A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Centro de Pesquisa de Aquicultura do Instituto de Pesca (IP-Apta), desenvolve pesquisa sobre vacinas para peixes
Doenças infecciosas podem afetar diretamente a sustentabilidade da criação de peixes. Elevam as taxas de mortalidade, os custos da produção, reduzem o potencial zootécnico dos sobreviventes, impactando negativamente sobre a produção e a rentabilidade.
No Brasil, a cadeia produtiva do pescado se beneficiou muito com o emprego de sistemas de criação intensiva e de alta estocagem de peixes, o que permitiu maior produtividade, tornando os empreendimentos economicamente viáveis. Por outro lado, esses sistemas podem causar aumento nos surtos de doenças infecciosas pelo maior contato entre os animais.
O uso de antibióticos para o tratamento de doenças bacterianas na aquicultura também traz uma série de preocupações em relação ao impacto dos resíduos no meio ambiente e na segurança alimentar da população. A sua utilização também tem sido muito questionada devido à proliferação de bactérias resistentes, que podem representar um risco para a saúde de outras espécies animais, bem como a humana.
Neste cenário, a utilização de vacinas tem se tornado a ferramenta mais importante para o controle de enfermidades bacterianas e virais.
Um dos motivos para o sucesso da criação de salmão na Noruega, por exemplo, foi a utilização em larga escala de diversas vacinas. A indústria do salmão no Chile e na Noruega vivenciaram uma drástica redução no uso de antibióticos desde a introdução de vacinas. Existem inúmeras infecções causadas por bactérias em organismos aquáticos, no entanto, atualmente, existe apenas uma vacina autorizada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) para uso em peixes, contra o Streptococcus agalactiae sorotipo 1b, principal agente causador de doença em mortalidade, sobretudo em sistemas de engorda.
Ampliação dos estudos
O Centro de Pesquisa de Aquicultura (IP-Apta) está desenvolvendo pesquisas científicas para o desenvolvimento de vacinas contra outras bactérias: Francisella noatunensis subsp. orientalis, Streptococcus agalactiae (tipo Ib e III) e Aeromonas hydrophila, assim como estudos para a produção de uma vacina polivalente.
Este mesmo Centro presta serviços de avaliação da eficácia de vacinas frente algumas bactérias patogênicas da tilápia-do-nilo. Em 2019, iniciou-se o desenvolvimento de uma vacina que consiste em deletar genes de patogenicidade da bactéria contra a bactéria F. noatunensis subsp. orientalis e, possivelmente, utilizar como uma vacina viva.