O produto é elaborado pelas abelhas a partir de substâncias resinosas coletadas em brotos, flores, folhas e cascas de plantas
As abelhas são insetos de enorme importância para humanidade e ecossistemas naturais graças principalmente à sua função de polinização. Estima-se que no mundo existam 20 mil espécies, sendo que toda essa biodiversidade está ameaçada em algum nível pela interação de diversos fatores, como agricultura intensiva, uso indiscriminado de agrotóxicos e mudanças climáticas. Só no Brasil, existem aproximadamente 5 mil espécies distribuídas em cinco famílias. Quando se trata de abelhas eusociais, isto é, abelhas que fazem ninhos e vivem em colônias, há dois grandes grupos pertencentes à família Apidae. Um deles é o Meliponini, que são as abelhas sem ferrão (ASF) correspondendo a mais de 300 espécies no nosso país. O outro grupo é Apini, que inclui as abelhas africanizadas (AA) do gênero Apis, que são bastante conhecidas pela sua criação difundida e popularização de seus produtos no mercado, como o mel e a própolis.
A própolis é uma resina extraída de certos vegetais pelas abelhas para manter sua higiene e bom estado sanitário das colônias. É um forte produto natural que sofre metamorfose através de segregações corporais da abelha, tornando-se um antibiótico natural empregado no isolamento interno da colméia e mumificação de animais estranhos, impedindo sua decomposição.
A resina contida na própolis é coletada na vegetação das cercanias da colmeia. O espectro de vôo de uma abelha Apis mellifera abrange um raio de cerca de 4-5 km em torno da colmeia, de onde abelhas campeiras coletam pólen e néctar para alimentação, bem como resina para a própolis. Não são conhecidos os fatores que direcionam a preferência das abelhas coletoras de resina por uma determinada fonte vegetal, mas se sabe que elas são seletivas nesta coleta. Possivelmente, esta escolha esteja relacionada com a atividade antimicrobiana da resina, uma vez que as abelhas utilizam a própolis como um anti-séptico, revestindo toda a superfície interna da colmeia, bem como pequenos animais que tenham morrido em seu interior.
O uso da própolis pelas abelhas
Própolis é uma palavra de origem grega pró (defesa) + polis (cidade), que provavelmente faz referência à “defesa da cidade” (no caso, colmeia) das abelhas. Algumas pessoas acreditam erroneamente que ela é produzida por abelhas, mas a verdade é que estes seres apenas a coletam para utilizar nos cuidados da colmeia.
Como já vimos, o produto é elaborado pelas abelhas a partir de substâncias resinosas coletadas em brotos, flores, folhas e cascas de plantas. A estas substâncias, as abelhas adicionam secreções salivares, cera e pólen para obter esse produto natural. De forma geral, as abelhas raspam as substâncias resinosas encontradas nas várias partes da planta com a mandíbula e manipulam com as patas, acondicionando-as nas corbículas. Nesse processo, elas acrescentam secreções salivares e grãos de pólen. O transporte é feito de forma segura para a colmeia.
Na colmeia, a resina é retirada da corbícula e manipulada com adição de cera, mais secreções salivares e eventualmente mais pólen. As abelhas realizam uma série de etapas meticulosas, desde a trituração e amolecimento da resina. A partir daí, as abelhas propolizadoras aguardam pacientemente a presença das operárias construtoras para utilizar a própolis, que com a adição de cera forma uma espécie de verniz para ser colocado nas paredes da colmeia, deixando a parede interna mais lisa e escorregadia para que as abelhas possam expulsar com mais facilidade eventuais invasores, fechar fissuras, reparar favos, reforçar as extremidades das células e, especialmente, na entrada, para impedir invasões, funcionado como repelente, assim reduzindo a atenção desses possíveis invasores.
Ela também desempenha um papel essencial na regulação da temperatura interna da colmeia, o que previne perdas de umidade nos períodos de seca e o excesso nas épocas mais chuvosas. Desta forma a umidade ideal é mantida dentro da colmeia, garantindo um ambiente ideal para a sobrevivência da colônia. É importante destacar que a remoção da própolis em momentos de vulnerabilidade pode colocar em risco a sobrevivência das abelhas, destacando a importância de um manejo responsável desse recurso natural e fundamental para as abelhas.
