Se todos os produtores rurais brasileiros decidissem, a partir de amanhã, usar irrigação em suas propriedades, faltaria água para abastecer o setor que mais gera riqueza no país. Segundo levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) junto com o Ministério do Desenvolvimento Regional e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o potencial de irrigação total do Brasil corresponde a 55,8 milhões de hectares, o equivalente a pouco mais de 22% da área agropecuária atual. Desse total, 74% encontra-se na região Centro-Sul, sendo 35,3% só no Centro-Oeste – principal região produtora do país.
Na prática, contudo, o país ainda está longe disso. Apenas 3,3% desse potencial, o equivalente a 8,2 milhões de hectares, encontra-se em uso nos dias atuais. Para os próximos 20 anos, a previsão da ANA é de uma expansão de, no máximo, 6 milhões de hectares, chegando a 14,2 milhões em 2040 – ou 5,7% da área agropecuária do país. Os dados constam no Altas da Irrigação, que foi divulgado na última sexta-feira (26/2) pela ANA e levam em consideração, também, os demais usos da água atuais e projetados no país. Para acessar o Atlas clique no LINK.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apresentados pelo Atlas, o Brasil é o sexto país em área equipada para irrigação do mundo, logo atrás do Irã, com 8,7 milhões de hectares. Os líderes mundiais são China e Índia, com 70 milhões de hectares cada um, seguidos de EUA, com 26,7 milhões de hectares, e Paquistão, com 20 milhões de hectares. No caso chinês, por exemplo, a área irrigada equivale a cerca da metade dos 130 milhões de hectares com aptidão agropecuária do país. Não necessariamente há um gargalo físico, pois o país tem um potencial.
Essa disponibilidade é a disponibilidade momentânea, considerando tempo e espaço. É preciso fazer sempre essa contabilidade. A cada novo usuário de uma bacia, é preciso checar essa conta novamente, destacando-se sempre a importância do uso racional da água também na agricultura.