Guia traz orientações para comércio de alimentos agroecológicos, um instrumento de avaliação que identifica o nível de maturidade das organizações
Entre 2017 e 2022, houve um aumento de 75% no cadastro de produtores orgânicos. Estes são dados publicados na revista científica Ciência e Desenvolvimento, com base em dados do IBGE. O estudo também revelou que, em 2020, os produtos orgânicos registraram uma expansão de 30%, movimentando R$ 5,8 bilhões. Em resposta a esse cenário em ascensão, o Instituto Fronteiras do Desenvolvimento e o Instituto Regenera, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), lançaram o “Guia para Avaliação de Práticas para o Comércio Justo de Alimentos Agroecológicos”.
O guia já está disponível para download CLICANDO AQUI juntamente com outros títulos: “Boas práticas para a comercialização de alimentos agroecológicos”, “Guia de comunicação para comércio justo de alimentos agroecológicos” e “Oito passos para empreender em sistemas alimentares regenerativos”.
O lançamento oficial está agendado para hoje (29 de fevereiro), às 10:00, durante um webinar no canal do projeto Da Amazônia para Belém no Youtube. O evento vai trazer uma roda de conversa com Maria Jeanira Pereira, agricultora e presidente da Associação Pará Orgânico; Neiliane Paz, agricultora da CSA Manaus; e a influencer e nutricionista Elaine de Azevedo, criadora do Podcast Panela de Impressão, para falar sobre as dimensões que inspiraram o guia e demais temas transversais à produção e comercialização de alimentos agroecológicos.
A publicação tem como objetivo ser um instrumento de avaliação que identifica o nível de maturidade das organizações em relação às seis dimensões específicas associadas à comercialização de alimentos agroecológicos, cocriadas durante a primeira etapa do projeto. São elas: Laços com a origem, Transparência como princípio, Governança em rede, Formação de hábitos, Garantia de acesso e Políticas de resíduos.
O guia apresenta um questionário que resume atributos essenciais para que iniciativas de comercialização de alimentos agroecológicos estejam alinhadas às melhores práticas de comércio justo, transparente e responsável. As organizações de comercialização são centrais para o aumento da oferta e demanda dos alimentos agroecológicos, pois elas podem oferecer apoio aos produtores para o planejamento de sua produção e educar os consumidores sobre a importância destes alimentos para a saúde e para a regeneração dos ecossistemas.
O questionário aborda cada dimensão com três questões de múltipla escolha. Duas investigam a situação atual da organização, enquanto a terceira convida para uma avaliação mais abrangente sobre a adequação das ações aos requisitos de cada dimensão.
Não existem respostas certas ou erradas, já que o questionário foi criado para auxiliar as iniciativas a identificar em que estágio de maturidade se encontram em cada uma das 6 dimensões, oferecendo pistas sobre direções para melhorias. Já as alternativas são organizadas em ordem crescente, do menos ao mais desejável, com reflexões sobre os motivos das respostas escolhidas e o que seria necessário para atingir uma melhora.
Estabelecer espaços ou iniciativas que garantem o acesso permanente dos consumidores a alimentos agroecológicos é bastante desafiador, pois envolve uma relação próxima com os produtores, uma articulação para garantir a logística, uma comunicação capaz de traduzir ao consumidor todos os benefícios daqueles alimentos para a saúde, para o planeta e para a sociedade, entre várias outras atividades. Nos guias produzidos no projeto Da Amazônia para Belém, busca-se trazer reflexões e inspirações para facilitar esse trabalho e ampliar o acesso a esses alimentos.
A expectativa é que essa metodologia seja aplicada continuamente como um manual, orientando outras iniciativas a analisarem suas próprias práticas. Ou seja, a ideia é que, ao utilizar esse instrumento, as organizações possam identificar áreas de melhoria e oportunidades para avançar na oferta de alimentos agroecológicos de maneira justa e transparente para seu público.