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BlogOpinião RuraltecTV – O Agro que não é pop

Pantanal em chamas
O mundo inteiro está perplexo com as queimadas no nosso Pantanal. Não é para menos. As imagens que recebemos diariamente são estarrecedoras.

Pelo que conhecemos da região, podemos concluir que esses incêndios são, em sua maioria, criminosos!

Certamente não são naturais, baseados nas imensas proporções com que se apresentam. E são criminosos em dois sentidos:

1 – Por quem pratica agricultura predatória, secando rios para irrigação intensiva, aplicação de agrotóxicos, plantio de imensas áreas influenciando no micro e macro clima etc.
 
Essa agricultura predatória não ocorre apenas no bioma Pantanal, mas principalmente nas áreas adjacentes, mais altas de cerrado onde se encontram as nascentes das grandes bacias hidrográficas que vão alimentar o bioma e várias outras regiões do Brasil. 
A boiada passando

O cerrado é o berço das águas do país. O que é feito lá reflete nas outras regiões brasileiras e o Pantanal é o primeiro a sofrer pela proximidade da tragédia agropecuária predatória.

2 – Por grileiros invasores de terras. Derrubam, queimam, formam pastos paupérrimos e ocupam com gado num sistema arcaico de exploração agropecuária. Nestes casos, ainda há a prática de outros crimes como extermínio de populações tradicionais (como indígenas e quilombolas), além de prejudicarem qualquer assentamento da Reforma Agrária que encontram pela frente.

São esses os crimes e os criminosos. Não precisa muita investigação, estudos, especulações etc. Todos sabem quem são. Esses criminosos são incentivados pela sensação de impunidade e pela inépcia das ferramentas legais e governamentais que há tempos se omitem na solução deste problema. E, pior, com a postura desastrada e descompromissada que o governo atual adota.
Outro fator importante que não podemos esquecer é que o desmatamento na Amazônia também contribui para a mudança climática na região do Pantanal, sendo outro fator agravante para o favorecimento de incêndios (mudança no clima regional proporcionando seca e o aumento das queimadas).

Esse é o agro que é tóxico, que é mortal. Essa é a parte maléfica do agro que destrói coisas belas. Não tem nada de pop! O agro para ser pop tem que respeitar o meio ambiente (flora, fauna, solo, água etc.), as culturas tradicionais, as comunidades tradicionais, produzir alimentos sadios, enriquecer as paisagens, trabalhar integrado com sustentabilidade, enriquecer o solo (o seu maior patrimônio), capacitar e valorizar a mão de obra empregada no processo e utilizar tecnologia. Esse é o agro pop. O resto é criminoso. 
A mentalidade, no Brasil, de que o desmatamento é necessário para o desenvolvimento econômico do país é a concepção equivocada que domina o setor.
Infelizmente (leia a matéria Meio Ambiente – O país se formou com o mito da natureza inesgotável), esse agro maléfico está presente, e sempre esteve, nas fronteiras agrícolas. E esse agro funciona de acordo com esse pensamento antiquado de desenvolvimento. Normalmente é praticado por ignorantes gananciosos. Não querendo generalizar, evidentemente. Sempre nas fronteiras agrícolas temos muita gente com boas intenções.
O país não precisa derrubar ou queimar 1m² de terra para plantar. Possui hoje a mais desenvolvida tecnologia agropecuária tropical do mundo com altos índices de produtividade e com potencial para aumentar ainda mais. Para isso, devemos sempre focar em investimentos em tecnologias para todos os produtores rurais terem acesso, lutar para diminuir a desigualdade no campo, que hoje se desenvolve de forma galopante, distribuir terras devolutas e públicas e distribuir renda. É esse o caminho que tem que ser tomado. Esse é o agro da social ecologia. Simples assim. Basta vontade e compromisso do governo e da população.
 
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