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Queijo do RJ é um dos melhores do mundo

Logo do Mundial do Queijo de Tours

O Brasil reforça cada vez mais sua posição entre os produtores dos melhores queijos artesanais do mundo. Prova disso é o resultado obtido pelos brasileiros no Mundial do Queijo de Tours

A etapa final do Mundial do Queijo de Tours, na França, aconteceu na manhã desta última terça-feira (12). Entre os mais de 1600 queijos avaliados este ano, um único não europeu foi selecionado como um dos 12 melhores do mundo, o Capril do Lago, do produtor Fabrício Vieira de Valença, no Vale do Café (RJ), 160 km da capital fluminense. Entre os 12 tops, além do brasileiro, a lista é composta por 10 franceses e um suíço.

O Mundial do Queijo de Tours, que acontece a cada dois anos, é o único concurso francês que aceita queijos de outros países. Os brasileiros têm concorrido desde 2015. O Brasil reforça cada vez mais sua posição entre os produtores dos melhores queijos artesanais do mundo. Prova disso é o resultado obtido pelos brasileiros no Mundial do Queijo de Tours. O Brasil foi ao mundial deste ano bem representado por 91 produtores de todas as regiões do país, de estados como Minas Gerais, Bahia, Pará, Ceará, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Ao todo, dos 288 queijos brasileiros inscritos na competição, 81 foram premiados com medalhas do total de 900 medalhas da competição – 17 de ouro, 23 de prata e 41 de bronze – 24 a mais que na última edição, realizada em 2021. E um deles, o Caprinus do Lago, da Queijaria do Lago, de Valença (RJ), ficou na sétima posição entre os 12 melhores queijos do mundo, entre franceses e suíços.

Panorâmica do Mundial do Queijo de Tours 2023

Na competição deste ano, 1.640 queijos foram cuidadosamente examinados, degustados e avaliados por um júri de 250 profissionais de todas as partes do mundo, sob o comando Roland Barthelemy, presidente da Associação Internacional do Queijo. A premiação, única competição francesa que aceita queijos de outros países, avalia quesitos como aparência, aromas, sabores, texturas e equilíbrio.

O francês Époisses Berthaut Perrière, da Fromagerie Berthaut, foi o escolhido entre os 12 melhores queijos do concurso, que foram novamente avaliados, desta vez, por um comitê internacional de 12 juízes, presidido por Stéphane Layani, presidente do Mercado Internacional de Rungis. O brasileiro Caprinus do Lago ficou com a sétima posição do ranking mundial. O Caprinus é produzido com leite cru de cabra Saanen, um queijo duro de textura firme e densa (parecido com o parmesão), curado, de cor de palha e com casca natural.

Fabrício Vieira, 47, empreendedor por trás do produto, afirma que foi uma grande surpresa quando viu o resultado. Emocionado, Fabrício que é neto de franceses, representa a quarta geração de sua família que se dedica à produção de queijos, mas é o primeiro a investir no queijo de cabras. Segundo o premiado, a Capril do Lago é uma queijaria artesanal pequena, com oito pessoas, que produz dez quilos de queijo por dia. O envolvimento da empresa com queijo é recente. Vieira começou a produzir o derivado do leite em 2020, na pandemia, usando a geladeira da própria casa. Mas, aos poucos, a produção foi se profissionalizando.

Os top 12 do Mundial do Queijo de Tours 2023

Feito com a mesma técnica usada no pecorino, mas trocando o leite de ovelha pelo de cabra, o Caprinus usa massa cozida e prensada. Ele ainda é maturado por um ano, período em que passa por escovação diária. No total, são necessários 17 litros de leite para fazer um quilo do queijo. Todo o processo faz o Caprinus ter um gosto mais leve e picante. Segundo o produtor, o sabor combina bastante com talharim feito direto no queijo ou com salmão defumado.

O prêmio conquistado na França é o terceiro que o queijo da Capril do Lago venceu. Em 2022, conquistou a medalha de prata na categoria de massa prensada cozida do Mundial do Queijo do Brasil. No prêmio Queijo Brasil de 2023, em Blumenau, também foi premiado, segundo o produtor. Mas quem quiser provar o Caprinus precisa esperar. Depois do anúncio dos vencedores da competição francesa, pedidos pelo queijo dispararam. Atualmente, mais de cem pessoas estão em uma lista de espera para comprar o produto, vendido a R$ 220 por quilo. Os interessados no produto precisam entrar em contato com a empresa pelo Instagram para conseguir uma vaga na lista de espera.

Fabrício espera que a premiação possa agregar valores aos pequenos produtores e ajudá-los a prosperar, tendo em vista a dificuldade do mercado do leite. Além de estar entre os 12 melhores do mundo, o produtor também levou uma medalha de bronze com um queijo de vaca tipo pecorino, mostrando que Valença, onde fica sua fazenda, tem um terroir próprio. Ao todo, a cidade, onde foi inventado o queijo prato nos anos 20 do século 20, recebeu quatro medalhas no Mundial do Queijo de Tours. Essa visibilidade mundial pode alavancar ainda mais o turismo rural, a rota do queijo e a finalizar o museu do queijo valenciano. As premiações contribuem para melhorar a qualidade de vida do produtor brasileiro. Enquanto na França um queijo que ganha medalha tem um aumento de 20 a 30% nas vendas, no Brasil (o impacto) é de 200, 300%.

Confira os queijos brasileiros premiados com a medalha de ouro

Capril do Lago
R. Boaventura José Soares, 463, Varginha, Valença, RJ
Tel: (24) 99868-2332
@caprildolago

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