e gestores, elas perdem a oportunidade de aumentar seu valor de mercado e reduzir custos de captação.
O que é ESG no agronegócio?
O ESG no agronegócio nada mais é do que a implementação de práticas focadas no meio ambiente, no social e na governança dentro dos negócios ligados com a agropecuária. Essa iniciativa é fundamental, uma vez que o sucesso de uma empresa desse segmento está diretamente ligado com todos esses fatores. Esse processo é uma “via de mão dupla”, já que o efeito estufa, a inviabilização do solo e a seca, por exemplo, acabam prejudicando o cultivo de todas as culturas.
Por outro lado, na ponta da linha, cada vez mais os consumidores estão preocupados com a segurança dos trabalhadores e com a inclusão no ambiente de trabalho, apoiando marcas que se envolvem em iniciativas sociais. Esses consumidores buscam por empresas transparentes e valores similares aos seus, como ética.
Tais ações são uma resposta à demanda crescente do mercado por soluções e cadeias produtivas mais sustentáveis e socialmente responsáveis, características que têm sido cada vez mais valorizadas pelos consumidores, especialmente pelos países desenvolvidos.
Diante dos impactos causados pelo setor agrícola e da importância do agronegócio para a economia brasileira, os produtores que desejam preservar suas negociações comerciais e expandir sua influência no mercado também têm que estar preocupados em adotar as práticas ESG. A adoção da chamada Agenda ESG sinaliza ao mercado o comprometimento do agricultor com o uso de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis, impactando positivamente toda a cadeia de produção agrícola. O produtor precisa implementar estratégias que tornam a produção mais eficiente e inteligente, como o uso de tecnologias agropecuárias.
O que é sustentabilidade no agronegócio?
Quando falamos sobre sustentabilidade no agronegócio, logo pensamos em questões ambientais, mas esse conceito vai além disso. Ter uma operação sustentável significa que ela consegue se manter, o que também está ligado com questões sociais e de governança.
A sustentabilidade no agronegócio envolve a preocupação com o capital humano e a sociedade em geral, promovendo ações que agreguem simplicidade e qualidade de vida a todos, seja em educação, saúde, lazer ou política. No agronegócio significa condições de trabalho adequadas e estimulantes, especialmente quando se considera a dificuldade de encontrar pessoas qualificadas para o trabalho no campo. Nesse sentido, repensar as formas de trabalho de modo a adequar a nova dinâmica do agronegócio é essencial para um desenvolvimento sustentável e produtivo.
O fator econômico não pode ser desconsiderado ao iniciar a implantação de ações sustentáveis em uma empresa. O planejamento financeiro é importante para um negócio sustentável. É válido ressaltar que a sustentabilidade no agronegócio pode incutir em economia significativa de materiais e recursos. Além disso, investir num manejo inteligente da água disponível e em fontes de energia limpa e renovável, também traz inúmeros benefícios. O benefício econômico mais básico é a continuidade do negócio, afinal, um solo degradado e mal utilizado não é capaz de gerar a mesma riqueza de antes. E essa falta de produtividade tem impacto direto no mercado.
Por fim, o pilar ambiental diz respeito à preservação e a conservação da biodiversidade, minimizando os impactos da empresa e evitando desperdícios. As medidas devem ser pensadas no curto, médio e longo prazo. Por isso, é necessário conhecer e estudar as ações possíveis para implementar evitando o exagero na geração de resíduos ou o uso inadequado de matéria-prima, por exemplo.
Ao não seguir as normas regulamentadoras, não oferecer boas condições de trabalho ou ainda colocar os seus colaboradores em risco, por exemplo, o produtor arrisca-se a ter todos os seus processos comprometidos. Por isso, para implementar o ESG no agronegócio, não é apenas uma forma de conquistar mais clientes, mas também uma maneira de otimizar a sua operação.
Como funciona a ESG, suas práticas e como implementar no agro?
Como já vimos, a agenda ESG se baseia em três pilares: meio ambiente, sociedade e governança. Essas práticas exigem que o produtor implemente estratégias alinhadas a esses três pilares. Como esse tripé deve orientar todo o processo produtivo da lavoura, é importante entender exatamente quais práticas estão associadas a cada um desses pilares.
E – Environmental ou Meio ambiente
A questão ambiental passou a ser um valor no agronegócio por conta da cobrança de mercados externos. As práticas de ESG no agronegócio ligadas ao meio ambiente envolvem muitos fatores, uma vez que todo o manejo e cultivo está ligado com o campo. Questões envolvendo o solo, o uso de recursos naturais, a geração de gases poluentes, o uso de pesticidas com impacto ambiental e o desmatamento entram aqui. Todas essas ações têm como objetivo preservar os recursos ambientais para que eles continuem sendo utilizados pelas próximas gerações (sustentabilidade).
