MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

A história do queijo serrano está profundamente ligada à cultura gaúcha - Foto: Arqivo Iphae

O modo de fazer Queijo Artesanal Serrano, produzido há 200 anos nos Campos de Cima da Serra foi registrado no Livro de Registro dos Saberes e passa a ser o terceiro bem imaterial do Rio Grande do Sul. A produção tem importância econômica, cultural e social para a região e o Queijo Artesanal Serrano é o único a possuir denominação de origem e indicação geográfica certificados. O reconhecimento do IPHAE é resultado de cerca de 20 anos de pesquisa e qualificação da cadeia produtiva, que mantém a essência e os métodos tradicionais preservados.

Para marcar o feito, foi realizada uma solenidade de registro e mostra fotográfica, no Multipalco do Theatro São Pedro em Porto Alegre. A ocasião marca um importante passo na valorização da agricultura familiar no estado. Esse reconhecimento é relevante pois o queijo artesanal serrano possui uma história rica e significativa, refletindo a cultura e a tradição da região. Esse é o culminar de um longo trabalho de produtores e técnicos que se dedicaram à valorização desse produto, que vai além de um simples queijo.

A solenidade de registro e mostra fotográfica, no Multipalco do Theatro São Pedro em Porto Alegre
A solenidade de registro e mostra fotográfica, no Multipalco
do Theatro São Pedro em Porto Alegre

A produção do queijo artesanal serrano teve início há mais de dois séculos, junto com o estabelecimento das primeiras fazendas na região dos Campos de Cima da Serra. A produção do queijo serrano surgiu concomitantemente com a atividade pecuária de corte extensiva na região, empreendida por colonos portugueses.

Apesar das transformações tecnológicas do bem cultural, a rede de significados que o envolve permanece vinculada aos tropeiros e produtores de outrora, pois os produtores atuais se apropriam culturalmente do modo de fazer de maneira a remeter suas técnicas produtivas e comerciais, assim como o cerne de suas identidades, a essas figuras históricas. O simbolismo associado ao Modo de Fazer Queijo Artesanal Serrano se enraíza na mítica missioneira – tomando o vocábulo “mítico” não como uma mera estória tradicional, porém como uma narrativa estruturante das dinâmicas histórica, social e cultural do Rio Grande do Sul. Afinal, a linhagem do gado atual é associada às reses vacunas da Vacaria dos Pinhais, criada pelos jesuítas no segundo ciclo de ocupação missioneira do território do atual estado gaúcho.

Queijo artesanal serrano

O presente Registro está de acordo com o Parecer Técnico do IPHAE nº 007/2024 e a decisão proferida na 11ª Sessão da Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial, realizada em 06 de setembro de 2024. O reconhecimento traz consigo a promessa de melhoria na qualidade do produto, com impactos positivos nas análises sensoriais e epidemiológicas. Atualmente, o produto é valorizado, não apenas beneficiando os produtores, mas também enriquecendo a economia local. A valorização se traduz em aumento de renda e qualidade de vida para as comunidades envolvidas.

O processo para alcançar esse status foi metódico e estruturado. A Emater/RS-Ascar e produtores rurais trabalharam juntos para atender às exigências legais e de qualidade, percorrendo um caminho que envolveu capacitação e desenvolvimento de associações, resultando em um produto mais respeitado e reconhecido no mercado.

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