Por ter um manejo considerado modelo, o produtor tem usado as redes sociais para indicar boas práticas aos agricultores
No sudoeste do estado do Paraná, em Mangueirinha, a palhada que cobre o solo ajudou a evitar um encharcamento total das áreas plantadas com grãos e cereais na propriedade da família Dalla Vecchia, que tem convivido com as chuvas sem tréguas no município. Somada ao plantio direto e em curvas de nível, as estratégias foram alternativas certeiras adotadas no local para driblar os graves danos causados pela intensa precipitação.
O agricultor Laércio Dalla Vecchia é referência na adoção de métodos sustentáveis em todo o país. Ele, que administra 450 hectares da lavoura da família, está esperando uma pausa nas chuvas para terminar de colher os 50 hectares restantes de trigo, afetado pelas intensas precipitações.
Segundo o produtor, choveu demais e faltou luminosidade para colher, vários dos cereais germinados. Com a semeadura antecipada houve bastante ataque de brusone e giberela, duas doenças que atingem a espiga do trigo. Nesse período, quando o tempo deu uma oportunidade, conseguiu colher 60 hectares do cereal e o que sobrou é uma espécie de triguilho (de menor qualidade).
Dalla Vecchia também cultiva soja no local, outra cultura que sofreu consequências do excesso de água. As primeiras áreas do grão estão desenvolvendo devagar, porque com a água da chuva, que é fria, o solo fica com menos de 20 graus, o que prejudica o desenvolvimento das raízes.
Instrução nas redes sociais
Por ter um manejo considerado modelo, Dalla Vecchia tem usado as redes sociais para indicar boas práticas aos agricultores, além de tentar passar uma mensagem de resiliência diante do tempo incontrolável.
Em um de seus vídeos, ele mostra a camada bem espessa que fez para cobrir e proteger o solo, com ervilhaca, aveia, centeio e palha de milho. É embaixo de tudo isso que há decomposição dos materiais orgânicos, deixando o solo mais preparado para o plantio, mais aerado.
Atento ao que está acontecendo nas mais de 70 cidades afetadas pela chuva, o produtor calculou que o fechamento do mês de outubro acumulou mais de 600 mm de água, o equivalente a 60 cm de lâmina de água acumulados sobre o solo.
“Quando toda essa água vai caindo no solo, que se não estiver preparado, ocorre grandes erosões. Além disso, a chuva está gerando todos esses transtornos, como rios transbordando, pontes quebrando e as lavouras vêm sofrendo muito, principalmente por esse excesso de água no solo e falta de oxigênio, principal insumo das plantas”, explica.
Pragas e doenças
O produtor destaca que as raízes estão “afogadas”, o que complica o processo de respiração e desenvolvimento das plantas que, como consequência, começam a fermentar. Esse cenário atingiu plantas de feijão de produtores conhecidos de Dalla Vecchia, que perderam toda a produção.
Ele acredita que, após a arrefecida nas precipitações, será preciso cerca de três meses para entender e mapear os danos para os plantios futuros no estado, especialmente diante da proliferação de pragas e doenças que está acontecendo em meio às chuvas.
São todos esses impactos que fazem o produtor, por outro lado, agradecer ao atraso do plantio de algumas culturas, como a soja, já que há poucas semanas eram as temperaturas elevadas e os indícios de seca que assustavam os agricultores do Paraná.
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