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Produtores de Minas apostam nas de uvas finas

A Syrah é uma das uvas mais versáteis e antigas do mundo dos vinhos

A produção de vinhos finos está em expansão na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais. A atividade, viabilizada pela adoção da técnica de dupla poda da videira, validada e difundida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), tem possibilitado a colheita de uvas finas de qualidade em diferentes regiões do país e vem mudando, rapidamente, o cenário vitícola do estado que já conta com mais de uma centena de vitivinicultores e uma área plantada de cerca de 1000 hectares. Observa-se um aumento da produção em diversos municípios do Campo das Vertentes, com alguns produtores já vinificando em Tiradentes e Ritapólis, por exemplo.

No Campo Experimental Risoleta Neves da Epamig, em São João del-Rei, onde antes havia apenas experimentos com uvas de mesa, há uma coleção de seis variedades de uvas finas tintas e brancas. A Syrah é o carro-chefe, a mais vigorosa, a que melhor se adaptou às áreas de dupla poda atraindo o maior número de interessados. A unidade tem recebido visitantes em busca de orientação para começar na atividade, um momento crucial, quando se fala sobre investimento e tratos culturais. Os técnicos lembram que a videira requer diferentes cuidados e aplicações ao longo do ciclo, e que, ainda que possa haver presença de cachos já no primeiro ano, o tempo médio de formação da planta é de três a quatro anos.

Parreiral – Foto: Dênis Gualberto
Viveiro de mudas enxertadas de videiras no Campo Experimental de Caldas – Foto: Daniel José Rodrigues

Recentemente foi criada Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Minas Gerais (Uva-MG), cujo o objetivo é oferecer possibilidades para produtores de diferentes portes, unir esforços e fomentar a cadeia vitícola para que todos cresçam. A formação da UVA-MG representa um marco importante para o setor vitivinícola de Minas Gerais. A união dos produtores em torno de objetivos comuns fortalece a representatividade do setor, facilita a resolução de problemas e promove o desenvolvimento sustentável das vinícolas. A associação busca, com suas ações, aumentar a visibilidade dos vinhos mineiros, promover a valorização dos produtos locais e incentivar o turismo enológico na região. A iniciativa já conta com 54 vinícolas já pré-associadas.

Enoturismo

O Governo de Minas anunciou a intenção de estruturar a Rota dos Vinhos para fomentar o enoturismo em oito regiões produtoras no estado. A região Campo das Vertentes é um tradicional polo turístico, que reúne atrações históricas, naturais e culturais. A produção de vinhos finos tende a ser mais um diferencial, agregando algo mais ao setor de turismo da região já bem estruturado.

O enoturismo – turismo voltado ao consumo e apreciação de vinhos – passará a ser o foco de uma política pública para atrair visitantes e investimentos, além de gerar emprego e renda. A expectativa é a de que a Rota dos Vinhos, uma vez concretizada, contribua ainda mais para a visibilidade e atração de turistas interessados na cultura vinícola de Minas Gerais. A vinicultura vem passando por um crescimento exponencial, e essa iniciativa significa um enorme crescimento a longo prazo, aproveitando todo o potencial que a cultura da uva e a produção de vinho têm para despertar o interesse das pessoas.

Vinhedos de uma das vinícolas mineiras
Vinhedos com as montanhas mineiras ao fundo

O enoturismo é uma atividade com um ticket médio mais alto e, portanto, impacta não apenas a realidade das cidades, mas também a renda dos produtores. Trata-se de uma renda acessória muito importante para todos os produtores de vinho, que Minas ainda não estava conseguindo capturar. A iniciativa privada já está fazendo a sua parte com hotéis, restaurantes, visitas a vinícolas e vinhedos. Tudo isso avança na direção de uma economia mais estruturada, com mais oportunidades tanto no campo quanto na cidade.

A rota será uma oportunidade única para fortalecer a identidade cultural de Minas Gerais, aliando tradição e inovação, construindo uma experiência enoturística que gera desenvolvimento econômico, preserva o patrimônio e reforça o orgulho mineiro, um passo decisivo para consolidar o estado como um destino de referência no enoturismo brasileiro.

A uva e o vinho têm capacidade de motivar as pessoas a viajar em busca de experiências que também envolvem hotelaria, gastronomia, turismo de natureza, artesanato, e o interesse pela cultura e tradições locais. As pessoas podem vivenciar de perto a simplicidade dos vinicultores e a forma acolhedora com que os mineiros recebem seus visitantes, os visitantes podem conhecer a alegria e sentir a energia mineira, explorando as belas paisagens, a riquíssima gastronomia, as tradições e a rica história de liberdade e luta.

Os turistas mergulham nos bastidores da elaboração de vinhos
Turistas desfrutam da gastronomia e hospitalidade e conhecem mais
sobre as raridades mineiras, os “vinhos de inverno” e a dupla poda

A Epamig desempenha um papel crucial no desenvolvimento da viticultura no estado, oferecendo suporte técnico e experimental para novos produtores. A empresa funciona como uma espécie de incubadora dos produtores que estão iniciando a produção e ainda não têm vinícola própria. Minas registra cerca de 100 produtores de vinhos atualmente. Em 2020 eram cerca de 50 produtores, o que indica o rápido avanço da cultura. A estimativa é de que o mercado movimente R$ 120 milhões por ano.

Atualmente estão registrados mais de mil hectares de vinhedos conduzidos com a técnica da dupla poda, o que permite colheita em diferentes épocas do ano. Além disso, há uma estimativa de aumentar mais 250 hectares por ano. A produção estimada, quando toda a área plantada estiver em produção, é de 4 mil toneladas de uvas e 2,4 milhões de litros de vinho.

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