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Produtor extrai óleos de café e quiabo para fabricação de cosméticos

Óleo de café

Por meio de um arranjo produtivo local especialmente desenvolvido, o objetivo é não apenas produzir sementes de qualidade, mas também industrializar os coprodutos obtidos

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está desenvolvendo um projeto para avaliar a viabilidade da produção de óleos vegetais de café. O produto, que possui alto valor agregado e diversos usos possíveis, inclusive pela indústria farmacêutica e para a produção de cosméticos e dermocosméticos, é pouco fabricado no Brasil.

O maquinário para a extração do óleo de café é de alto custo e pesquisas ainda precisam ser realizadas para aumentar o rendimento do óleo extraído por processo mecânico. Com este estudo, o objetivo é propor um modelo no qual a Epamig seja difusora de tecnologias, parceira da indústria e dos produtores, além de prestadora de serviços.

Durante a busca pelo equipamento ideal, a equipe do projeto se deparou com a história de uma família de Cambuquira, localizada no sul de Minas Gerais, que adquiriu a máquina e está dedicando-se à produção de óleos vegetais e essenciais. A equipe técnica da Epamig fez uma visita recentemente à propriedade e na oportunidade, trataram de demandas específicas sobre tecnologias de extração de óleo de café verde, bem como sobre o aproveitamento de resíduos gerados no processo de extração.

Óleo de café

No mercado há 37 anos, a empresa familiar Abreu Silva Comércio Ltda. atua no setor de embalagens para café (sacaria e big bag). O setor passou por algumas transformações e, há pouco mais de três anos, a família resolveu diversificar e investir na produção de óleo de café beneficiado e do óleo de quiabo para produção de cosméticos. Adquiriram o equipamento para a prensagem, mas em função da pandemia tiveram que adiar algumas coisas.

A ideia da produção de óleos vegetais surgiu após verem uma matéria na TV um intitulada “Diversidade do Agronegócio: Explorando a Extração de Óleos Vegetais”. Começaram então a pesquisar sobre o assunto e a fazer contato com saboarias e empresas de cosméticos, com uma boa receptividade. Durante as pesquisas puderam observar o potencial econômico desses óleos vegetais, amplamente utilizados em diversos setores, como alimentos, cosméticos, produtos farmacêuticos e biocombustíveis.

A família ficou sabendo de uma pesquisa conduzida pelo pesquisador Artur Augusto Alves, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), sobre a utilização do óleo da semente do quiabo em transformadores. Os experimentos e os parâmetros analisados comprovaram que o óleo de quiabo possui propriedades físico-químicas semelhantes às do azeite de oliva, fato que poderá proporcionar uma grande dimensão econômica à cultura do quiabo tanto na produção de óleo quanto na produção de seus coprodutos.

Café verde

Sustentabilidade

Por meio de um arranjo produtivo local especialmente desenvolvido, o objetivo é não apenas produzir sementes de qualidade, mas também industrializar os coprodutos obtidos. Com essa abordagem inovadora, estão criando um ciclo sustentável, no qual os pequenos produtores se beneficiam de uma cadeia produtiva integrada, fortalecendo assim a agricultura familiar e gerando impacto positivo na comunidade.

Pesquisadores da Epamig(http://www.epamig.br/) destacam ainda a receptividade da família para parcerias e interações com a área técnica. A agroindústria foi bem estruturada e trabalham com diferentes instituições de ensino e pesquisa. Além do óleo do café verde (não torrado), têm os trabalhos com o óleo da semente do quiabo, com a lavanda e outras iniciativas para a extração de óleos vegetais e essenciais. O maquinário pode ser utilizado para a extração de diferentes tipos de óleos vegetais.

Dentre os trabalhos já em desenvolvimento, destaca-se uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas para a destilação do óleo essencial de lavanda e um trabalho junto à iniciativa privada e as universidades do Vale do Sapucaí e Federal de Itajubá de avaliação do potencial antibacteriano e antifúngico do hidrolato e óleo essencial orgânico de lavanda (Lavandula dentata).

Lavanda
Lavanda

Os sítios Marimbeiro e Saturno (de propriedade da família) contam com áreas de cultivo de café 100% arábica, campos de lavanda e outras plantas medicinais, plantio de quiabo (para extração de óleo) e de trigo (para ornamentação) baseados em práticas sustentáveis.

Durante a visita técnica, foi discutida também a possibilidade de extração de óleo de semente de uva com resíduos do processo de vinificação, realizado no Campo Experimental da Epamig em Caldas (CECD). O incentivo para o aproveitamento de resíduos da vinificação pode movimentar a bioeconomia circular na agroindústria. Há um potencial imenso de geração de emprego e renda com a transformação desses recursos biológicos.

Comercialização e agroturismo

Os óleos vegetais e essenciais produzidos pela família Abreu são disponibilizados pela marca própria “Lavandas de Cambuquira”. A empresa pretende abrir o espaço, que já é usado para a produção de ensaios fotográficos, para a visitação. Estão finalizando a cafeteria para receber os turistas que queiram conhecer os campos de lavanda e mais sobre o trabalho desenvolvido na propriedade, próxima da área urbana, oferecendo produtos próprios como cafés, cosméticos e biscoitos de lavanda.

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