Para reduzir o impacto é recomenda-se:
- Redução da poluição do ar (inclusive produção de gás carbônico), do solo e da água;
- Combate ao desmatamento e abertura de novas áreas agrícolas;
- Aumento da biodiversidade com a recuperação de áreas degradadas (reflorestamento);
- Uso de energias de fontes renováveis;
- Gestão de resíduos sólidos;
- Redução do desperdício e reutilização dos produtos utilizados na operação;
- Zoneamento do risco climático da área agrícola e pecuária;
- Implantação de tecnologias de integração da lavoura-pecuária e floresta (ILPF), dentre outras;
- Tratamento e reaproveitamento da água;
- Sistema de coleta da água da chuva;
- Adoção de tecnologias de irrigação que racionalize o uso da água;
- Implementar técnicas de conservação do solo (plantio direto; terraceamento; curvas de nível; rotação de culturas; cobertura morta; etc.);
- Observação à legislação ambiental;
- Diminuição do uso de agroquímicos, como pesticidas e inseticidas;
- Manejo Integrado de Pragas (MIP);
- Boas práticas de produção agroindustrial;
- Respeito ao bem estar animal.
S – Social
A letra S refere-se às relações sociais da empresa rural com os trabalhadores do campo, comunidades e consumidores. As empresas rurais precisam medir os impactos causados na sociedade e na área de abrangência da sua atuação. Essas práticas estão relacionadas com a saúde, segurança e condições de vida dos trabalhadores, com a inclusão de minorias, com remuneração digna e, claro, com a responsabilidade com toda a comunidade que o cerca. Outro ponto importante é priorizar a diversidade da equipe, com oportunidades iguais para todos, independentemente do gênero, raça ou orientação sexual. Também é fundamental o respeito às leis trabalhistas, aos direitos humanos e à proteção de dados da empresa rural.
Isso significa a adoção de práticas como:
- Respeitar as leis trabalhistas e direitos humanos;
- Oferecer boas condições de trabalho;
- Fornecer equipamentos de proteção individual e coletiva;
- Garantir oportunidades iguais para todos, independente do seu gênero, orientação sexual ou etnia;
- Quando for o caso, contratar empresas terceirizadas com responsabilidade observando-se os preceitos da ESG;
- Procurar por iniciativas sociais para contribuir de alguma forma;
- Oferecer treinamentos constantes aos funcionários em todas as áreas de atuação (segurança; máquinas agrícolas; tecnologias; gestão; etc.);
- Fornecer uma boa infraestrutura para a moradia e alimentação;
- Organizar cursos e eventos que envolvam a sociedade e permita a capacitação profissional dos moradores da comunidade;
- Respeitar as leis trabalhistas e a legislação ambiental.
G – Governance ou Governança
Quando se fala de governança, estamos nos referindo a administração da empresa rural, priorizando o estabelecimento de regras de conduta e de gestão. O objetivo é garantir a construção de uma empresa transparente, inclusiva, justa e com um ambiente de trabalho saudável. Um modelo de governança envolve a composição de um conselho de administração e comitês de auditoria. Grande parte dos agronegócios brasileiros são familiares, o que faz com que dicas como criar uma estrutura societária ou mesmo comitês, por exemplo, não façam muito sentido. Em muitos casos, as propriedades rurais podem crescer, mas ainda tem, na sua gestão, características familiares. Mas mesmo nesse tipo de empresa, algumas medidas podem ser tomadas para otimizar a governança. Nesse quesito da ESG é priorizada a a integração da cadeia de valor com fornecedores, indústria e clientes, priorizando a rastreabilidade da cadeia de suprimentos, necessária para diminuir riscos e garantir a integridade socioambiental.
O uso da tecnologia e da digitalização no meio rural é fundamental para a garantia de protocolos, segurança dos dados, potencializando a produtividade e o faturamento no agronegócio. A boa governança prioriza a transparência em todos os níveis, com instituições públicas e privadas e a comunicação com as partes interessadas no negócio.
