MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Diferentes queijos produzidos na região do Serro - Foto: Ana Branco

No ano em que o Queijo Minas Artesanal ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, concedido pela Unesco, a região do Serro, em Minas Gerais, que já tinha selo de Indicação de Procedência (IP) do seu queijo desde 2011, inaugurou recentemente a Rota do Queijo. Localizada no Vale do Jequitinhonha, a região inclui produtores de dez municípios mineiros. O destino nasceu com a missão de impulsionar o turismo de experiência associado à cadeia de valor envolvida com a produção do queijo. O território é reconhecido pela arquitetura, patrimônio cultural e por seus diversos atrativos naturais, como a paisagem da Cordilheira do Espinhaço.

Ao percorrer a rota, os visitantes podem degustar o queijo harmonizado com frutas, bolos, broas, biscoitos, sequilhos, vinhos, espumantes, cervejas e muitas histórias. A partir do novo destino turístico, quem visita a região poderá conhecer o processo de fabricação do queijo, a história e tradição do território. O desenvolvimento da rota foi trabalhado como um produto turístico, potencializando a atração de investimentos para o território e valorizando a identidade cultural da região, reconhecida pela diferenciação de seus queijos no mercado.

Cordilheira do Espinhaço - Foto: Geisy Faria
Cordilheira do Espinhaço – Foto: Geisy Faria
Cordilheira do Espinhaço - Foto: Artistas Turmalina
Cordilheira do Espinhaço – Foto: Artistas Turmalina
Paisagem da Serra do Espinhaço - Foto: Eduardo Gomes
Paisagem da Serra do Espinhaço – Foto: Eduardo Gomes

É no queijo do Serro que nasce em Minas e no Brasil a ideia de proteção do patrimônio imaterial da cultura alimentar. Com o título máximo de patrimônio cultural imaterial da humanidade, o Queijo Minas Artesanal e o Serro, com a rota estruturada, contribuem para a dinamização do turismo e, mais uma vez, se colocam na vanguarda da transversalidade entre cultura, patrimônio histórico e turismo, potências na geração de emprego e renda em Minas. Os empreendedores receberam assessorias sobre design de experiências turísticas. Nesse processo, foram trabalhadas temáticas sobre:

  • Experiência em propriedades rurais: entender e vivenciar o processo de fabricação do Queijo Minas Artesanal e de outros produtos rurais e as particularidades que permitiram à região o reconhecimento com a modalidade Indicação de Procedência (IP);
  • Experiência gastronômica: utilizar o queijo e demais produtos da região, quitandas, doces; harmonizações;
  • Experiências de ecoturismo e turismo de aventura;
  • Valorização e resgate do patrimônio material e imaterial, história e cultura local;
  • Técnicas de contação de histórias, com foco na história e em todo o contexto das pessoas do Serro.
A igreja de Santa Rita no alto da escadaria do Serro: 11 municípios abrange a região produtora do famoso queijo - Foto: Leandro Aguiar
A igreja de Santa Rita no alto da escadaria do Serro: 11 municípios
abrange a região produtora do famoso queijo – Foto: Leandro Aguiar

Nas fazendas, além de conhecer a fabricação, quem faz a rota pode visitar museus, conviver com a cultura regional, apreciar a arte local, desfrutar do ecossistema, encerrando a experiência com uma degustação de queijos e produtos mineiros servidos ao lado de um fogão à lenha. A Rota do Queijo do Serro concilia esforços para valorizar o turismo, a tradição e a história dos produtores locais. O esforço incluiu cursos de capacitação para os produtores atenderem os turistas e para entenderem as características particulares do queijo, seus aromas e sabores.

Quitutes mineiros à beira do fogão a lenha - Foto: APAQS – Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro
Quitutes mineiros à beira do fogão a lenha – Foto: APAQS –
Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro

A região do Serro possui cerca de 800 produtores artesanais de queijo que, juntos, fabricam uma média de 8 toneladas por dia de queijos ou 3 mil toneladas por ano. Além de Conceição do Mato Dentro, fazem parte da rota as cidades de Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro. A criação da rota foi uma parceria entre o Sebrae Minas e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado, Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult).

O Queijo do Serro

Ícone da culinária mineira, o queijo do Serro leva o nome da “origem produtora” pela tradição de mais de 300 anos no modo em que é produzido, preservado no dia a dia das fazendas da região. Cerca de 800 produtores e agricultores familiares de pequeno porte fazem parte da cadeia e transformam o queijo em um produto com enorme potencial econômico. O queijo é protegido pela Indicação Geográfica (IG) desde 2011, na modalidade Indicação de Procedência (IP), que identifica e garante sua origem. O reconhecimento da IG se refere ao modo como o produto é feito. Premiado no Brasil e no exterior, o Queijo do Serro é produzido com leite cru, “pingo” (soro-fermento salgado que contém bactérias láticas), sal e coalho, seguindo receitas dos tempos coloniais. Por usar leite cru, o produto é maturado por pelo menos 17 dias e, geralmente, passa por um processo de lavagem e escovação das cascas a cada três dias.

Queijo do Serro
Queijo do Serro

O Sebrae Minas promove o Projeto de Desenvolvimento Territorial da Região do Serro: “Uma Só Região”, que agrega os 11 municípios da microrregião produtora, e contempla iniciativas de apoio ao produtor, como: capacitações, feiras, criação do selo de Indicação Geográfica, e construção de experiência turística da Rota do Queijo.

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