A capacidade de armazenamento do país é um problema histórico que continua a se agravar. Essa defasagem dificulta os trabalhos diários no campo, como na colheita e logística podendo gerar sérios prejuízos
Safras recordes e déficit de armazenamento são assuntos recorrentes quando se trata de agronegócio nacional, especialmente na produção de grãos. Apesar de ser uma etapa essencial na cadeia de produção agrícola, o Brasil ainda enfrenta esse grande desafio. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), desde 2001 a capacidade nacional é inferior à quantidade do que é produzido e o país consegue estocar apenas cerca de 14% de uma safra, um problema histórico que continua a se agravar. Essa defasagem dificulta os trabalhos diários no campo, como na colheita e logística podendo gerar sérios prejuízos.
Uma pesquisa inédita realizada com produtores rurais de todas as regiões do Brasil traça um perfil completo da armazenagem de grãos dentro das propriedades rurais do país. A pesquisa faz parte do “Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil”, um amplo estudo da CNA sobre uma das principais atividades primárias da logística e que é fundamental para a competitividade dos produtores e do agro brasileiro. A pesquisa foi realizada pela Esalq-Log (USP).
Os pesquisadores ouviram 1.065 produtores rurais, de todas as regiões do país, o que permitiu traçar o perfil da armazenagem no campo, o perfil de quem utiliza esse tipo de infraestrutura na fazenda, fora da fazenda, em silo bolsa, e recomendações desses usuários para incentivar e expandir o uso da armazenagem. Os questionários foram respondidos no final de 2022.
Segundo os resultados da pesquisa, pode-se constatar:
- A maior parte dos produtores ouvidos diz que investiria em armazenagem se tivesse taxa de juros atrativa. 72,7% demonstrou interesse em investir na armazenagem por meio de um crédito com taxa de juros atrativas.
- A pesquisa revela também que a maior parte dos produtores rurais quer expandir a capacidade estática de armazenagem. 54,0% dos produtores disseram ter interesse para comportar o aumento da produção própria, 15,9% para atender terceiros e produção própria e 30,1% não tem interesse.
- As regiões com maior interesse em expandir a capacidade estática de armazenagem são o Norte (82,7%), Centro-oeste (78,4%) e Matopiba (73,3%).
- Uma das principais constatações da pesquisa é que a armazenagem traz ganhos econômicos ao produtor rural.
- Quando questionados sobre o ganho econômico médio com o uso do armazém, nas últimas três safras, comparado ao preço médio na época de colheita, 40,8% teve ganho entre 6% e 20%.
- Os volumes da safra de soja e da segunda safra de milho tendem a ter um benefício econômico em uma janela de comercialização tardia, consequência da dinâmica dos reajustes de preços.
- Outro principal ganho está relacionado à redução no custo do frete, já que no pico do escoamento da safra brasileira de grãos, o valor do frete aumenta, diante da alta demanda.
Contornando o problema
Os silos bolsas ou silos bags são compartimentos de armazenamento em formato de bolsas flexíveis, que permitem armazenar todo tipo de grão e silagem. Uma das formas de contornar o problema é contar com opções seguras como os silos bolsas. O equipamento é um túnel flexível, produzido com polietileno (PE), disponível em diferentes dimensões e com capacidade para conservar grãos por mais de 12 meses. A ferramenta traz inúmeras vantagens com relação aos silos metálicos, que são os mais populares, ou aos de concreto, madeira, entre outros.
As mais evidentes são a praticidade e o custo-benefício. Enquanto um silo tradicional demanda tempo para estar pronto, licenciamento, obra e alto custo de instalação, o silo bolsa traz a solução do armazenamento quase que imediatamente à necessidade. Pode ser instalado em qualquer local da fazenda, inclusive mais próximo aos talhões, além da possibilidade de segmentar os produtos, separar por lote, por data, por qualidade do grão e até escalonar a produção.
O silo bolsa pode ser adquirido por demanda. Se a safra aumenta o produtor pode contar com essa alternativa, podendo ser instalado em qualquer local da propriedade, próximo às áreas de produção, já com o silo metálico (estático) a carga tem que ser levada até ele. A safra pode ser estocada o tempo que for necessário. O produtor conserva o grão, pode vender no futuro, e ainda se precisar fazer mistura pode abrir, retirar a quantidade e fechar. Mesmo para quem tem na propriedade silos metálicos, os silos-bolsas complementam de forma segura a estocagem das safras. Muitas vezes não dá tempo de secar, a colheita está apurada, os silos tradicionais não suprem toda a necessidade, então lança-se mão do silo bolsa.
Segundo a pesquisa CNA/Esalq-Log (USP), o silo bolsa já é um sistema de armazenamento de grãos e silagem muito utilizado pelos produtores. E apesar disso, não havia qualquer dado sobre o seu uso no campo. A pesquisa aponta que 26,8% utiliza o silo bolsa para armazenar até 10,0% da produção, 22,4% entre 11% a 25% e outros 22,4% armazenam entre 26% a 50%.
Considerando a perda média (quebra-técnica) na armazenagem própria utilizando o silo bolsa (% por mês armazenado), 24,5% respondeu que tem perda de 0,11% até 0,25%. Para preencher o silo bolsa, 82,5% dos produtores utilizam o equipamento de “embolsadora de grãos” próprio e 8,3% contratam serviços de terceiros.
O silo bolsa é uma excelente opção para se ampliar a capacidade de armazenagem dos silos convencionais. Armazena-se de acordo com a produção e recebimento dos grãos, além de ser uma opção sustentável. A etapa de armazenamento dos grãos é crucial para assegurar os esforços investidos durante o cultivo. Com o déficit de unidades armazenadoras, a necessidade de maior espaço e o custo-benefício, o silo bolsa é um ótimo investimento para o armazenamento da safra ou ampliação da capacidade de armazenagem de quem já possui silos convencionais, de forma rápida com investimento baixo.