Esse pilar refere-se ao estabelecimento de uma cultura de compliance (metodologia que leva o conceito ESG para todos os membros da organização) exigindo a adoção de práticas como:
- Ter processos transparentes, implementando processo de rastreamento da produção, permitindo que o seu consumidor final saiba de onde vem seus alimentos;
- Atuar de forma ética, seguindo a legislação;
- Garantir a conformidade regulatória dos produtos;
- Realizar a gestão de riscos, identificando os riscos críticos – aqueles que podem limitar o alcance dos seus objetivos de curto e médio prazos – e responder rapidamente;
- Criar um plano para crescimento do negócio respeitando os valores da organização e a velocidade esperada para alcançar os objetivos;
- Integrar a cadeia de valor com indústrias, fornecedores e clientes, possibilitando o rastreamento do suprimento;
- Estabelecer a estruturação hierárquica da fazenda;
- Qualificação e fortalecimento de gestores, respeitando a cultura de confiança nas pessoas: desenvolver um plano de treinamento para incluir os colaboradores que ajudaram a construir a história da organização;
- Criação de um código de conduta claro e conhecido por todos;
- Práticas anticorrupção;
- Auditorias frequentes;
- Implementação digital promovendo processos mais ágeis, automatizando rotinas e reduzindo custos operacionais, aumentando a performance do campo.
- Definição de um plano estruturado de sucessão e revisão da estrutura societária, engajando acionistas em reflexões sobre oportunidades e desafios. É preciso entender quais são os temas mais relevantes para os acionistas;
- Adoção de conselho de administração e seus comitês de supervisão de acordo com as características e capacidade da empresa;
- Adoção de regulações internacionais e nacionais, observando sempre as mudanças de comportamento do consumidor.
Desafios da agenda de governança da ESG no agro brasileiro
O Brasil é um dos principais players do agronegócio global e lidera a produção e exportação de diversas commodities agropecuárias. Apesar dessas práticas já serem muito utilizadas por empresas de diversos setores, no agronegócio ainda é um desafio.
Em um cenário em que os recursos naturais estão se tornando cada vez mais escassos e ocorre uma previsão de crescimento populacional ainda maior, é necessário refletir sobre o modo de consumo e de produção. Estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que, até 2050, será preciso aumentar a produção de alimentos em 70%.
Em pesquisas realizadas 47% dizem que é tão importante ter acesso a informações ESG quanto a informações financeiras da empresa. O tema da governança e gestão – um dos pilares do ESG – foi apontado como o segundo principal gargalo do setor de agronegócio no Brasil, atrás somente de infraestrutura. A questão ambiental também é vista com atenção. Nesse quesito, 47% dos líderes brasileiros do agronegócio acreditam que suas empresas precisam fazer mais para divulgar seu impacto ambiental, ante 39% do resultado global.
Outro aspecto fundamental para a agricultura brasileira são os reflexos causados pelas mudanças climáticas no setor. De acordo com o estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira, as mudanças climáticas serão responsáveis por inúmeras transformações, como aumento de regiões sem água suficiente para suprir as demandas da população e aumento de pragas em culturas agrícolas, dentre outros. Nesse sentido, as práticas ESG são fortes aliadas para uma agricultura sustentável.
Os problemas na implantação dessa agenda são resultados de vários fatores, como a dificuldade de acesso à informação. Muitos produtores não adotam essa agenda simplesmente porque não entendem ou desconhecem sua existência. Outro fator que contribui para esse cenário é a complexidade da estrutura burocrática em vigor no país. Com tantas leis e normas municipais, estaduais e nacionais, é difícil adotar uma cultura de compliance e seguir todas as normatizações inerentes à atividade agrícola.
O problema é mais grave entre os produtores de pequeno e médio porte, que ainda precisam levantar recursos para lidar com burocracias e despesas associadas à fazenda. Nesse cenário, muitos produtores brasileiros não conseguem adotar o método nem aproveitar suas vantagens. Por isso, o agricultor precisa aprender como implementar essa agenda e modernizar sua produção agrícola. Como pontos básicos para se iniciar um processo de ESG na empresa agrícola, empresários do agronegócio precisam entender como aumentar a responsabilidade socioambiental de seus negócios e ter acesso a várias vantagens competitivas.
Para atingir esses objetivos, quem trabalha com e deseja implementar o ESG no agro pode seguir as dicas abaixo:
- Aposte na rastreabilidade da cadeia de valor – Saber a origem dos produtos oferecidos pelos fornecedores do negócio é um dos princípios da rastreabilidade da cadeia de valor. Com essa informação, o empresário rural pode se recusar a utilizar produtos obtidos de forma ilícita ou através de um método que provoque grandes danos socioambientais. Como a cadeia produtiva do agronegócio é extensa, o princípio da rastreabilidade também pode ser aplicado em diversos nichos do setor. Dessa forma, é possível aumentar a transparência na cadeia de suprimentos, mitigar riscos e ter acesso ao compliance socioambiental.