As abelhas usam a própolis como uma forma de automedicação, pois ela tem propriedades que protegem a colmeia de fungos e bactérias. A produção da substância aumenta em média 45% quando a colmeia é atingida por um tipo de fungo parasita. Se o fungo é de um tipo que não oferece perigo às abelhas, a produção de própolis continua normal. Além disto, as larvas infectadas pelo fungo são retiradas da colmeia, mais um sinal do cuidado que as abelhas têm com a saúde da comunidade.
A própolis é fundamental e imprescindível na higienização do interior da colmeia, assim como na vedação de aberturas externas, eliminação de espaços indesejáveis e não transitáveis, renovação constante de película protetora nos favos de postura e depósito de alimentos. Além disso, já é comprovado por pesquisas científicas que a própolis possui em sua composição inúmeras substâncias que limitam o crescimento de micro-organismos, que lutam contra doenças na colmeia. Ainda assim, há riscos de alguns animais ou insetos entrarem sem querer ou propositalmente na colmeia. Como a própolis é um material resinoso, as abelhas vão imobilizar o invasor e revesti-lo com própolis. Elas utilizam a própolis verde para embalsamar esses invasores, reduzindo assim os riscos de contaminação dos tecidos em decomposição.
Uma outra função biológica das mais importantes é a utilização da própolis como revestimento de todas as células de criação antes da abelha rainha colocar o ovo, com o objetivo de proteger as larvas de infecções microbianas. Esta ação, realizada pelas abelhas para proteger as suas crias, pode ser comparada com a função da placenta onde a mãe protege e nutre o seu bebe. A camada de própolis nos alvéolos funciona para as larvas de abelha, como a placenta para o bebe.
A composição
O comportamento das abelhas-sem-ferrão (ASF) é diferente das abelhas africanizadas (AA). A abelha africanizada possui preferência por algumas plantas, têm um diâmetro de voo muito maior do que a abelha nativa. As ASF voam menos, têm menos preferências vegetais, coletando material das primeiras plantas que encontram. Por essas razões, a própolis e outros produtos das abelhas podem ter composições diferentes dependendo da região.
A própolis recolhida de uma colmeia de abelhas, também conhecida como própolis bruta, apresenta em sua composição básica cerca de 50% de resinas vegetais, 30% de cera de abelha, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de detritos de madeira e terra. Compõem ainda além de gorduras, ácido amínico, ácido orgânico, enzimas, vitaminas do complexo B, C, H, P, pro vitamina A, ferro, cobre, manganês, zinco e outros. Estes valores se referem à espécie Apis mellifera, cuja própolis é a mais estudada entre as abelhas.
A composição de uma própolis é determinada principalmente pelas características fitogeográficas existentes ao redor da colmeia. Entretanto, a composição da própolis também varia sazonalmente em uma mesma localidade. Variações na composição também foram observadas entre amostras de própolis coletadas em uma mesma região, por diferentes raças de A. mellifera. Não só a composição química da própolis é determinada pelas características da vegetação da região, mas também as reservas de pólen e mel. Como consequência desta composição química diferenciada da própolis, ocorre também uma variação nas suas atividades farmacológicas.
A amplitude das atividades farmacológicas da própolis é maior em regiões tropicais do planeta e menor nas regiões temperadas, refletindo a diversidade vegetal destas regiões: nas regiões tropicais a diversidade vegetal é muito superior à diversidade observada nas regiões temperadas. Do aspecto etnofarmacológico, a própolis é um dos poucos “remédios naturais” que vêm sendo utilizados por um longo período de tempo por diferentes civilizações.
Embora já existam relatos atribuindo à própolis as mais variadas aplicações em medicina popular e em veterinária, os estudos científicos vêm corroborando que a própolis possui um grande potencial terapêutico, principalmente, em relação às atividades anti-inflamatória, antimicrobiana, antineoplásica e antioxidante. O melhor conhecimento de suas propriedades visa, além da pesquisa e desenvolvimento de novas drogas, a agregação de valor econômico à própolis bruta, a fim de gerar uma fonte econômica de exploração agrícola e extrativismo auto-sustentável.
