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Tecnologia para a agricultura familiar

O mercado global de agricultura digital deve crescer 183% até 2026, com previsão de movimentar cerca de US$ 8,3 bilhões. Com isso, quatro inovações se destacam como tendências que prometem moldar o futuro da agricultura familiar:

  • Tokenização de commodities;
  • Compras e pagamentos on-line de insumos agrícolas;
  • Sistemas de monitoramento remoto de máquinas agrícolas, principalmente as de menor porte, destinadas à agricultura familiar;
  • Otimização de operações por drones.

Tokenização de commodities

A tokenização é uma inovação que está ganhando destaque no mercado agrícola. Trata-se do processo que transforma ativos “comuns” em ativos digitais ou gerar tokens, registros criptografados que representarão um ativo negociado na blockchain. Um ativo pode ser entendido como tudo aquilo que possui valor, podendo ser negociado ou convertido em dinheiro. Através da tecnologia blockchain (grande banco de dados compartilhado que registra as transações dos usuários), commodities como soja, milho, café, trigo, cana-de-açúcar e outros podem ser transformadas em moedas digitais, proporcionando aos produtores acesso a uma negociação mais ágil, simples e segura, além de maior liquidez. Um dos principais usos da tecnologia blockchain no agro é aplicação da solução em processos de rastreabilidade. Através da solução é possível ter todo o registro do ciclo dos produtos, do pasto ou lavoura à mesa do consumidor. O uso da solução na rastreabilidade garante maior confiabilidade, agregando valor ao produto rural e abrindo as portas de mercados pelo mundo todo e ainda deve facilitar e dar maior agilidade ao mercado de commodities.

Existem três diferenciais importantes na tokenização do agro:

  • Sem intermediários: menor burocracia e custos;
  • Sem limitação geográfica: aumenta a base de público-alvo;
  • Disponibilidade total de sistema: incentiva investidores no exterior.
Pequena agricultora registrando seu produto
Pequena agricultora registrando seu produto

Estima-se que a tokenização de ativos em vários mercados cresça de forma significativa em todo o mundo, alcançando um mercado de aproximadamente US$ 10 trilhões até 2030. O volume representa um aumento expressivo em relação ao valor atual de aproximadamente US$ 300 bilhões desse mercado. A adoção de novas tecnologias no agronegócio deixou de ser apenas uma vantagem competitiva para se tornar uma exigência no mercado global. Iniciativas como a tokenização de commodities via blockchain representam um marco, permitindo que produtores de todos os tamanhos acessem mercados mais amplos com maior segurança, transparência e agilidade.

Essas inovações oferecem às indústrias a possibilidade de introduzir soluções como o barter (troca direta de produtos rurais por materiais agrícolas, como fertilizantes, pesticidas, sementes e maquinários) digital, criando novas formas de pagamento para seus clientes. O blockchain garante rastreabilidade, imutabilidade e confiabilidade nos processos, trazendo benefícios únicos para toda a cadeia. O diferencial está em integrar essas tecnologias às necessidades reais dos produtores, garantindo que sejam acessíveis e adaptadas às condições locais. Isso fortalece não apenas a produção, mas toda a cadeia do agronegócio.

Compras e pagamentos online de insumos

Com a digitalização do setor, crescem as compras e os pagamentos online de insumos agrícolas. A facilidade de adquirir produtos como fertilizantes, defensivos e sementes pela internet oferece aos produtores a possibilidade de reduzir os custos operacionais. Pesquisas revelam que 71% dos produtores rurais já utilizam plataformas online em suas jornadas de compra. No Brasil, plataformas digitais já oferecem soluções que integram o processo de compra, pagamento e entrega de insumos. A expectativa é que a adesão a essas tecnologias cresça no próximo ano, à medida que os agricultores busquem soluções para otimizar a cadeia de suprimentos e a gestão financeira.

Produtora vai às compras conectada a internet
Produtora vai às compras conectada a internet

Os produtores estão cada vez mais buscando soluções tecnológicas para otimizar as atividades também “fora da porteira”, como é o caso da possibilidade de comprar e pagar pelos insumos pela internet. Essa busca por novas tecnologias é impulsionada por diversos fatores, como a necessidade de reduzir custos, uma vez que as plataformas online permitem que os produtores comparem preços de diferentes fornecedores em tempo real, o que além de economia, também garante mais agilidade no processo.

Monitoramento de máquinas para agricultura familiar

O monitoramento remoto de máquinas agrícolas, aliado à agricultura de precisão, também tem sido uma tendência que cresce rapidamente no Brasil e no mundo e que deve perdurar em 2025. Sensores e sistemas de rastreamento com comunicação via GPRS e GPS oferecem aos produtores, principalmente os de pequeno e médio porte, também a possibilidade de acompanhar em tempo real o desempenho de suas máquinas, prevenindo falhas e otimizando o uso de recursos como combustível e tempo.

Pequeno trator sendo operado remotamente
Pequeno trator sendo operado remotamente

De acordo com um estudo conduzido pela pesquisadora Maira de Souza Regis, da Universidade de Brasília (UnB), mais de 95% dos produtores rurais utilizam algum tipo de tecnologia digital em suas propriedades. Apesar da alta adesão, o avanço mais robusto dessas ferramentas é dificultado pela conectividade precária no campo. O levantamento mostra que o uso de softwares e aplicativos de gestão é maior no centro-oeste, adotado por 80% dos produtores, enquanto no nordeste, essa porcentagem é de apenas 41%. Nesse contexto, sistemas de monitoramento mais acessíveis e aplicáveis em modelos de máquinas de menor porte, a exemplo de tratores com somente 26 cavalos de potência, já começam a se destacar no mercado.

Otimização de operações por drones

Outra tecnologia com tendência de expansão na agricultura familiar é o drone. O uso de aeronaves remotamente pilotadas (ARP) vem se destacando como um facilitador em várias operações agropecuárias e dispositivos de pequeno e médio porte poderão ser aplicados cada vez mais na agricultura familiar. Os drones podem ser muito úteis por dois fatores primordiais: custo e produtividade (economia de tempo e recursos). Ao optar pelo seu uso, o produtor não precisa fazer todo um deslocamento para monitorar suas áreas de lavouras, rebanhos e áreas de preservação.

Drone monitorando lavoura
Drone monitorando lavoura

Com um pequeno drone é possível prever eventos climáticos importantes, avaliar a lavoura com perspectivas e ângulos diferentes, demarcar áreas de plantio, identificar pragas e doenças, emitir alerta para eventos importantes (queimadas, invasões, movimentações estranhas, etc.), monitorar e guiar os rebanhos, verificar o funcionamento de sistemas de irrigação e demais equipamentos, monitorar equipes de campo, promover a sustentabilidade mitigando danos ambientais, reduzir o desperdício de água, minimizar o uso de produtos agropecuários, estipular a quantidade de fertilizantes que deverão ser aplicados, monitorar a saúde do solo, das plantações e de áreas desmatadas e criar mapas de produtividade das áreas cultivadas, monitorar a saúde do solo, das plantações e de áreas desmatadas e criar mapas de produtividade.

Os drones têm se mostrado uma ferramenta de grande importância na agricultura, trazendo benefícios como maior eficiência, precisão e redução de custos. O uso dessa tecnologia tende a se expandir cada vez mais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário.

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