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Tecnologia – Inovações no manejo da compactação do solo e plantabilidade

Solo preparado em curvas de nível

Em 1983, NOGUEIRA & MANFREDINI já haviam percebido que a compactação do solo poderia interferir negativamente no desenvolvimento da soja, influenciando seu crescimento e desenvolvimento. Segundo DALCHIAVON et al. (2011), a compactação do solo prejudica o crescimento e desenvolvimento radicular das plantas, afetando sua capacidade de absorção de água a nutrientes. Além disso, a compactação do solo altera os volumes de gases (ar) e a estrutura do solo, dificultando troca gasosa entre raízes/solo e diminuindo a infiltração de água no solo.

Dentre as ferramentas utilizadas para a avaliação da compactação do solo, segundo DALCHIAVON et al. (2011) as medidas de resistência a penetração (RP) são as que representam melhores resultados para mensuração da compactação do solo, contudo cabe destacar que a RP apresenta relação direta com a umidade do solo, podendo a umidade interferir na mensuração da compactação do solo. Para tanto, recomenda-se avaliações de RP quando o solo encontra-se com teor de umidade próximo a capacidade de campo.

Os autores destacam que com a adoção do sistema plantio direto, inúmeros benefícios foram incorporados ao sistema de produção, sendo alguns desses, o maior controle de erosões do solo, a maior infiltração de água no perfil do solo, o controle culturas de plantas daninhas e a diminuição dos custos de produção com preparo do solo. No entanto assim como uma máquina, é fundamental dar “manutenção ao solo”, prezando por boas produtividades, mas ao mesmo tempo buscando a sustentabilidade do sistema de produção juntamente com a conservação do solo.
 
Conforme observado por BEULTER & CENTURION (2004), a medida em que se aumenta a resistência à penetração do solo, a produtividade da soja é diminuída, comprovando o negativo reflexo que a compactação do solo influencia na produtividade da soja.

Relação entre a resistência à penetração e a produtividade da soja.
Fonte: BEULTER & CENTURION (2004).

Conforme observado por BEULTER & CENTURION (2004), a partir de 0,85 Mpa de resistência à penetração, já são observadas reduções da produtividade da soja, sendo dessa forma fundamental buscar alternativas de manejo que possibilitem o controle da compactação do solo.
 
Buscando abordar o tema, a Equipe do Mais Soja preparou uma Live com dois dos principais Profissionais do Setor agrícola, o Professor da Universidade Federal de Santa Maria Thomas Martin e o Engenheiro Agrônomo da AGCO Vinícius Cunha. Na Live Thomas e Vinícius trataram das “Inovações no manejo da compactação do solo e plantabilidade”, onde ambos abordaram pilares fundamentais para o manejo da compactação do solo e plantabilidade da soja, além de trazer novas alternativas na busca por melhorias no sistema de produção.
 
Segundo Thomas “o solo é um reservatório fantástico de água” e é fundamental buscar estratégias para possibilitar a maior infiltração de água no solo e com isso maior disponibilidade de água para períodos críticos, “momentos de crise, momentos de estiagem” os quais a soja está mais suscetível a estresses, e o manejo da compactação do solo busca proporcionar melhores condições de crescimento e desenvolvimento de raízes além de aumentar a infiltração de água no solo.
 
Além dos aspectos biológicos e culturais abordados por Thomas para o manejo do solo, bem como a utilização da rotação de culturas, semeadura em nível, utilização de plantas de cobertura e outros mais, Vinícius aborda aspectos físicos para o manejo do solo, segundo ele, a intervenção mecânica deve ser vista como uma alternativa de remediação para um problema, mas que não é a solução. Vinícius destaca que “vem se trabalhando para diminuir cada vez mais a intervenção mecânica” buscando alternativas que possibilitem melhores condições de manejo do solo.
 
Vinícius destaca que novas tecnologias vem sendo produzidas pra emprego na agricultura, buscando melhores condições de produção, contudo práticas fundamentais que não necessitam especificamente de grandes tecnologias como a semeadura em nível e o tráfego controlado de máquinas são essenciais para diminuir a perda de solo por erosão no sistema de produção e diminuir a compactação por máquinas agrícolas.

Plantio direto em nível e tráfego controlado de máquinas

Além disso, à medida que se controla o tráfego de máquinas, é possível manejar de forma diferenciada o ambiente de produção, dando atenção superior para as áreas mais propensas à compactação, usando de artifícios como plantas de cobertura com potencial para descompactar o solo ou até mesmo direcionando a intervenção mecânica para a área realmente necessária.

Cultivo de nabo-forrageiro em linhas de tráfego de máquinas – Fonte: BERTOLLO (2018)

Com relação à plantabilidade, segundo Vinícius novas tecnologias como a semeadoras que copiam o terreno vem proporcionando melhores condições de plantabilidade, destacando ainda que com tecnologias desse tipo, a utilização de terraços passa a não ser mais um problema para a mecanização das áreas e ainda complementa enfatizando a importância dos terraços para a agricultura, exercendo controle sobre o escoamento e infiltração de água no solo.
 
Ambos os profissionais ainda comentam a importância do processo de semeadura, a influência de componentes como sulcadores e discos duplos para a semeadura e destacam o importante papel da correta execução do processo, bem como as implicações de velocidade de semeadura, umidade do solo e palhada entre outros.

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