Tipos de própolis
As diferentes plantas e abelhas que fazem parte da produção originam diferentes tipos de própolis. Assim, eles se diferenciam pela cor, pela consistência e pelas propriedades. Existem mais de dez subtipos, incluindo a própolis verde, própolis vermelha, própolis marrom, própolis amarela, própolis preta e geoprópolis. No Brasil, os mais utilizados são os tipos:
Própolis verde: é proveniente do alecrim do campo (Baccharis dracunculifolia), mais conhecida como vassourinha do campo, se destacando pelas suas propriedades antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória, imunomodulatória, cicatrizante, anestésica, anticâncer e anticariogênica. Este tipo de própolis possui como marcador químico um composto fenólico denominado Artepillin C, sendo produzida fundamentalmente no sul, leste, centro e
zona da mata de Minas Gerais, leste de São Paulo, norte do Paraná e em regiões serranas do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Própolis vermelho: é um tipo de própolis encontrada na região norte e nordeste do Brasil e presente, por exemplo, nos manguezais dos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. A resina coletada pelas abelhas para sua fabricação é proveniente de uma planta conhecida popularmente como rabo de bugio (Dalbergia ecastophyllum). Essa planta secreta exsudato (secreções) de cor vermelha (o que explica sua coloração) pelos
buracos feitos por insetos em seu caule e as abelhas visitam e recolhem essa resina para a fabricação da própolis. Essa própolis possui como constituinte majoritários os compostos fenólicos, do tipo flavonoides, antraquinonas e fenóis. Possui constituintes jamais encontrados em outros tipos de própolis e, extratos desta, mostraram atividades antitumorais e antioxidantes in vitro, porém é necessário o estabelecimento da eficácia e segurança dos produtos obtidos.
Própolis marrom: é o mais conhecido e tem origem em muitas plantas. Apresenta efeitos antioxidantes e antimicrobianos. Pode ser encontrada na região Sudeste e Sul do Brasil.
Própolis amarela: a própolis amarela é comum no Mato Grosso do Sul. Em geral, possui baixos teores de compostos fenólicos e flavonoides (substâncias responsáveis pelas principais propriedades atribuídas a própolis).
Própolis preta: a própolis preta é fabricada pelas abelhas a partir de resina coletada de uma planta denominada Jurema Preta (Mimosa hostilis). É uma árvore presente praticamente em quase todo nordeste brasileiro. A literatura científica evidencia poucos relatos sobre esse tipo de própolis e seu extrato hidro-alcoólico
Geoprópolis: o termo geoprópolis é utilizado para diferenciar a própolis produzida pelas abelhas sem ferrão daquela produzida por outra espécies. Esse tipo de própolis é produzida, por exemplo, pelas abelhas sem ferrão Mandaçaia (Melipona quadrifasciata), Manduri (Melipona marginata) e Jataí (Tetragonisca angustula). No Brasil, índios usavam a geoprópolis na fabricação de ferramentas e como dádiva em sepultamentos. Apresenta atividade antimicrobiana e antioxidante.
A coleta da própolis
Para a produção da própolis são utilizadas as mesmas colmeias da produção de mel, salvo em casos onde o objetivo principal é a obtenção especializada de própolis. A produção de própolis não é compatível com a de pólen ou geleia real na mesma colmeia. Todas as colmeias produzem própolis, no entanto, seu rendimento é variável em função de diversos fatores, como:
- Localização do apiário e densidade de colmeias;
- Situação e manejo das colmeias;
- Linhagens de abelhas e aptidão genética;
- Preservação e plantio de espécies vegetais fornecedoras de matéria prima (resinas) de boa qualidade;
- Época do ano;
- Cuidados com o material e ferramentas utilizados;
- Frequência da colheita e proteção do coletor.
Para que as colônias produzam quantidade adequada para comercialização, o apicultor se utiliza de técnicas que estimulam a produção. A maioria das técnicas consiste, principalmente, na realização de aberturas na colmeia que propiciem a entrada de ventos e chuva, dificultando a manutenção da temperatura ideal na colônia, além de facilitar a entrada de inimigos naturais. Assim, para a proteção da colônia, as abelhas se empenham na deposição de própolis para o fechamento dessas frestas, que consistirá no produto a ser coletado pelo apicultor.
As aberturas na colmeia podem ser feitas por meio da instalação de peças de madeira ou sarrafos, com altura de 1 a 2 cm, entre o ninho e a melgueira, entre melgueiras ou abaixo da tampa. Nos últimos anos, vários modelos comerciais de coletores de própolis têm sido propostos com o intuito de aumentar a produtividade e propiciar melhoria na qualidade do produto. Podemos citar os modelos “Pirassununga” e “tira e põe”, que são melgueiras com as laterais modificadas, desenvolvidas com o objetivo de facilitar o manejo e propiciar a obtenção de placas de própolis com poucas impurezas e bem aceitas comercialmente. O modelo “tira e põe” apresenta a vantagem de que os estojos onde a própolis é depositada podem ser retirados, colocando-se outro no lugar, para que a própolis seja coletada posteriormente em local adequado.
