As vespas parasitoides são pequenos insetos que desempenham um papel crucial no controle natural de pragas, colocando seus ovos dentro do inseto hospedeiro, matando-o
Uma descoberta da Embrapa Agroindústria Tropical (CE) em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) aponta o uso de vespas parasitoides da espécie Goniozus legneri como opção biológica para controlar a praga conhecida como broca-das-pontas do cajueiro (Anthistarcha binocularis). Essa é uma das piores ameaças à cultura, uma vez que ocorre nos ramos frutíferos, inviabilizando a formação de frutos. O resultado, publicado no estudo “Primeiro registro do parasitoide Goniozus legneri (Hymenoptera: Bethylidae) sobre a broca-das-pontas do cajueiro no Brasil”, abre caminho para o fortalecimento de práticas de controle biológico na cajucultura brasileira, aliando saúde e sustentabilidade aos sistemas de produção.
As vespas parasitoides são pequenos insetos que desempenham um papel crucial no controle natural de pragas. Elas recebem essa classificação porque colocam seus ovos dentro do inseto hospedeiro (pragas prejudiciais à agricultura), matando-o. Geralmente, são altamente especializadas, com espécies diferentes para pragas específicas e, por isso, muito eficazes na redução da população de insetos nocivos, sem prejudicar insetos benéficos, animais e o meio ambiente.
O controle biológico é uma estratégia promissora a ser utilizada no manejo integrado de pragas (MIP) do cajueiro. No entanto, é indispensável que seja realizada a identificação das espécies de inimigos naturais de uma determinada área, assim como as pragas e culturas às quais eles estão associados.
As pulverizações com produtos químicos podem não atingir a broca-das-pontas, pois, na fase larval, ela fica alojada no interior do ramo floral. A identificação de agentes de controle biológico que possam contornar essa dificuldade é crucial para o desenvolvimento de programas de manejo de pragas da cultura do caju. Os inimigos naturais são grandes responsáveis pela mortalidade natural em agroecossistemas, favorecendo a manutenção do equilíbrio ambiental.
Além da identificação do parasitoide, é preciso investir em pesquisas para conhecer a fundo o seu comportamento em condições de laboratório, oferecendo respostas sobre a taxa de parasitismo e o potencial para controlar a praga. Cada espécie de parasitoide está associada a uma certa praga ou grupo de pragas. Aqueles com potencial para controlar a broca-das-pontas ainda são pouco conhecidos da pesquisa agropecuária. Vespas das famílias Braconidae e Bethylidae já foram relacionadas às larvas da broca-das-pontas. No entanto, a literatura ainda não refinou a identificação desses inimigos naturais no que se refere à espécie. Por isso, o trabalho foi promissor ao identificar, pela primeira vez, um parasitoide do gênero Goniozus, capaz de atacar naturalmente a broca-das-pontas.
O controle biológico é a técnica mais segura contra pragas e doenças, dada a naturalidade da ocorrência dessa prática. Trata-se do método mais sustentável dentro do manejo integrado de pragas. Não apresenta riscos, pois é algo que ocorre de forma natural e específica na interação entre insetos.