Projeto busca integração pecuária-floresta e uso exclusivo de bioinsumos
Projeto em Guaranésia (MG), com apoio da Danone, faz produtores entenderem que mais do que produzir leite, é preciso produzir floresta. O processo demonstra que para o sucesso destas duas atividades, o solo é peça chave.
Tudo começa com o estudo do solo e o entendimento da vocação para plantio da propriedade.
Para o sistema IPF (Intregração Pecuária-Floresta), o modelo utilizado não considera eucalipto, mas prioriza plantas nativas e algumas exóticas. Entre as fileiras de árvores plantadas no sentido leste e oeste, e com intervalos de pastagens, é possível ver um leque de frutas como araçá e uvaia, que ora contribuem para a biodiversidade do solo, ora servem de alimento às vacas. Desta forma, a visão de que a pecuária é uma grande vilã das emissões prejudiciais ao ambiente pode ser amenizada e, até mesmo, pode sair do patamar de vilã para “mocinha”!
A área utilizada na iniciativa não é tratada com defensivos químicos há anos. Os pesquisadores acreditam que parte da aptidão do solo para tantas espécies é resultado desta não interferência na microbiota.
Agricultura regenerativa
É assim que se chama esta busca em tratar bem o solo e dar vida à produção de frutas, pasto e qualidade de vida ao gado.
O conceito mescla a economia circular, por ter mais de uma fonte de renda, com a possibilidade de produzir e recuperar solos simultaneamente, pois com o defensivo biológico, não há tanto risco de contaminação do solo e do funcionário, sendo uma diferença muito perceptível, além da riqueza na biodiversidade.
A meta é reduzir de 50% de gases de efeito estufa até 2030, sabendo que, de toda a emissão da companhia, 52% são provenientes da produção do leite.
“Com esse modelo, conseguimos ter produção tão competitiva quanto o modelo convencional e passamos a sofrer menos com as oscilações de mercado, como alta de soja e do milho. Ainda esperamos ser mais rentáveis do que os modelos extensivos, sem contar o ganho de longevidade do gado pela qualidade de vida. Então, no longo prazo, a conta fica boa”, afirmam participantes do projeto.
Obstáculos à vista
Especialistas admitem que ainda deve levar algum tempo para que o cliente esteja receptivo a arcar com um custo mais alto, derivado de um produto com qualidade superior. Para isso, será preciso criar um nicho para depois ganhar escala.
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