Para realizar a coleta, o apicultor faz a raspagem de todo o própolis da colmeia a cada 15 dias. O apicultor deve observar em qual período do ano a atividade propolizadora se intensifica, para executar melhor o manejo das colmeias na colheita e obter o melhor rendimento possível. Existem períodos do ano onde a propolização é drasticamente reduzida ou prolongada pelas abelhas, no entanto, neste último caso, deve-se ter atenção para que as aberturas de estímulo não coloquem a sobrevivência da colmeia em risco. Essa raspagem normalmente é feita na primavera, para evitar que a colônia fique desprotegida nas estações mais frias, e nas horas menos quentes do dia. Isso porque a temperatura alta compromete a qualidade do própolis, deixando-o pegajoso. Na região sul do Brasil, considerando locais de flora silvestre, o período mais produtivo é de dezembro a abril. Em épocas com grande fluxo de néctar e pólen a atividade propolizadora é diminuída.
A própolis coletada no apiário deve ser retirada com o auxílio de uma faca ou espátula, de preferência de aço inox, tomando-se o cuidado de não retirar lascas de madeira nessa operação. A própolis deve ser colocada em recipientes limpos e atóxicos, como sacos ou recipientes plásticos, com identificação de data e local da coleta. O produto então é levado a um local adequado para a limpeza, onde serão retiradas todas as impurezas (abelhas mortas, madeira, folhas, etc.). Após esse processo de limpeza, a própolis deve ser acondicionada em sacos plásticos e armazenada em freezer até sua utilização ou comercialização.
Depois disso, em condições laboratoriais apropriadas, a própolis passa por uma limpeza mais apurada, é dissolvida, filtrada e concentrada. Para isso, o método mais utilizado emprega como solvente o álcool etílico hidratado, isso porque a própolis é pouco solúvel em água. Contudo, este álcool tem suas desvantagens: pode deixar sabor residual e causar reações adversas.
O controle de qualidade da própolis analisa alguns aspectos, como:
- o tipo de própolis;
- as propriedades químicas (aparência, viscosidade, teor de cera e umidade);
- as propriedades microbiológicas (a capacidade bactericida do própolis pode variar muito de um lote para outro).
Para ter certeza de que está comprando um própolis de boa qualidade, procure sempre o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) na embalagem. O Brasil é o terceiro maior produtor de própolis, logo atrás de Rússia e China. Além disso, tem 13 variedades já catalogadas, divididas entre as de coloração marrom, verde e vermelha, estas exclusivas do país.
Benefícios para a saúde
A própolis, por ter propriedades antibacterianas, anestésicas e cicatrizantes, pode ser muito positivo para a saúde humana, quando utilizado diariamente conforme a recomendação de um nutricionista, médico ou profissional de saúde habilitado. O uso da própolis não é de hoje. Há relatos que o comprovam desde os tempos do Egito Antigo e da Mesopotâmia. Da mesma forma, gregos, incas e romanos também são povos que já utilizavam a substância para diferentes objetivos.
Seus benefícios estão relacionados às suas propriedades:
- Antibacteriana;
- Antioxidante;
- Antifúngica;
- Antiviral;
- Anti-inflamatória;
- Hepatoprotetora.
Dessa forma, as análises mais específicas evidenciam a atuação da substância no fortalecimento do sistema imunológico, na melhora e no tratamento da saúde oral, na saúde do fígado, no controle da glicose e para a cicatrização de feridas, acnes e cuidados ginecológicos.
Confira os principais benefícios a seguir:
Reforço da imunidade
Os antioxidantes presentes na própolis são capazes de aumentar as defesas do corpo contra infecções causadas por vírus, bactérias e fungos, podendo ser uma excelente alternativa também na prevenção de resfriados. Uma revisão que reuniu achados sobre os efeitos da própolis no sistema imunológico, destacou que essa substância pode ser promissora como tratamento complementar de diversas condições de saúde devido às suas amplas funções no organismo. Uma das propriedades mais conhecidas da própolis é sua ação antioxidante, anti-inflamatória, imunomoduladora e antiviral, fortalecendo o sistema imunológico contra infecções locais em todo o organismo. Por esse motivo, a própolis tem sido recomendado para ajudar no tratamento de infecções na garganta e amigdalite. Além disso, a resina também é indicada para tratar problemas respiratórios, como gripes, sinusites e resfriados. Em resumo, o uso da própolis aumenta a resposta imune e a produção de anticorpos, promova a ativação de macrófagos, células importantes para a defesa do corpo, aumenta a produção de óxido nítrico, ajudando a combater microrganismos, reduz a liberação de histaminas e de outros mediadores inflamatórios.
