Com potencial para gerar até 30 mil novos empregos na região, investimentos em hidrogênio verde promete transformar econômica e energeticamente o nordeste
Anuncia-se que o nordeste brasileiro está prestes a presenciar uma transformação econômica e energética sem precedentes. Com um megainvestimento de R$ 522 bilhões, a região pretende se posicionar como protagonista na produção de hidrogênio verde (H2V), um dos combustíveis mais promissores e sustentáveis da atualidade. Essa iniciativa robusta não só colocaria o país em destaque no cenário global de energia limpa, mas também promete criar cerca de 30 mil novos empregos, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico regional.
A região, especialmente o estado do Rio Grande do Norte, é um dos maiores polos de energia renovável do país, liderando a produção de energia eólica. Agora, o estado busca também a liderança na produção de hidrogênio verde, combustível produzido por meio de fontes renováveis, como a eólica e a solar, e que emite zero carbono. Este avanço colocaria o Brasil na rota de um futuro mais sustentável e competitivo no mercado global de energia limpa.
Com pelo menos seis grandes projetos em andamento, o Rio Grande do Norte poderá gerar até 5 gigawatts (GW) de energia renovável destinada à produção de H2V. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (Sedec), os investimentos previstos para esses projetos somam cerca de R$ 111 bilhões, representando um marco na economia energética nacional.
Entre as iniciativas planejadas para atender a crescente demanda por hidrogênio verde, destaca-se o Porto-Indústria Verde, essencial para o escoamento do combustível. Localizado entre Caiçara do Norte e Galinhos, o porto, que já conta com o apoio do BNDES, será construído em uma área de 13 mil hectares, a um custo estimado de R$ 5,6 bilhões. Com operações previstas para 2030, o Porto-Indústria Verde consolidará o estado como um dos maiores exportadores de H2V no mundo e se tornará um centro estratégico para produtos derivados de fontes renováveis.
Além do Porto-Indústria Verde, o Rio Grande do Norte conta com o Complexo Industrial Alto dos Ventos, em Macau, um investimento de R$ 14,5 bilhões liderado pelas empresas Nordex e Acciona. Esse complexo terá capacidade de produzir até 1 GW de hidrogênio verde e é considerado um dos principais projetos para consolidar a região como referência em H2V.
As condições geográficas e climáticas do nordeste tornam a região especialmente favorável para a produção de energia renovável. A abundância de vento e sol ao longo do ano cria um ambiente propício para a geração de hidrogênio verde, enquanto as iniciativas governamentais, como o Marco Legal do H2V, garantem diretrizes claras para regulamentar a produção e atrair investidores. Além disso, o estado inaugurou o Centro de Excelência em Formação Profissional para Hidrogênio Verde, o primeiro do país, focado na capacitação de mão de obra para atuar em todas as etapas da cadeia produtiva do H2V. Essa instituição visa formar profissionais qualificados para um mercado que só tende a crescer, fortalecendo o estado como referência em hidrogênio verde.
Enquanto o Rio Grande do Norte lidera os investimentos, outros estados do nordeste, como Ceará, Piauí e Bahia, também vislumbram o hidrogênio verde como um pilar para o desenvolvimento sustentável. O Ceará, por exemplo, já conta com 27 projetos dedicados ao H2V e trabalha para se tornar um dos maiores polos de produção desse combustível no Brasil.
A promessa de desenvolvimento com o hidrogênio verde no nordeste poderá contribuir de forma significativa para a redução global das emissões de carbono, além de consolidar o Brasil como líder em energia renovável. O povo nordestino espera que a iniciativa não seja mais um pacote de promessas vãs, que realmente traga benefícios para a maioria da população da região e que não concentre mais uma vez a riqueza gerada nas mãos de uma minoria privilegiada. Com recursos naturais abundantes, infraestrutura estratégica e força de trabalho qualificada, o nordeste e o Brasil têm grandes chances de impulsionar a economia, colaborar com a agenda global de sustentabilidade e gerar renda e qualidade de vida para seu povo.