Tecnologia foi apresentada na última edição do evento tecnológico mais poderoso do mundo, verdadeiro campo de provas para os inovadores globais
O estande da John Deere chamou a atenção de curiosos durante a Consumer Electronics Show-CES, a maior feira de eletrônicos de consumo do mundo. Cerca de dois mil quilômetros separavam um trator em Austin, no estado americano do Texas, do celular usado para controlá-lo, em Las Vegas, no estado de Nevada. Com um clique no aplicativo, a máquina interrompia ou retomava o percurso traçado para o preparo do solo em uma lavoura.
A companhia americana acelerou o desenvolvimento dessa tecnologia após a compra da startup Blue River, em 2017, por cerca de US$ 300 milhões. Hoje, os testes envolvem dezenas de máquinas em sete estados americanos. O objetivo é reunir um conjunto robusto de dados para aprimorar o modelo e torná-lo apto a reagir em ambientes diversos.
A empresa prevê que essas máquinas serão capazes de fazer boa parte do trabalho de campo sozinhas. Resta aos humanos traçar os planos de trabalho na lavoura e tomar decisões quando algo inesperado ocorrer, como o surgimento de um animal na frente da máquina, por exemplo. Espera-se com isso que o agricultor reduza os custos com a operação e tenha mais tempo para outras atividades melhorando a qualidade de vida e produtividade no campo.
Segundo a empresa, há centenas de profissionais envolvidos no desenvolvimento da tecnologia, tanto no meio-oeste, região produtora de grãos, quanto no Vale do Silício, berço de empresas de tecnologia. A expectativa da companhia é ter máquinas autônomas em campo até 2030, atendendo o produtor do plantio à colheita de grãos.
A concorrência pela liderança pela autonomia no setor está acirrada. Em setembro, a AGCO anunciou a compra de fatia da Trimble, por US$ 2 bilhões, e a criação de uma joint venture. A parceria facilitará o acesso às tecnologias de automação e telemetria da Trimble para a AGCO, fabricante de máquinas agrícolas dona de marcas como Fendt e Massey Ferguson.
As máquinas autônomas desenvolvidas nos Estados Unidos, em algum momento, chegarão aos outros mercados em que a John Deere atua, como o Brasil. No entanto, a falta de conectividade no campo no país será um desafio adicional para implementação dessa tecnologia, assim como tem sido para funcionamento pleno de outras soluções de agricultura de precisão.
Para resolver a questão, a John Deere trabalha em projetos junto a operadoras de telefonia para instalação de torres e infraestrutura nos rincões do país. Além disso, está fechando parcerias com provedores de internet via satélite para cobrir mais áreas.
Segundo técnicos da empresa, a criação de um centro de desenvolvimento da John Deere em Indaiatuba (SP), previsto para começar a operar até o fim deste ano, permitirá que a companhia adapte mais rapidamente suas tecnologias à realidade local.
No vídeo acima, a fabricante apresenta sua plataforma de operação para inserção de comandos em tratores autônomos na CES 2024 (Consumer Electronics Show). O CFO da John Deere, Josh Jepsen, junta-se a Akiko Fujita, do Yahoo Finance, na CES para demonstrar o maquinário sem condutor para ajudar agricultores idosos e alcançar metas de produção agrícola autônoma até 2030. Segundo Jepsen, não há necessariamente mais pessoas migrando para a agricultura, o que significa que as máquinas terão que fazer mais e a capacidade de automatizar e passar para a autonomia é uma alternativa importante para o setor agropecuário. Para ele, a empresa está bem posicionada, dada a forma como realizam todos os trabalhos que os clientes esperam e realizam na fazenda juntamente com a capacidade de gerenciar tudo isso em uma plataforma digital que torna tudo muito simples.