Representam uma perda de produção agrícola significativa, tornando os alimentos mais caros e escassos
As infestações por nematoides causam grandes prejuízos na agricultura. Mundialmente, esses patógenos (vermes) invisíveis a olho nu causam perdas de 10,6% na produtividade das lavouras.
Traduzido em moeda, isso significa um prejuízo anual de US$ 100 bilhões no mundo. No Brasil, o prejuízo estimado chega a R$ 35 bilhões, sendo R$ 17 bilhões somente para a cultura da soja.
Esses vermes vivem e se alimentam das raízes, caules e bulbos e, em alguns casos, das folhas e hastes das plantas. O pequeno tamanho, o hábito de vida no solo e a diversidade de espécies e sintomas, dificultam o seu reconhecimento, sendo muitas vezes confundidos com deficiências nutricionais ou com outras doenças. A ideia de que os nematoides sempre apresentarão sintomas na lavoura e que é possível identificá-los visualmente nem sempre é correta e pode ocasionar prejuízos irreversíveis ao produtor.
Os nematoides de espécies tipo galhas (Meloidogyne), por exemplo, afetam mais de 2.000 espécies de plantas no mundo. Eles se instalam dentro de suas raízes causando cistos, drenando nutrientes, nós e ramificações nas raízes, reduzindo drasticamente a produtividade e tornando tubérculos, como batatas e cenouras, não comercializáveis. É um problema sério e recorrente na agricultura.
Os nematoides das lesões radiculares (Pratylenchus sp.) são muito prejudiciais para culturas como soja e cereais. Eles perfuram as raízes e extraem o conteúdo das células das plantas, deixando um rastro de óvulos que matam essas estruturas. Assim, enfraquecem a lavoura e o efeito se torna drástico na produtividade. Eles ainda podem sobreviver inativos durante o período de seca dentro das raízes mortas até que seja plantada a próxima safra.
O combate às infestações por nematoides são um grande desafio para o agricultor, especialmente por causa de algumas características desse tipo de patógeno:
- Eles costumam ser nativos do solo da lavoura;
- Podem ser polífagos, ou seja, parasitarem diversas culturas;
- Em geral, não são visíveis a olho nu;
- Quando os danos causados por eles são percebidos, geralmente já há um alta infestação;
- Os sintomas provocados por eles são facilmente confundidos com outras causas;
- Sua disseminação pela lavoura é altamente dependente do homem: até mesmo o trânsito de máquinas entre uma parte e outra da lavoura pode espalhar a infestação.
Por isso, é preciso, antes de tudo, fazer uma boa identificação do problema. Essa etapa começa com uma análise de qual tipo de nematoide está afetando a lavoura. Para isso, a realização de constantes análises do solo é muito importante. Essa análise para identificação de nematoides é diferente da análise de níveis de nutrientes, pois o nematoide é um organismo vivo que precisa estar atrelado à planta para sobreviver.
Assista ao vídeo “Jornada com especialistas: Amostragem de nematoides em culturas anuais” da Syngenta Digital Brasil
Para coletar essa amostra é importante tirar a raiz e protegê-la com um pouco de terra, colocando a amostra num lugar sombreado. Não pode ser uma operação muito demorada, pois o envio ao laboratório deve ser feito o mais rápido possível. Recomenda-se para isso, um preparo prévio para a realização das operações de coleta e envio em tempo hábil (em torno de 5 dias a amostra pode esperar para ser enviada para o laboratório, desde que devidamente protegida). Se houver demora nessa operação, o laboratório pode até conseguir identificar a presença do nematoide, mas não vai conseguir identificar o tamanho da população, por exemplo.
Até hoje, as soluções para o problema de infestação por nematoides eram ou muito caras e ineficientes, ou extremamente tóxicas ao ambiente e à população. Por estes motivos, o controle dos nematoides acaba passando por parar a produção e levar o agricultor a plantar culturas sem grande valor, nas quais estes parasitas não se reproduzem.
Essas barreiras podem estar com os dias contados, pois existem pesquisas em andamento e, em curto prazo, poderemos ter boas notícias. Em breve será lançada uma tecnologia que controla os nematoides sem utilizar qualquer produto químico, toxina, ou efeitos residuais, um sistema eficaz, eficiente e econômico.
Enquanto essa maravilha não chega, os agricultores devem se preocupar em implementar estratégias para combater os nematoides, tais como:
- Rotação de culturas de forma planejada – como os nematoides podem parasitar diferentes tipos de plantas, é preciso observar qual é o tipo de patógeno que está presente no solo, para que a planta que será utilizada como entressafra também não seja afetada pela doença;
- Controle químico – evitar ao máximo mas caso necessário, dependendo da intensidade da infestação, procurar as orientações do profissional capacitado;
- Realizar o controle biológico que torna o solo biologicamente mais ativo e mais resiliente e para que seja bem sucedido, é preciso ter orientação técnica, já esse tipo de manejo requer métodos de armazenamento, manuseio e aplicação mais precisos;
- Manejo nutricional do solo, especialmente do equilíbrio dos macro e micronutrientes fornecidos. É fundamental manter o solo saudável e bem nutrido.
Ter um solo manejado nutricionalmente bem é muito importante no combate aos nematoides. Isso porque existem nutrientes que podem ajudar a tornar as plantas mais resistentes, como o silício.
Além disso, quando há desequilíbrio no fornecimento de nutrientes, até aqueles que são essenciais, como o nitrogênio, podem acabar atrapalhando e deixando as plantas mais frágeis. A palavra de ordem é equilíbrio. Se um nutriente tiver em falta ou em excesso vai atrapalhar.