Cicatrização
As propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias desse preparado otimizam a cicatrização e a recuperação de tecidos lesionados, impedindo que infeccionem, ajudando nos casos de pequenas queimaduras, feridas cirúrgicas na boca e feridas em pés-diabéticos, por exemplo. A ciência explica que a própolis parece melhorar a expressão e degradação dos colágenos tipo 1 e 2, criando um ambiente favorável para a cicatrização. Além disso, suas propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras auxiliam no reparo de feridas e na regeneração tecidual. Assim, também ajuda a reduzir a resposta inflamatória e acelera o processo de cura. Foi comprovado que a própolis atua sobre lesões de pele impedindo o crescimento e a ação das bactérias, leveduras e fungos. Aplicar própolis na pele a cada 3 dias pode ajudar a tratar pequenas queimaduras e prevenir infecções. Entretanto, mais estudos são necessários para a definição da dose e efeitos desse composto. Quando comparado à ação anti-inflamatória da Dexametasona, por exemplo, a própolis apresentou melhores resultados no tratamento de feridas cirúrgicas da boca. Também acelera a cicatrização de feridas nos pés de pessoas com diabetes e promove a recuperação de queimaduras, pois acelera o crescimento de novas células saudáveis. Indicado contra furúnculos, abscesso, queimaduras, eczemas, herpes, acne, verrugas, calos.
Saúde bucal
O consumo diário via oral do extrato de própolis pode ajudar a combater aftas e prevenir que elas surjam com frequência, além de reduzir a inflamação da gengiva, auxiliando nos casos de gengivite, e controle das cáries. Na odontologia, um creme dental com extrato de própolis mostrou efeitos positivos no tratamento de doenças periodontais, hipersensibilidade dentária e cáries. Ainda, sua aplicação em preparações higiênicas mostrou ser eficaz tanto para pacientes com gengiva saudável quanto para aqueles com risco de gengivite. Além disso, por apresentar propriedades anestésicas e anti-sépticas, pode ser útil em pequenos procedimentos cirúrgicos dentários e no tratamento da polpa dental. Nesses casos, a própolis pode ser usada em gel ou com enxágue prevenindo e reduzindo os sinais da doença, além de auxiliar a combater o mau hálito.
Doenças respiratórias
A própolis é cientificamente comprovada como aliada à saúde por sua atividade antibacteriana e antiviral contra cepas que causam infecções do trato respiratório superior, sendo usado como agente terapêutico para prevenir algumas doenças. Alguns ensaios clínicos realizados recentemente também apontam benefícios clínicos da própolis quando usada no tratamento de pacientes com Covid-19. Assim, a substância foi apontada como tão eficaz quanto um medicamento antiviral na neutralização do Sars Cov-2 in vitro.
Lesões provocadas pelo herpes
O extrato de própolis possui excelente ação antiviral, podendo acelerar a remissão e a cicatrização das erupções causadas pelo herpes bucal e genital, com a aplicação de 3 a 4 vezes ao dia sobre o local afetado. Algumas pomadas contêm própolis em sua composição, e atuam na diminuição dos sintomas e na cura mais rápida das feridas de herpes labial e genital. Além disso, a utilização do creme de própolis já tem associação com a proteção do corpo contra futuras lesões por herpes.
Prevenção contra o câncer
O própolis possui efeito anticancerígenos, pois como é imunomodulador, consegue aumentar a atividade dos anticorpos, reduzindo a chance das células se tornarem cancerosas e impedindo a sua multiplicação. Alguns estudos indicam que o uso da própolis como tratamento complementar do câncer de mama é bastante eficaz.
Alergias
O extrato pode reduzir a frequência e a intensidade de algumas alergias, já que possui propriedades capazes de inibir a liberação de histaminas.
Proteção contra a Helicobacter pylori
A própolis, além de ser capaz de modelar as atividades enzimáticas, tem sido considerado como uma alternativa para o tratamento da infecção por Helicobacter pylori (H. pylori), ajudando a aliviar os sintomas de gastrite, úlcera péptica, alguns tipos de câncer, colites e perturbações da flora intestina.
