Ignorar as variáveis que afetam a produtividade dos varrões pode comprometer todo o sistema de produção
As necessidades nutricionais específicas devem ser adequadamente satisfeitas fazendo com que os animais expressem todo o potencial genético de sua raça. Conheça alguns cuidados com a nutrição do macho reprodutor suíno que podem colaborar na melhoria da rentabilidade de seu negócio.
Maximização zootécnica. Está embasada em cinco pontos:
Genética – escolha a linhagem baseada nos objetivos produtivos, bem como na adaptabilidade às condições da região onde a propriedade está localizada.
Sanidade – lembre-se sempre de adquirir machos e fêmeas sadios, bem como seguir rigidamente os protocolos de vacinação e demais protocolos sanitários.
Manejo e instalações – é fundamental o bem-estar dos animais e equipamentos que facilitem o manejo e as condições sanitárias dos galpões.
Nutrição – neste aspecto há muito do que falar e é do que se trata este artigo.
Todos esses itens são imprescindíveis para se alcançar bons índices zootécnicos e o equilíbrio produtivo.
Contudo, a nutrição tem especial peso nessa equação. De que adianta ter a melhor genética, disponibilizar conforto animal e prezar pela sanidade, se as exigências nutricionais não forem atendidas? Imagine para o macho reprodutor, que também é responsável pela perpetuação de um plantel sadio e produtivo.
Grande parte dos suinocultores valorizam, acertadamente, o manejo nutricional das matrizes, mas muitas vezes deixam de lado o manejo nutricional dos machos reprodutores.
Como são poucos machos em relação ao número de fêmeas, é comum produtores fornecerem a ração de fêmeas em gestação aos machos reprodutores, buscando uma economia de ração. Isto não faz o menor sentido, visto que estes animais têm necessidades totalmente diferentes.
Um bom varrão é aquele que apresenta:
• o sistema reprodutivo bem desenvolvido;
• uma produção de espermatozoides viáveis elevada;
• libido para efetuar os saltos para coletas;
• boa condição corporal para que ele passe por esse período de produção.
Dessa forma, o produtor deve atender as exigências nutricionais dos varrões para que eles possam expressar o máximo do seu potencial reprodutivo.
Mas quais são estas exigências?
Proteínas e aminoácidos. Diretamente relacionadas com a síntese proteica e deposição muscular, além da atuação na síntese e liberação de hormônios reprodutivos (luteinizante – LH e folículo estimulante – FSH), que promovem a boa libido. Melhoram o rendimento de espermatogênese e a qualidade das células espermáticas, aumentando a quantidade de ejaculado do macho.
Energia. Há um grande gasto energético na fase reprodutiva dos machos, mesmo com os manejos de inseminação artificial hoje em dia. Por isso, é preciso garantir um bom aporte energético para que ele consiga liberar o ejaculado e realizar as coberturas adequadamente.
Ácidos graxos. Influenciam na quantidade de sêmen, porque estão relacionados diretamente com a fluidez da membrana, ou seja, com a composição lipídica do sêmen.
Vitaminas C, E e selênio. As vitaminas C e E têm ação antioxidante e estão ligadas diretamente com a manutenção da integridade da membrana do espermatozoide, evitando a peroxidação lipídica. Já o selênio está envolvido com a produção de selenoproteína, fazendo parte da membrana plasmática do espermatozoide.
Zinco. Atua na formação de glicoproteínas zinco-dependentes, que fazem parte da composição da membrana plasmática dos espermatozoides. Isso significa que algumas proteínas são dependentes desse mineral para terem sua formação.
Cromo + zinco. Atuam no aumento do tempo da ação da insulina na célula, ou seja, eles atuam na absorção da insulina (que nada mais é do que a energia para célula). Essa díade aumenta a quantidade e a qualidade espermática.
Cálcio, fósforo, zinco e biotina. Auxiliam principalmente na manutenção da integridade dos aparelhos locomotores, fundamental para que o macho tenha força e não se machuque durante a cobertura. O animal com a formação locomotora adequada tem uma probabilidade maior de fazer a cobertura de forma correta.
Fibra dietética. Auxilia a manter a concentração energética necessária, sem favorecer a deposição de gordura, ou seja, evita que o animal engorde muito e saia do escore corporal ideal.
Dicas de boas práticas
Monitore o escore corporal do macho. Machos muito pesados tendem a produzir menos sêmen e espermatozoides. Por isso, deve-se trabalhar sempre buscando manter o peso ideal dos varrões.
Arraçoamento correto. É crucial oferecer uma dieta específica para a categoria, ainda antes de os animais entrarem na puberdade. A nutrição adequada garante o bom desenvolvimento do sistema reprodutor, bem como a manutenção da produtividade do animal.
Além de disponibilizar água fresca e de qualidade, não se pode deixar faltar ração no cocho, nem exagerar na dose. É preciso dar a quantidade necessária de alimento que o animal precisa. Em climas quentes, deve-se fornecer ração com níveis mais concentrados de nutrientes, para que o estresse calórico seja menor.
Limpeza das instalações. Faça o controle da entrada de pessoas e de veículos e siga os protocolos de higienização de todas as instalações para evitar patógenos que possam acometer esses animais.
Coleta do sêmen. O momento da coleta do sêmen deve ser tranquilo, para que os animais não fiquem estressados. Além disso, é preciso realizar a coleta com rígidos procedimentos de higiene, atividade que requer uma equipe qualificada.
Equipamentos adequados e higienizados. Assim como o próprio animal, os equipamentos para a coleta do sêmen devem estar devidamente higienizados para evitar infecções no órgão reprodutivo do suíno e a contaminação do sêmen.
Com todos estes cuidados, na hora de fazer as contas, o produtor vai perceber que o investimento feito será bem recompensado, pois terá um produto de valor e que atende às demandas do mercado!