Vários fatores contribuem para o risco de queda de árvores em áreas urbanas e tudo isso será discutido na live
Estudo aponta que os fatores que mais influenciam e aumentam o risco de queda de árvores em áreas urbanas como na cidade de São Paulo são a altura dos prédios no entorno e a idade do bairro. Em seguida, estão a largura da calçada e a altura da árvore. Segundo dados do artigo, a queda de árvores em ruas e avenidas com edificações de cinco ou mais andares é o dobro da média registrada na cidade. Também aumenta nos distritos criados há mais de quatro décadas. Além disso, o risco sobe para árvores acima de 9,58 metros e plantadas em calçadas planas. Por outro lado, regiões mais novas e com baixa altura de construção têm 37% menos casos.
Os pesquisadores analisaram 26.616 registros de quedas de árvores nos 96 distritos da capital paulista durante oito anos. Entre 2013 e 2021, foram perdidas cerca de 4% das 652 mil árvores existentes na área urbana. Houve variação entre as regiões de 0,59%, registrado no extremo sul, a 17%, no centro. Esse é o primeiro trabalho a avaliar um conjunto de dados abrangentes sobre o tema. Foi utilizada técnica de inteligência artificial com foco na aplicação prática dos resultados. Com isso, os pesquisadores conseguiram apontar, por exemplo, a partir de qual altura das edificações e das árvores o risco aumenta, elevando o nível de atenção.
Os critérios apontados no estudo vão contribuir para melhorar a avaliação da saúde das árvores. Vai ser possível compartilhar os dados com servidores técnicos e com as empresas contratadas que fazem o manejo como também aperfeiçoar a prioridade estabelecida nos distritos, sob competência das subprefeituras, com base nos fatores de risco de queda.
As megacidades sofrem o efeito das mudanças climáticas devido às ilhas de calor, superfícies impermeáveis e poluição ambiental. Alterações nesse ambiente urbano podem ser obtidas por meio dos serviços ecossistêmicos, que compõem as soluções baseadas na natureza. A vegetação contribui com o sequestro de carbono – ajudando a mitigar efeitos do aquecimento global e da poluição do ar –, além de reduzir a temperatura e os impactos negativos de inundações e enchentes, seja pelo aumento da área de solo mais permeável ou pela capacidade de interceptar parte do volume das chuvas.
No entanto, com a verticalização, as árvores enfrentam condições desfavoráveis dentro dos chamados “cânions urbanos”, ou seja, fileiras contínuas de edifícios altos que alteram a velocidade do vento local, a dispersão da poluição e os padrões de iluminação e microclima. Essas alterações afetam os principais processos biológicos das árvores, contribuindo com a queda precoce, que leva a danos materiais, financeiros e até risco de morte para moradores. Esses efeitos dos cânions urbanos no crescimento e estabilidade das árvores ajudam a explicar o aumento do risco em áreas com edificações mais altas. Ainda não se tem clareza do que está por trás do mecanismo de queda dentro dos cânions urbanos, já que eles concentram vários fatores que afetam a saúde das árvores. A verticalização acaba trazendo um risco maior no médio e longo prazo, quando esses efeitos vão se acumulando. Uma alternativa para essas áreas seria o plantio de espécies mais adaptadas a esses ambientes, como as encontradas em cânions naturais.
Além do que vimos acima baseado no estudo citado, outros vários fatores contribuem para a queda de árvores. Na maioria das vezes é devido a problemas de saúde da árvore. Afinal, sabemos que não é incomum ver árvores de grande porte, com troncos volumosos que caem após grandes tempestades.
Geralmente essas árvores antes de cair já apresentam alguns sinais que podem ser avaliados por responsáveis técnicos da área florestal. Esses sinais são:
- Podridão de parte basal do tronco
- Presença de cupins
- Presença de fungos nos galhos
- Inclinação das árvores (árvore tende a ficar na horizontal)
- Podas mal feitas
- Posicionada próximos a construções ou itens da via (postes)
- Bifurcações do tronco muito próximas ao chão
- Espécies impróprias para a arborização
Geralmente não é só por causa de um sinal, mas sim, pela combinação de vários fatores que cria cenários propícios para a queda da planta. Com a queda, se ela estiver em alguma rua, ela pode levar fios elétricos, arrebentar encanamentos através do rompimento das raízes ou nos casos piores causar acidentes fatais. A manutenção, com o olhar periódico de um especialista, é uma das questões principais. Às vezes a árvore está bonita por fora mas por dentro está oca. Esse manejo é essencial em qualquer cidade.
Para especialistas, mais do que uma fatalidade, este cenário é um problema histórico, consequência de uma soma de fatores que atravessa várias gestões dos municípios brasileiros. Como fatores que contribuem para a queda das árvores na área urbana podemos destacar:
- Calçadas estreitas para árvores grandes (senso de proporcionalidade);
- Árvores “doentes”, com cupins ou fungos;
- Podas mal feitas que desequilibram o centro de gravidade da árvore;
- Falta de monitoramento dos órgãos responsáveis pela flora da cidade;
- Ventos e chuvas fortes;
- Impermeabilização do solo;
- Falta de planejamento da arborização urbana;
- Falta de manutenção.
Nesse contexto, a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana-SBAU, Unipampa e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) organizaram a Roda de Conversa “Queda de árvores, crise e respostas” que será realizada online no dia 16 de novembro às 19 horas com especialistas do setor. Para acessar CLIQUE AQUI.