Onda de incêndios já destruiu mais de 20 mil hectares com mais de 2.300 focos de incêndio em apenas três dias, de acordo com a Defesa Civil
A onda de incêndios que atinge o interior de São Paulo já deixou 48 cidades da região em alerta máximo para queimadas. Duas pessoas morreram e mais de 800 tiveram que deixar suas casas desde que o fogo começou, na sexta-feira (23), segundo dados do governo estadual. Imagens de moradores de cidades afetadas mostram o céu coberto por uma camada de fumaça. Foi o agosto com mais focos de incêndio da história do estado de São Paulo desde 1998. Uma situação que, além da ação humana, foi agravada pela baixa umidade do ar, o vento e as altas temperaturas.
O Governo de São Paulo montou um gabinete de crise para coordenar os trabalhos de combate ao fogo. Duas pessoas suspeitas de atuar em incêndios criminosos no interior do estado foram presas. Um deles foi preso na região de São José do Rio Preto no sábado (24). O segundo, detido no domingo, em Batatais, é um mecânico de 42 anos, flagrado pela Polícia Militar após uma denúncia anônima, enquanto ateava fogo em uma mata próxima à região central de Batatais. Rajadas de vento de até 80 km/h espalharam o fogo pela vegetação e casas em poucos minutos.
O Governo Federal montou uma força-tarefa para combater os incêndios no estado, no Pantanal e na Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente solicitou ajuda à Polícia Federal para investigar a possibilidade de incêndios criminosos, denominando de atípico o volume de incêndios registrados nos últimos dias e comparando as queimadas de agora com o Dia do Fogo, data marcada por diversos incêndios criminosos no Pará, em 2019.
O presidente Lula vem acompanhando as medidas do governo contra os incêndios. Lula permaneceu por uma hora ouvindo explicações do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e de Marina Silva. A Polícia Federal abriu duas frentes de investigação para apurar as causas das queimadas no interior de São Paulo. A competência federal foi justificada porque a fumaça prejudicou a operação de dois aeroportos, que ficam em áreas de competência federal.
Outros inquéritos já tinham sido abertos para investigar as queimadas na Amazônia e no Pantanal. A PF afirma ter ferramentas para recuperar imagens antigas dos locais atingidos pelo fogo e descobrir como ele começou. Também foram utilizados sistemas de satélites que o Ministério da Justiça disponibiliza à Polícia Federal e a centenas de outras agências e, a partir das imagens, retroceder no tempo e identificar o ponto inicial dos incêndios.
No sábado (24), o estado de São Paulo registrou 305 queimadas, uma redução de 83% em relação aos 1.886 focos observados na sexta-feira, quando foi registrado o maior número de incêndios em um único dia. Os dados são do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Agosto já totaliza 3.480 queimadas, um número cerca de dez vezes maior do que o registrado no mesmo mês em 2023, quando ocorreram 352 incêndios. Este número também é 42% superior ao maior registro mensal desde o início das medições pelo INPE, em 1998. Em agosto de 2024, o total de focos já supera em mais de mil o recorde anterior de 2.444 focos, registrado em agosto de 2010.
Segundo o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a onda de calor que atingiu São Paulo após uma frente fria e seca criou as condições ideais para a propagação das queimadas no estado. A combinação de altas temperaturas com o ar seco após a frente fria proporcionou um cenário perfeito para o alastramento do fogo. Para os técnicos do instituto, embora a origem exata dos focos ainda seja desconhecida, é certo que não foram causados por eventos naturais.
Aproximadamente 7,3 mil profissionais e voluntários estão envolvidos no combate ao fogo e na orientação da população. As regiões de Ribeirão Preto e de São José do Rio Preto estão entre as mais atingidas pelas queimadas. A situação é especialmente crítica em cidades como Ribeirão Preto, onde uma tempestade de poeira e fuligem transformou o “dia em noite” no último sábado, gerando pânico entre os moradores, que em alguns casos precisaram deixar suas casas.
O governo estadual iniciou neste fim de semana, uma operação especial para combater as queimadas e já havia decretado situação de emergência por 180 dias em 45 municípios paulistas. Hoje estão sendo monitoradas com alerta máximo 48 cidades e 21 delas têm focos ativos de fogo.
Cuidados
Diante dos dias secos e da má qualidade do ar, a população é aconselhada a adotar medidas preventivas. É preciso se manter informado sobre o nível de poluição, evitar exercícios ao ar livre em horários de maior incidência solar, manter ambientes ventilados, e priorizar a hidratação e a ingestão de frutas e verduras. Cuidados especiais devem ser tomados com idosos e crianças, observando sinais de desidratação e problemas respiratórios.