Iguaria de 40 quilos é feita com 400 litros de leite de vaca e será distribuída ao público em junho na Festa do Queijo Valenciano
Para celebrar a tradição e valorizar quem transforma leite em arte, a cidade de Valença (RJ), no coração do Vale do Café, iniciou esta semana a produção do maior queijo prato do mundo. A iguaria de 40 quilos será atração na 4ª Festa do Queijo Valenciano, marcada para 18 a 22 de junho de 2025. A cidade já tem estabelecida a Rota do Queijo, apoiada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo (Setur-RJ), que envolve diferentes propriedades e produtos e promove uma experiência gastronômica e cultural riquíssima. A qualidade distinta do queijo local agrega valor à experiência gastronômica oferecida pelos hotéis, além de atrair turistas em busca de uma autêntica imersão na cultura e nos sabores únicos de Valença. Localizada em uma das maiores bacias leiteiras do Rio de Janeiro, Valença orgulha-se de suas tradições, onde a valorização dos produtores rurais é mais do que uma prática, é uma paixão.
Muita gente não sabe, mas o Queijo Prato foi criado em Valença nas primeiras décadas do século XX, a partir de algumas experiências realizadas por dinamarqueses que residiam em uma das fazendas valencianas. O dinamarquês Rasmus Nielsen, que para fugir para o Brasil adotou o nome de Axl Maolm, iniciou na Fazenda Vista Alegre a primeira cooperativa de leite de Valença, que mais tarde, transformou-se nos laticínios Dana, ocupando a Usina do Trevo. O sobrinho de Axl, Thorvald Nielsen, veio da Dinamarca em 1913, e trouxe culturas lácteas europeias. Fizeram um queijo com essas bactérias para experimentar mas, sem fôrmas adequadas, a massa esborrachou. Quando foi apresentar ao patrão o funcionário disse “esse queijo mais parece um prato!” E o dinamarquês respondeu “Pois então esse é o nome do queijo: Prato”.
O Queijo Prato Valenciano busca resgatar as raízes da produção do queijo prato conhecido
tradicionalmente. É um queijo de formato cilíndrico, de coloração amarelada, de sabor suave e marcante, maturado por cerca de 20 a 25 dias. É produzido com leite de vacas criadas livres no pasto, pasteurizado, padronizado quanto ao teor de gordura, adicionado fermento lácteo, corante natural de urucum, cloreto de cálcio, coagulante e sal.
Após a coleta de 400 litros de leite de vaca, profissionais da Associação dos Queijeiros de Valença (AQV) se reuniram no Laticínio Marques de Valença, também no município, para começar o preparo do queijo que será distribuído gratuitamente ao público durante o evento. Esse queijo é fruto da união de mãos habilidosas e da receita original do queijo prato valenciano, simboliza a conexão entre o passado e o futuro da produção queijeira da região.
Foto: Associação dos Queijeiros de Valença (AQV)
O primeiro passo foi a padronização da gordura a 3,4%, seguido da pasteurização lenta do leite, com temperatura de 65°C por 30 minutos. O restante do processo inclui corte, prensagem e paciência. Veja abaixo as etapas de produção do queijão:
- Manutenção do leite a 36°C;
- Adição de fermento (mesofílico tipo O);
- 30 minutos de espera;
- Adição de cloreto de cálcio (160ml);
- Adição de urucum (80ml);
- Coagulante (10ml – 25 a 35ml para 1 mil litros de leite);
1h de espera; - Corte da massa com liras horizontais e verticais distanciadas de 1,5 centímetro de aresta;
- Descanso de 5 minutos;
- Mexedura lenta de 20 minutos;
- Dessoragem 25%;
- Acréscimo de 25% de água a 65°C com mexeduras mais rigorosas até atingir 42ºC durante 30 minutos;
- Pré-prensagem de 15 minutos com 60 quilos;
- Prensagem com dessorador com 80 quilos;
- 1h de espera;
- Primeira viragem do queijo com 120 quilos;
- Espera por 17h com temperatura controlada de 20°C a 23°C;
- Retirada do dessorador;
- Colocação do emblema da Associação Queijeira de Valença;
- Prensagem de 80 quilos por 3h;
- Retirada da prensa;
- Secagem.
Após a produção, o queijo foi levado a uma caverna, onde ficará maturando por 60 dias. Mas, como a festa acontece em 100 dias, a associação se programa para estabilizar o processo e embalar o produto para “adormecer” até o evento. Ele foi confeccionado no laticínio com todo o cuidado de segurança sanitária, seguindo a receita tradicional com a participação de pessoas de 16 queijarias e cerca de 20 mestres queijeiros.
Fontes: Globo Rural e RuraltecTV