Saúde do fígado
A própolis é apontada como uma substância hepatoprotetora, ou seja, que contribui para a saúde do fígado. Isso se dá em decorrência dos compostos fenólicos presentes nessa substância, especialmente os flavonoides. Os compostos fenólicos apresentam forte atividade antioxidante, que pode ser importante para a ação hepatoprotetora. Eles ajudam a eliminar os radicais livres e a proteger as células hepáticas contra danos induzidos por TNF-α (grupo de citocinas capazes de induzir a morte celular).
Controle da glicose
Uma revisão sistemática e meta-análise destacou que a suplementação de própolis ajudou a reduzir os níveis de glicose plasmática em jejum em adultos com diabetes tipo 2. Ainda, melhorou outros fatores metabólicos relacionados à diabetes, como níveis séricos de proteína C-reativa e fator de necrose tumoral, marcadores de processos inflamatórios.
Acne
Também relacionado às suas propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias, a própolis se mostrou eficaz no tratamento da acne. Os resultados foram observados em um teste, realizado com um produto feito com própolis e outras 2 substâncias, em pessoas com acne. Foi revelado que o creme contendo própolis e outros ativos naturais demonstraram maior eficácia em comparação com um produto de formulação sintética, ou seja, sendo considerado uma opção mais segura no controle da acne.
Cuidados ginecológicos
A candidíase é uma infecção provocada por fungos que atinge grande parte da população feminina em diferentes etapas da vida. Em geral, o seu tratamento é realizado com medicamentos farmacológicos que, muitas vezes, podem apresentar efeitos colaterais adversos. Na intenção de encontrar alternativas mais seguras, pesquisadores vêm explorando a ação da própolis para tratamento dessa condição. Devido à sua função antifúngica e à baixa toxicidade apresentada, essa pode ser uma opção altamente eficiente e segura, em contrapartida aos medicamentos tradicionais.
Como usar a própolis
A forma mais comum de apresentação da própolis é o “extrato de própolis”, que pode ser ingerido. No entanto, existem outros produtos que utilizem o própolis como ingrediente como cremes, pomadas, cápsulas e até cosméticos. A própolis pode ser usada aplicada diretamente sobre a pele, na água para fazer inalações com o vapor, para gargarejo, ou pode ser tomada pura ou diluída em água, sucos ou chás.
A própolis pura é a resina desidratada e moída em flocos. Essa forma é mais difícil de ser encontrada, mas é comercializada em lojas de produtos naturais ou diretamente com os produtores e pode ser consumida adicionada a sucos ou iogurte. Já o extrato, é o própolis concentrado e diluído em álcool ou água.
Além de cremes, pomadas e loções contendo essa resina, para ingestão, a própolis é encontrado em forma de comprimidos, extrato líquido, cápsulas e também em alimentos funcionais e cosméticos. A própolis pode ser encontrada em farmácias e lojas de produtos naturais ou diretamente com os produtores.
Mesmo com tantos benefícios comprovados, o consumo do extrato de própolis, muitas vezes, é desestimulado pelo sabor e aroma característicos, pois crianças e até mesmo adultos são surpreendidos pela picância da própolis ao experimentar o produto pela primeira vez. Mas isso já não é mais um problema, as partículas de própolis podem ser encapsuladas suavizando o seu sabor marcante, facilitando o uso e favorecendo um consumo mais amplo, contribuindo para que cada vez mais pessoas se beneficiem com as suas propriedades.
Quantidade recomendada
A própolis é comercializada em diversas concentrações e, por isso, ainda não existem estudos que recomendem uma quantidade específica dessa resina. A ingestão de própolis recomendada pelos fabricantes geralmente varia entre 15 a 30 gotas por dia. No entanto, é aconselhado sempre consultar um médico ou um profissional de saúde especializado no uso dessa resina antes de fazer uso.
Possíveis efeitos colaterais
O principal efeito colateral que pode ocorrer com o uso da própolis é a reação alérgica que causa sintomas como inchaço, vermelhidão, coceira ou urticária na pele. Para evitar reações graves de alergia, é recomendado fazer um teste de sensibilidade antes de utilizar a própolis, sendo para isso apenas necessário pingar 2 gotas do extrato no antebraço e aguardar entre 20 a 30 minutos e verificar se surge coceira ou vermelhidão na pele.
Quem não deve usar
O extrato de própolis está contraindicado para pessoas com alergia a abelhas, à própolis ou a algum dos componentes da fórmula do produto. Durante a gravidez ou lactação, a própolis só deve ser usada somente com orientação médica. Além disso, as versões do extrato com álcool na composição estão também contra indicadas para crianças com menos de 12 anos de idade e alcoolistas.
Foto de topo: Fred Tanneau