As mulheres são mais atenciosas e desenvolvem várias tarefas ao mesmo tempo, além de ter um diferencial para a gestão e a inovação
Por onde quer que você vá, é cada vez mais comum encontrar mulheres ocupando espaço à frente dos negócios da família. São mulheres que decidiram lutar por seu espaço na atividade, sem sair da propriedade e do negócio da família.
Mulheres que se encontraram e se enxergam como indispensáveis para manter o negócio da família de pé.
Mas o que essas mulheres enfrentam? O que elas buscam? Com o que elas sonham?
Confiança conquistada
Assim como em qualquer outra empresa, na empresa familiar é preciso conquistar a confiança dos seus líderes e colaboradores. Para Andrea Van Riel foi exatamente assim.
A filha mais velha de três irmãs relata que conquistar o respeito e a admiração não é fácil. “Precisamos manter o foco e produzir. Ninguém questiona um trabalho bem feito. Os resultados falam por si só, e é isso que destaca um bom profissional”, pondera a engenheira agrônoma e mestre em proteção de plantas.
Filha de produtores rurais que atualmente trabalham com as culturas de soja, milho e aveia, na região de Não Me Toque/RS, Andrea esteve inserida nesse setor durante toda sua vida, até que começou a contribuir com a família, inicialmente na parte administrativa e financeira e, posteriormente, assumiu a parte técnica e operacional.
“A confiança veio com o tempo. Com dedicação e empenho, sugerindo algumas mudanças de forma gradual e que pudessem ser comparadas com o que estava sendo feito para que meus pais pudessem observar as vantagens e benefícios que essa mudança poderia trazer”, relata ela.
Força feminina
“As mulheres são mais atenciosas e desenvolvem várias tarefas ao mesmo tempo, além de termos um diferencial para a gestão e a inovação. Vejo a força feminina cada vez mais presente no agro, em diversos setores dentro do segmento: sucessão familiar, assistência técnica, em cargos de decisão e comando nas corporações”, comenta.
Experiência e inovação: uma união de sucesso
O grande diferencial da sucessão familiar é a união entre a experiência dos pais e a inovação apresentada pelos filhos… E filhas! O equilíbrio entre essas duas coisas tende a gerar uma atividade rentável, com um negócio cada vez mais promissor e, o melhor de tudo, com a previsão de que a empresa rural será mantida pela próxima geração.
Mas esse encontro de gerações não é fácil. Tudo deve ser feito com muita cautela e flexibilidade para que não haja conflitos que comprometam a relação familiar e até mesmo os negócios. É um processo gradual e todos precisam estar abertos para sugestões e ideias. Andrea ressalta que algumas vezes há diferenças de opiniões entre os envolvidos, mas o respeito é a base da relação.
“Sou eu quem fecha o negócio”
Para Naiane Hommerding, graduada em Administração e que toca as negociações de seu empreendimento de família, o grande diferencial feminino está na capacidade e no “feeling” das mulheres para fechar negócios. “As mulheres são organizadas e ainda têm uma visão mais ampla de tudo”, declara.
Para muitas mulheres, não é fácil se autoafirmar e mostrar que são de fato as responsáveis pelo negócio. Entretanto, sempre é preciso se posicionar e deixar claro sua função, seu lugar e suas responsabilidades.
Naiane sabe bem o que é isso. Quando precisou assumir os negócios da família por questões de saúde da sua mãe, enfrentou algumas dificuldades.
Além de ser mulher, em aparência sempre apresentou ser mais nova do que de fato é. E isso gerava uma desconfiança dos clientes ou dos fornecedores.
Até que, passo a passo, Naiane começou a se posicionar, mostrou pulso firme, e as pessoas passaram a enxergar que, sim, ELA é a responsável por fechar os negócios e tomar a decisão.
Por conta de sua formação, a parte de fechar negócios e controlar pagamentos sempre foi a parte fácil de suas funções. Mas Naiane, assim como muitas outras agro mulheres que não viveram em contato direto com o agro desde a infância, buscou entender o processo, conhecer os produtos, as empresas, participar de eventos, buscar capacitação e orientação de profissionais da área técnica e de seus próprios funcionários para que ganhasse cada vez mais confiança em administrar o negócio.
Conselhos de quem vive a sucessão
Tanto Naiane quanto Andrea são mulheres que vivem a sucessão e sabem exatamente os desafios e conquistas desse caminho. E como sucessoras bem sucedidas, elas falam a todos aqueles que buscam a sucessão ou que ainda não atuam junto a família, mas tem esse desejo.
Conselhos de Naiane:
“Busquem conhecer o negócio, participem do dia a dia, se habituem ao negócio, tentem aprender com o seu pai ou mãe, peça para que lhe ensinem, falem da importância de eles terem alguém para poder dar continuidade no negócio. Mostrem que todo o esforço e trabalho deles vai ser valorizado no futuro.”
“Para as que, por alguma questão, não puderam se envolver nos negócios da família e este negócio acabou caindo sobre sua mão, não desista, vá atrás, confie em você mesma, busque o seu espaço, prove para as pessoas que esse negócio vai continuar andando bem e até melhor com a sua presença. Não tenha receio por ser a única mulher no grupo (como acontece muitas vezes)!”
Conselhos de Andrea:
“Atuar em um setor predominantemente masculino não é fácil, mas saber que outras mulheres passaram por isso e superaram os desafios, faz com que nós busquemos o mesmo caminho de superação.”
“Aproveitem a oportunidade de aprender com seus pais, eles têm muita experiência vivenciada na prática. Nenhuma diferença de opinião deve ser maior que a chance de aprender com quem está ao nosso lado disposto a compartilhar anos de aprendizado. Aproveitem!”
Leia também:
O papel da mulher no agronegócio
A importância da mulher à frente da propriedade familiar