Com prevenção deficiente, vermes gastrointestinais impactam o gado de corte e de leite, afetando os índices produtivos, a saúde e o bem-estar dos animais e limitam os ganhos do pecuarista
Inúmeros fatores influenciam de maneira negativa na pecuária nacional, independente do rebanho ser direcionado para o corte ou para a produção de leite. Um dos fatores mais comuns são as infecções e/ou as infestação por parasitas, principalmente as infecções por vermes redondos gastrointestinais, que quase sempre são silenciosas, limitam os ganhos do pecuarista e pode levar à morte os animais.
No inverno, uma época seca, os animais sofrem mais com as verminoses com as pastagens secas e deficientes. Perdem peso e têm menos resistência. As soluções para este problema envolvem estratégias de controle e de combate em práticas de manejo e a aplicação de vermífugos.
Os efeitos dos vermes sobre os animais dependem de diversos fatores como a espécie, grau de infecção, clima, animal infectado e pastagem. No caso dos bovinos, por exemplo, os animais da desmama, a recria e as vacas no pré-parto, são as categorias mais sensíveis às verminoses.
Em resumo, algumas consequências desastrosas causadas pelas verminoses são:
- Redução do consumo voluntário de alimentos;
- Digestão e a absorção de nutrientes prejudicada;
- Redução da eficiência reprodutiva;
- Redução da produtividade;
- Possíveis mortes dos animais atingidos;
- Prejuízos financeiros adicionais (mão de obra, medicamentos e perdas de animais)
- Possíveis problemas com os resíduos das drogas na carne, no leite e no meio ambiente.
Podem ser sintomas de verminoses:
- Diarreia
- Pelos arrepiados
- Mucosas esbranquiçadas
- Abdômen aumentado
- Falta de apetite
- Ingestão de elementos como terra, madeira, etc.
O método de eleição para o diagnóstico de verminoses é o teste de OPG (ovos por grama), descrito por Gordon e Whitlock em 1939. Como exemplo, a tabela abaixo é utilizada como base para interpretação dos resultados obtidos, permitindo classificar a infestação por vermes em leve, moderada ou pesada.
No Brasil, os principais endoparasitas que acometem os bovinos são os vermes redondos gastrointestinais, que competem o desempenho dos animais por vários fatores. Um dos principais destes fatores é a redução do apetite (anorexia) que passa despercebida. Além disso há alterações na absorção, metabolismo e emprego dos nutrientes no organismo, dificultando a conversão alimentar. Também temos as verminoses determinadas por microfilárias da Stephanofilaria spp, que afetam a derme, sendo mais frequentes em vacas leiteiras, quando causam lesões conhecidas como úlceras do úbere. Estas lesões afetam o bem-estar e a produtividade das vacas afetadas, uma vez que são dolorosas, pruriginosas (coçam) e atraem moscas. A localização mais comum das lesões é no abdômen, especialmente próximas ou no próprio úbere e tetos, onde podem ser infectadas por agentes responsáveis por mastites, o que pode agravar ainda mais os prejuízos.
Os prejuízos das principais verminoses que afetam os bovinos são mais ou mesmo severos de acordo com a categoria dos animais. Bovinos adultos, devido a inúmeras infecções que tiveram oportunidade de sofrer durante a vida, normalmente não apresentam graves prejuízos. Entretanto, períodos conhecidos por promover uma queda natural da imunidade nos animais, como o periparto, situações estressantes como formação de novos lotes, transporte, mudanças de dieta, por exemplo, podem comprometer a imunidade e favorecer os efeitos negativos das verminoses, comprometendo o bem-estar e o desempenho dos animais.
Nos momentos em que a queda de imunidade dos animais acontece, uma alta infestação parasitária pode trazer problemas como anemia, desnutrição e diarreia persistente, que agravam o quadro geral de saúde destes animais. Além de limitar a produção, as verminoses podem atrasar consideravelmente o desenvolvimento dos animais mais jovens e impactar consideravelmente os resultados da fazenda.
Para evitar situações assim, é importante que o pecuarista adote ações como a vermifugação estratégica ou tática do rebanho, que objetiva reduzir a presença de vermes nas pastagens e no ambiente que os animais frequentam, buscando manter uma carga mínima de infestação parasitária nos animais. O controle estratégico deve ser aplicado regularmente, respeitando-se momentos pré-determinados baseados na epidemiologia das principais parasitoses na região onde se localizam as propriedades. Já o controle tático, atende a necessidade da realização de tratamentos em momentos nem sempre coincidentes com os momentos de controle estratégico, mas que são necessários para minimizar os efeitos negativos das parasitoses e alta contaminação ambiental, como por exemplo a chegada de novos animais na fazenda, o periparto nas vacas ou o desmame das crias, que nem sempre coincide com momentos estratégicos.
Evitando a vermisose:
Para o controle e combate das verminoses nas fazendas, as ações que geram mais resultados positivos são os cuidados com o manejo e um bom protocolo de vermifugação:
- Evitar lotações altas
- Realizar rodízios de pastagens que podem evitar as reinfecções
- Ofertar água limpa
- Garantir rigorosidade e regularidade na limpeza dos espaços: retirar esterco de forma regular e depositando na esterqueira
- Garantir rigorosidade e regularidade na limpeza dos comedouros e bebedouros: mantê-los, se possível, fora das baias
- Separar os animais jovens dos animais adultos na baia e no piquete. Animais adultos devem pastar antes
- Promover o pastoreio rotacionado entre diferentes espécies, por exemplo ovinos e bovinos
- Vermifugar animais recém-chegados
- Escolher um capim alto (mais que 15 cm), pois as larvas ficam na base das gramíneas
- Adotar um protocolo de vermifugação estratégica
A utilização de endectocidas, produtos que controlam tanto as principais infecções verminóticas quanto as infestações por parasitas externos como bernes e carrapatos, é muito recomendada pelos mais diversos profissionais da área e tem sido uma prática de grande valia devido a sua praticidade. Entretanto a preocupação com os períodos de carência para o leite e o abate dos animais tratados deve ser levado em conta, especialmente quando se emprega endectocidas, que dependendo das formulações, costuma ser bastante longo.
A vermifugação dos animais é a principal arma de combate contra as verminoses e deve ser utilizada com critérios bem orientados por especialistas, para não desenvolver a resistência dos vermes nem causar problemas para os animais e os consumidores de produtos finais. Os vermífugos são extremamente eficazes no controle e eliminação das verminoses e a indústria de saúde animal já oferece produtos de altíssima qualidade, sempre com pesquisas atualizadas.
Existe no mercado produtos desenvolvidos com princípio ativo que proporciona carência ZERO para o leite das vacas, é seguro para vacas prenhes em qualquer estágio de gestação e de apenas 12 dias para o abate. Procure sempre a orientação de um médico veterinário para a indicação segura e eficaz para o seu rebanho. Sempre leve em conta a eficiência e a segurança para os animais e consumidores de proteína de origem animal, a segurança e conforto para o produtor rural, sem precisar interromper os seus processos, garantindo um rebanho saudável e um produto final de qualidade.