- Invista na digitalização do campo – A tecnologia é a principal aliada do produtor rural para aumentar a sustentabilidade do processo produtivo. Afinal, os recursos da Agricultura de Precisão e Agricultura Digital, como drones, sensores, softwares de gestão, telemetria, entre outras ferramentas, permitem o monitoramento eficiente de todas as ações realizadas na fazenda. Dessa forma, o produtor tem acesso a informações precisas e detalhadas que o ajudam a otimizar o uso dos recursos ambientais, reduzir a aplicação de defensivos e aumentar a produção. Como resultados, essas tecnologias permitem a redução dos impactos socioambientais associados ao agronegócio e ajudam o agripecuarista a manter suas operações alinhadas com protocolos nacionais e internacionais.
- Reduza as emissões de carbono – A emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) são apontados como um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas. Diversos setores têm investido em estratégias para reverter esse quadro, evitar prejuízos e alcançar a chamada neutralidade de carbono, ou seja, zerar as emissões de GEE ou compensá-las, quando não for possível eliminá-las. Por esse motivo, empresas do agronegócio já começaram a desenvolver programas e estratégias para incentivar produtores e empresários do setor a adotarem práticas de manejo mais sustentáveis. Considerando que a tendência é que os mercados e os investidores do agronegócio devem ficar cada vez mais exigentes com as emissões de carbono no setor, é importante que o produtor aposte em estratégias que reduzam as emissões de GEE. Assim, eles podem acompanhar as tendências do mercado.
- Monitore os impactos sociais da sua empresa – Para atender os princípios da agenda ESG no agronegócio, empresários do setor também precisam se preocupar com os impactos sociais de suas atividades econômicas. Para isso, o primeiro passo é investir na avaliação e monitoramento da presença da empresa na comunidade na qual está inserida. Dessa forma, o empresário pode estudar iniciativas que fomentem o bem-estar dos funcionários e o desenvolvimento regional, fatores decisivos para a obtenção do selo ESG.
- Invista em estratégias de governança para o agronegócio – Como a governança ainda é um desafio para o agronegócio, empresários do setor precisam adotar estratégias para melhorar a gestão e aumentar a transparência de seus negócios. Para isso, o relatório “Importância da Agenda ESG no agronegócio”, elaborado pela a PwC Brasil(download CLICANDO AQUI), destacou algumas ações que devem ser adotadas por gestores e empresários do agronegócio para modernizar a governança do setor. Dentre essas ações, é possível destacar a criação de um plano estruturado de sucessão e revisão da estrutura societária, especialmente nas empresas tradicionais ou familiares. Além disso, é importante seguir as regulações internacionais e nacionais do setor, bem como adotar boas práticas de governança corporativa.
Agenda ESG é essencial para o futuro do agronegócio brasileiro
Os princípios da agenda ESG permitem que o setor agrícola entenda que não deve se preocupar apenas com a sustentabilidade da cadeia produtiva. Na verdade, os outros pilares desse conceito, “Social” e “Governança” também são essenciais para manter a produção agrícola alinhada às tendências e transformações do mercado.
Para isso, empresários do setor precisam modificar suas práticas de manejo, gestão e liderança, que devem ser orientadas pela agenda de sustentabilidade e responsabilidade social e administrativa. Para facilitar esse processo de modificação, além de seguir as dicas acima, é imprescindível que o produtor rural invista na digitalização do campo. Assim, ele tem acesso a recursos que permitem a otimização da produção, a redução dos custos operacionais e a realização de operações mais eficientes e com menor impacto ambiental. Dessa forma, o agricultor consegue dar o primeiro passo para que sua produção atenda aos princípios da agenda ESG.
As empresas (corporativas ou mesmo familiares) que adotarem estratégias e modelos de negócios alinhados às melhores práticas de ESG se diferenciarão no mercado e criarão as bases de seu crescimento e perpetuidade. É fundamental que o foco dessas organizações esteja nos temas relevantes e estratégicos e que elas respondam à crescente demanda das partes interessadas por informações claras e seguras sobre atuação e desempenho. Quanto mais cedo a empresa se preparar para enfrentar esse desafio, maiores serão suas chances de sucesso.
Para que o agronegócio brasileiro mantenha o protagonismo no mercado de alimentos e sua importância estratégica para o país, torna-se imperativo um posicionamento nessa nova realidade socioambiental. Não basta ficar na teoria e no discurso, é preciso adotar uma agenda ESG na prática. Aproveitar a janela de oportunidades requer uma mudança cultural importante, que envolve acionistas e lideranças executivas de todas as áreas da organização. Esse novo modelo já é uma realidade no campo e tende a se consolidar. Viu como aplicar ESG no agronegócio não é um bicho de sete cabeças? Com algumas práticas simples, você pode otimizar seus processos e aumentar sua produtividade.