MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Cerrado

Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da Embrapa conduziram um estudo apresentado na XXI Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água e VIII Simpósio Mineiro de Ciência do Solo, sob o título “Avaliação da porosidade do solo em diferentes sistemas de manejo agrícola no bioma cerrado”. O levantamento mostrou que práticas agrícolas sustentáveis podem preservar características do solo, como a porosidade e a agregação, em níveis comparáveis ao de áreas de mata nativa. Segundo o estudo, o manejo adequado do solo favorece a deposição de matéria orgânica, essencial para a saúde do ecossistema e o desenvolvimento de culturas e pastagens.

A densidade do solo é um fator crucial que influencia diretamente a porosidade, a capacidade de infiltração de água, o crescimento radicular e a emergência das plantas. Esses aspectos são determinantes para a produtividade agrícola, especialmente em solos do cerrado, que têm características únicas e requerem cuidados específicos. O estudo avaliou a porosidade do solo sob diferentes sistemas de manejo agrícola em comparação com uma área de mata nativa no bioma cerrado, no município de João Pinheiro, MG.

Resumo do artigo
Resumo do artigo

Para a realização do estudo, os pesquisadores coletaram amostras de solo em diferentes áreas de cultivo e manejo no cerrado. As amostras foram utilizadas para determinar a densidade do solo e a qualidade da porosidade em três tipos de manejo: plantio convencional de milho, pastagem produtiva com capim mombaça, e uma área de cerrado denso preservado, utilizado como referência de comparação e como estratégia para o protocolo de MRV (monitoramento, relato e verificação) para o Projeto PRS Cerrado.

Plantio convencional de milho
Plantio convencional de milho

A análise revelou que, no sistema de plantio convencional de milho, a densidade e porosidade do solo eram semelhantes às observadas nas áreas de mata nativa e nas pastagens. Essa similaridade se deve ao histórico de uso da área com cultivo de Brachiaria, o que ajudou a enriquecer o solo com matéria orgânica via sistema radicular. A área destinada ao plantio de milho teve um período de cultivo de abóbora sob plantio direto no ano anterior, o que contribuiu para reduzir a compactação do solo, pois o sistema não envolveu o uso de maquinário pesado para revolvimento. Esse intervalo entre as culturas e a ausência de operações mecanizadas ajudaram a manter a estrutura do solo mais favorável à infiltração de água e ao crescimento das raízes.

Nas áreas de pastagem produtiva, a conservação da porosidade do solo foi explicada por uma série de práticas de manejo voltadas para o controle do impacto da atividade pecuária. O uso controlado da taxa de lotação animal e a rotação entre os piquetes permitem que o capim mombaça tenha períodos de recuperação, o que contribui para a preservação da estrutura do solo e, consequentemente, sua porosidade. Essa prática, segundo os especialistas, diminui o risco de compactação causado pelo pisoteio excessivo do gado, além de promover o desenvolvimento de um sistema radicular mais robusto, capaz de contribuir para a manutenção e aumento da matéria orgânica no solo.

Capim mombaça (Panicum Maximum cv Mombaça)
Capim mombaça (Panicum Maximum cv mombaça)

A importância do manejo adequado

A preservação da estrutura do solo no cerrado é fundamental para a sustentabilidade do bioma e para a manutenção da produtividade agrícola a longo prazo. O cerrado, uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta, é também um dos ecossistemas mais suscetíveis a impactos ambientais. O manejo inadequado do solo pode levar à sua compactação, redução da capacidade de infiltração de água e diminuição do suporte às raízes das plantas.

A pesquisa reforça a importância das práticas de manejo que mantêm o solo em condições semelhantes às das áreas nativas, mesmo em cenários de produção agrícola e pecuária. Essa abordagem, que inclui o uso de pastagens bem manejadas e práticas de plantio direto, revela-se fundamental para a conservação do solo e da vegetação nativa, ajudando a garantir a resiliência dos solos do cerrado e a segurança alimentar das próximas gerações. A pastagem produtiva com o capim Massai também foi avaliada no estudo sobre a porosidade.

Os resultados deste estudo oferecem subsídios para que produtores e técnicos do setor agrícola adotem práticas sustentáveis no manejo do solo. A pesquisa confirma que é possível conciliar a produção com a conservação ambiental, especialmente em regiões ecologicamente sensíveis, como o cerrado.

Leia também: