Pesquisadores da Queensland University of Technology, da Austrália, desenvolveram uma linha de bananas Cavendish (banana nanica) resistente ao Mal do Panamá ou Tropical Race 4 (TR4) ou murcha de Fusarium ou fusariose da bananeira, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense raça 4 Tropical (Foc R4T). Estima-se que 99% das plantações de banana no mundo sejam dessa variedade. Desde 2016, o cultivo da Cavendish é considerado ameaçada pela disseminação da doença, que desapareceu da antecessora de Cavendish, a banana Gros Michel.
O Fusarium oxysporum vem destruindo as fazendas de banana nos últimos 30 anos. A doença fúngica surgiu na Ásia, onde evoluiu com as bananas, antes de se espalhar para as vastas plantações da América Central. Seria apenas mais uma doença a afetar plantas se não fosse o fato de que, na última década, a epidemia se acelerou repentinamente, espalhando-se da Ásia para Austrália, Oriente Médio, África e, mais recentemente, América Latina, de onde vem a maioria das bananas enviadas para supermercados no Hemisfério Norte (a Colômbia responde por cerca de 85% das exportações mundiais de banana). Atualmente, o mal-do-Panamá está presente em mais de 20 países, provocando temores de uma “pandemia da banana” e uma escassez da fruta mais consumida do mundo.
O Mal do Panamá é considerada a doença mais devastadora da cultura, causando rachadura e manchas no caule, além de quebra e amarelamento das folhas, as plantas murcham e morrem. O fungo se hospeda no solo e é extremamente persistente, sobrevivendo por até 40 anos. A disseminação é feita por mudas ou solo contaminado, que pode ser carregado por maquinário, ferramentas e até sola de calçados. As bananas não chegam a ser afetadas, nem há risco à saúde humana, mas dizima as plantações.
Cientistas de todo o mundo estão trabalhando contra o relógio para tentar encontrar uma solução, incluindo a criação de bananas geneticamente modificadas (GM) e uma vacina. Assim como a covid-19, a doença que acomete bananas está se espalhando para novos países, forçando a indústria a mudar a forma como a fruta mais consumida do mundo é cultivada e até mesmo seu sabor. Sua transmissão é silenciosa, espalhando-se antes que os sintomas apareçam. Uma vez contraída, já é tarde demais para detê-la — não há cura.