Grande parte do território brasileiro é marcada por forte incidência solar e os trabalhadores rurais se destacam como um dos grupos mais vulneráveis a essa doença
O câncer de pele é a neoplasia mais comum no país. Com índices elevados de radiação UV, o Brasil tem de enfrentar essa preocupante realidade. Os trabalhadores do agronegócio enfrentam um risco elevado de desenvolver câncer de pele devido à essa intensa exposição à radiação ultravioleta (UV). A rotina de quem trabalha no campo envolve longas horas sob o sol, muitas vezes sem o uso de protetores solares ou roupas adequadas para minimizar os danos causados pela radiação ultravioleta. Essa exposição exacerbada, sem a proteção necessária, aumenta significativamente o risco de desenvolver câncer de pele, uma doença que, embora altamente prevenível, continua a afetar gravemente a saúde dos trabalhadores rurais.
Anualmente são aproximadamente 180 mil novos casos diagnosticados. A situação é alarmante, especialmente para aqueles que trabalham ao ar livre, como agricultores e pecuaristas, que estão expostos ao sol por longas horas. A saúde dos trabalhadores do agronegócio é essencial não apenas para sua qualidade de vida, mas também para a produtividade do setor agrícola.
A incidência do câncer de pele entre trabalhadores rurais é agravada pela dificuldade de acesso a profissionais de saúde especializados e a recursos preventivos, como protetores solares e roupas com fator de proteção UV. Infelizmente, o acesso a essas medidas protetivas ainda é limitado para muitos trabalhadores rurais, especialmente em regiões mais afastadas e de difícil acesso. Além disso, a questão cultural e a falta de informação adequada contribuem para a subutilização desses recursos. Apesar de existirem políticas públicas que contemplam a distribuição de protetor solar pelo SUS, muitas pessoas não têm acesso à informação necessária para buscar esses produtos.
Para combater essa ameaça, o Hospital de Amor, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e a Casa da Agricultura de Barretos, desenvolve o Projeto Retrate, voltado especialmente à população rural, incluindo os trabalhadores do agro.
Desde sua implementação em setembro de 2022, o Retrate tem realizado ações de rastreamento e prevenção do câncer de pele. As iniciativas incluem campanhas de busca ativa, capacitações para profissionais de saúde de Unidades Básicas de Saúde (UBS) rurais e a disponibilização de equipamentos para melhorar o atendimento dermatológico.
A população rural, predominantemente exposta ao sol, é alvo prioritário do projeto. Desde abril de 2024, mais de 7 mil imagens de lesões foram analisadas via teledermatologia, resultando em 700 consultas presenciais, 173 biópsias e o monitoramento anual de quase 2 mil pacientes com risco aumentado de melanoma. Além disso, ações educativas buscam conscientizar sobre o uso de roupas adequadas e protetor solar, práticas muitas vezes rejeitadas devido a barreiras culturais. Convencer os trabalhadores rurais da importância da prevenção e do diagnóstico precoce é desafiador, mas essencial, já que tipos mais agressivos, como o melanoma, apresentam alta mortalidade.
tumor de maior incidência no Brasil e no mundo. O uso diário do
protetor solar é uma das principais medidas para prevenção da
doença considerada evitável
Com apoio de parceiros como a Cooperativa de Trabalhadores Rurais de Barretos e Região (Coopbar), o projeto oferece capacitações para profissionais da saúde, estética e estudantes de medicina, ampliando a rede de cuidado e prevenção. Presente em 18 cidades do estado de São Paulo, o Retrate planeja expandir suas atividades para outras regiões. Os homens e mulheres do campo devem se proteger do sol, com roupas adequadas, chapéu e protetor solar. E se notarem qualquer alteração na pele, busquem ajuda médica.