A Rede de Catálogos Polínicos (RCPol) tem por objetivo detalhar a interação entre as abelhas e as plantas, utilizando o pólen como um marcador natural
A RCPol foi idealizada em 2009 e criada oficialmente em setembro de 2013, com o objetivo principal de promover o intercâmbio de informações entre pesquisadores e a divulgação das informações contidas em suas palinotecas (coleção de lâminas de microscopia com grãos de pólen), herbários e coleções de abelhas.
A intenção da RCPol é facilitar o trabalho de pesquisadores e do público em geral na busca pelas informações sobre espécies de plantas, flores, grãos de pólen, esporos e a interação com as abelhas. Para isso, a RCPol disponibiliza ferramentas computacionais para identificação de espécies, na qual será possível por meio de descrições morfológicas das flores e dos grãos de pólen identificar as espécies de plantas.
O processo
A presença de pólen no corpo de um animal indica que o mesmo visitou uma ou várias espécies de plantas. Assim, é possível identificar as espécies de plantas visitadas por meio das características morfológicas do pólen. Observar o comportamento de visita da abelha, a frequência de suas visitas e a sua contribuição efetiva na polinização das espécies visitadas é fundamental para determinarmos padrões e entender melhor o mecanismo de polinização.
Este é um estudo desenvolvido em diferentes países e regiões dentro de um mesmo país. Cada pesquisador desenvolve o seu projeto de forma independente em suas Instituições. A coordenação da RCPol se encarrega de organizar e promover reuniões com os vários pesquisadores da rede para:
- desenvolver os protocolos multidisciplinares para conservação das abelhas;
- treinar e capacitar grupos de pesquisas para a coleta;
- processar e inserir dados na RCPol;
- coletar e analisar material polínico enviados pelos pesquisadores;
- tornar os dados acessíveis;
- orientar e formar pessoas (alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado);
- organizar e participar de eventos científicos;
- ampliar a rede de pesquisadores;
- organizar e publicar artigos.
Mortalidade das abelhas não é uma causa isolada
A primeira causa é a perda de habitats naturais, em decorrência da ampliação de áreas urbanas e de áreas cultivadas. No ambiente urbano há contaminação da água, do ar, a falta de espécies apropriadas no uso do paisagismo urbano, que poderia manter a biodiversidade etc. Na área rural, o mau uso dos defensivos, acima da dosagem recomendada ou a falta de aplicação das normas de uso, estabelecida em rótulos.
Muitas abelhas morrem também por maus tratos de criadores e meleiros e que não tem formação em apicultura ou meliponicultura. Transporte indevido de colônias contaminadas ou a comercialização de alimentos (pólen e mel), doenças que são trazidas por meio de comercialização ilegal de rainhas de abelhas, mudanças climáticas que afetam as atividades nas colônias, plantas tóxicas e/ou exóticas, que são atrativas para as abelhas e que promovem mortalidade de adultos ou o mau desenvolvimento de suas crias… Na maioria das vezes, a combinação de alguns desses fatores levam à mortalidade das abelhas.
Setor rural tem papel fundamental na preservação dos polinizadores
Já sabemos o quanto a produção de alimento é dependente dos polinizadores e mesmo para produtores, cujas culturas não dependem de polinizadores, e os cuidados com a manutenção da biodiversidade.
Manter áreas naturais e criar corredores de vegetação ajuda a manter o fluxo dos polinizadores. Ter uma paisagem que seja mais amigável aos polinizadores é muito mais do que simplesmente fazer uma boa ação para a natureza, é uma questão de garantir a produção rural e fazer cumprir o principal objetivo da agricultura, que é uma atividade fundamental para a sobrevivência da espécie humana, é garantir a segurança alimentar.